quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Rio quer internar adultos viciados à força

Rio quer internar adultos viciados à força


Para prefeito da cidade, está claro que usuários de crack `não conseguem tomar decisões`; plano sairá em duas semanas

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), afirmou ontem que vai adotar a internação compulsória até para adultos dependentes químicos. Segundo ele, a medida será iniciada ``em breve``.

Autorizada por decisão judicial no Rio, a internação compulsória de jovens usuários de crack já é questionada pelo Conselho Regional de Psicologia (CRP-RJ), que aponta ``regresso à lógica manicomial`` em abrigos mantidos pela prefeitura na zona oeste da cidade.

Paes não explicou como tornará possível a decisão. Segundo ele, as Secretarias de Saúde e Assistência Social vão apresentar em até duas semanas um plano para criação de 600 vagas para internação e tratamento de dependentes químicos.

``Vamos criar uma estrutura própria, se possível ainda neste ano, de forma emergencial. A partir da construção dessa estrutura, vamos iniciar a internação compulsória de adultos também. Está muito claro que os dependentes dessa droga não conseguem tomar decisões``, disse o prefeito.

Atualmente, há 178 vagas para internação compulsória de crianças e adolescentes no Rio. A decisão do prefeito foi anunciada depois de reunião com representantes de associações de moradores dos Complexos de Jacarezinho e Manguinhos, favelas ocupadas por forças de segurança desde o dia 14.

Uma semana depois da operação, 240 usuários tinham sido levados para abrigos da prefeitura - 224 eram adultos. A ocupação policial provocou uma migração de dependentes químicos para outras áreas do entorno, incluindo canteiros de obras em viadutos da Avenida Brasil.

Debate. Paes disse que o município vai investir R$ 220 milhões em projetos para a região. ``Não vou ficar no debate ideológico. Nossa obrigação é salvar vidas``, afirmou o prefeito.

Entrevista

`Louvável`, mas exige cuidados, diz psiquiatra

Para o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antonio Geraldo da Silva, a decisão do prefeito do Rio de abrir vagas para o tratamento compulsório de usuários de crack é ``louvável``, mas a internação só deve ser feita com a indicação de um psiquiatra, sob risco de virar ``eugenia``.

A decisão é adequada?

É louvável que um grande município resolva fazer alguma coisa, porque por enquanto estamos cometendo omissão de socorro e suicídio assistido. O prefeito está certo em querer ajudar. O que não pode haver é internação compulsória sem indicação médica. Não podemos banalizar, senão vira eugenia social.

É uma medida efetiva?

Sim, tem bastante efetividade, quase no mesmo nível da internação voluntária. Mas para isso tem que ser em um serviço que tenha qualidade e respeite as necessidades específicas de cada paciente. Não se pode confundir internação com isolamento social ou prisão.

Quais características que o local de internação deve ter?

Deve contar com equipe multidisciplinar, psiquiatras e outros profissionais. Tem que ser um local especializado, sob pena de se fazer de forma incorreta.

Entrevista

Decisão de Paes é `higienista`, afirma psicóloga

Para a presidente do Conselho Regional de Psicologia no Rio, Vivian Fraga, a decisão de internar compulsoriamente usuários de crack tem caráter ``higienista``.

A decisão é adequada?

É uma decisão política, não técnica. Há mais de um ano que estão internando crianças e adolescentes e a secretaria de Assistência Social não tem dados sobre a efetividade disso. Muitos saem dos abrigos e continuam usando drogas.

Por quê? Quais os problemas da política atual?

Desde 2011 temos feito fiscalizações nos abrigos e o que vimos é que não atendem o que a política pública preconiza. Eles têm uma lógica higienista. Pegam a pessoa em Manguinhos [zona norte] e colocam lá em Santa Cruz [zona oeste].

Isso afasta o convívio da família, que é importante. E é uma lógica medicamentosa. Não é feito nenhum trabalho para mudar a relação da pessoa com a droga.

Como tratar, então?

A gente propõe que a porta de entrada sejam os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), e que, nos momentos de crise, a pessoa seja internada num hospital até se estabilizar. A ideia é que seja tratado por um profissional no seu território.

Saiba mais

No país, 90% aprovam a internação

Pesquisa Datafolha realizada em janeiro apontou que 90% dos brasileiros aprovavam a internação involuntária de dependentes de crack. O percentual cai entre os moradores do Sul (86%), os que têm ensino superior (84%) ou renda acima de dez mínimos (79%). Foram ouvidas 2.575 pessoas em 159 cidades.

Ação na cracolândia de São Paulo teve 1.176 internações voluntárias

Balanço do governo de SP aponta que, na operação da cracolândia, no centro da capital, realizada no início do ano, houve 1.176 internações, mas todas foram voluntárias.

Segundo o coordenador estadual de políticas sobre drogas, Luiz Alberto Chaves de Oliveira, só há internação sem a concordância do usuário de drogas quando há laudo médico (internação involuntária) ou decisão judicial (internação compulsória).

Ou seja, não cabe à prefeitura ou ao Estado decidir, diretamente, se o usuário deverá ser internado, conforme prevê lei federal de 2001.

``Além disso, todos os indivíduos toparam a internação, ou seja, foi voluntária``, afirmou o coordenador estadual.

A operação na cracolândia envolve Estado e prefeitura, em ações policiais e de saúde.

Oliveira afirma que já houve internações voluntárias ou compulsórias no Estado, fora da operação da cracolândia.

CRÍTICAS

No início da operação no centro de São Paulo, quando se levantou a possibilidade de haver internações compulsórias, o candidato à prefeitura pelo PT, Fernando Haddad, criticou a ação -agora adotada pela gestão Eduardo Paes, no Rio, alinhada ao PT.

No final da tarde de ontem, Haddad foi procurado pela Folha para comentar a decisão do aliado Eduardo Paes, mas não foi localizado.

O Ministério da Saúde afirmou ontem que não iria se pronunciar sobre o assunto.

Análise

Abrigar, isolar ou tratar os dependentes de drogas?

IVONE STEFANIA PONCZEK

ESPECIAL PARA A FOLHA

As notícias sobre a disseminação do uso do crack têm sido alarmantes desde sua entrada no Rio de Janeiro há cerca de seis anos.

No Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas da Universidade do Rio de Janeiro (Nepad-Uerj), 70% dos pacientes que chegam são usuários de crack.

Várias iniciativas polêmicas têm sido tomadas visando esvaziar as cracolândias, levando suas populações para abrigos e encaminhando menores para internação compulsória.

Na área da saúde mental, tal medida ficou identificada com prisão, isolamento, tortura e maus-tratos, que realmente aconteciam antes da reforma psiquiátrica.

O uso de drogas foi recentemente descriminalizado e a identificação vinculando internação a punição ficou muito forte. Urge desmontar esta associação que impede que os usuários procurem e aceitem ajuda.

Fala-se da internação compulsória, mas onde seria esta internação, mesmo que não fosse compulsória? Quais equipes iriam cuidar destes pacientes? Abrigar não é tratar!

Não há quase locais para internação de adolescentes no Rio, nem equipes capacitadas para acolhê-los e efetivamente tratá-los.

Se houvesse, poderia transformar a internação compulsória no direito de tratamento que a Constituição garante: ``saúde é um direito de todos e um dever do Estado``. Tal mudança de enfoque é fundamental e faz toda a diferença.

O tratamento para dependentes de droga requer uma equipe interdisciplinar de saúde capacitada para as especificidades desse atendimento.

A internação deve ser pautada em rigorosos critérios de elegibilidade, tais como risco de vida ou de terceiros, descontrole no uso de drogas ou pedido espontâneo de ajuda, etc. Não há ``pacotes de tratamento`` que ignorem a singularidade do sujeito.

`MÃES-MENININHAS`

Outrossim, a triste visão das cracolândias, que lembram as cenas do Holocausto -onde o ser humano é reduzido à sua mais degradante condição-, é mesmo chocante, não pode ficar invisível. As intervenções públicas não devem incidir apenas nas consequências, mas também nas profundas causas sociais e psicológicas.

Por que as pessoas, sobretudo as mais desamparadas, estão se drogando tanto?

O governo tem que intervir em saúde, educação, prevenção e numa distribuição de renda mais justa.

Esta vulnerável população é constituída predominantemente de jovens e crianças relegados à sua própria sorte.

Elas não brincaram de ``bandido e mocinho``, estes fazem parte do seu dia a dia. E as bonecas não são de brinquedo, são filhos de gestantes precoces que já vêm predestinados a repetir o triste destino de suas ``mães-menininhas``.

IVONE SFETANIA PONCZEK é psicanalista e diretora do Nepad (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro

Fonte: FELIPE WERNECK / RIO - O Estado de S.Paulo
http://www.advsaude.com.br/noticias.php?local=1&nid=9727

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sintomas do transtorno bipolar podem ser superados com o tratamento adequado

Click na figura para ler.
Fonte: Jornal O DIA

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Ofensiva contra o crack

Para tentar livrar usuários da droga, a prefeitura carioca decide internar compulsoriamente viciados e promete dar tratamento adequado. Em São Paulo, ação policial sem plano de assistência criou várias cracolândias na cidade


REALIDADE

Viciados sendo recolhidos pela prefeitura no Rio

O flagelo do crack, droga derivada da cocaína, porém muito mais mortífera, viciante e barata e, por isso, largamente consumida, é mais visível em grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro. As cracolândias, nome dado aos lugares onde os viciados se juntam para se drogar e viver em condições subumanas, proliferam nas duas metrópoles. A diferença é a maneira de lidar com o problema. Na semana passada, o prefeito carioca Eduardo Paes (PMDB) anunciou que vai obrigar os usuários da droga que vivem nas ruas da cidade a se tratar e, para tanto, apelará para a internação compulsória, prevista na lei há 11 anos. A medida nunca fora usada antes como política pública, apenas em casos raros. Em São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) optou por uma operação policial agressiva no início do ano sem nenhum tipo de plano de assistência social para os dependentes. O resultado foi a pulverização e não o fim da cracolândia na região central da cidade.

REALIDADE

Usuários de crack que voltaram ao centro de São Paulo após operação policial

A decisão de Paes tem como pontos positivos a expansão do número de leitos psiquiátricos e vagas em centros de acolhimento, além do investimento no atendimento direto na rua, cujo objetivo é convencer os viciados a se tratar. O regulamento da operação será anunciado em novembro e o Ministério da Saúde já manifestou apoio ao programa de ampliação da rede de saúde mental. “Estamos tratando de um tema que diz respeito aos indivíduos, dramas pessoais”, afirmou Paes. O Brasil é o maior consumidor da pedra de crack no mundo, segundo pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Nunca ninguém na rua me ofereceu emprego ou dinheiro para comprar comida. Mas droga, sim. É fácil o tempo todo”, conta André, 37 anos, usuário há dois e um dos adultos instalados voluntariamente na Unidade de Reinserção Social Rio Acolhedor, em Paciência, na zona oeste do Rio. Depois de ter visto seu casamento acabar por causa da droga e de perder o contato com a filha há um ano, ele está em tratamento, arranjou emprego e sonha em voltar para casa até o Natal.

Em São Paulo, em vez de os usuários se concentrarem na área central da cidade que ficou conhecida como cracolândia, agora há várias pequenas cracolândias pela região. “Com o fim das operações policiais, muitos deles se reuniram nos antigos locais, mas muitos outros, com os quais já estávamos conseguindo progressos no tratamento, sumiram e estão agora em outras ‘ilhas de usuários’ pelo centro”, diz o psiquiatra Dartiu da Silveira, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp, que trabalha com tratamento de viciados em crack há 25 anos. “Destruí­ram anos de trabalho dos consultórios de rua”, afirma ele, que alerta para a necessidade de ampliar o atendimento na capital paulista.

As pedras são fumadas desde muito cedo. No Rio, começam entre 18 e 25 anos. Quase todos conjugam com outros entorpecentes e há mais homens no vício. Os dados estão num estudo da Secretaria Municipal de Assistência Social. Thayrine, com 21 anos de vida e sete de vício, está no Rio Acolhedor. De banho tomado, nada se parecia com os recém-chegados sonolentos, sujos e famintos cuja chegada foi acompanhada pela reportagem de ISTOÉ. “Tratavam a gente como bichos. Agora eles conversam. Se eu quiser mudar de vida, aqui eu tenho como. Na rua, não tem nada disso”, comenta ela, sem-teto desde os 12 anos.

“A atitude do prefeito contraria apenas quem fica na sala de aula e não conhece a realidade na ponta”, diz Ademir Treichel, coordenador da unidade Rio Acolhedor. O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, apoia a internação compulsória, mas critica a falta de preparo para lidar com dependência química. Nos hospitais gerais, que atendem pacientes em crise de abstinência, não há leitos suficientes. O Ministério da Saúde informou que o treinamento é feito a distância. Para ele, não internar em situações de risco é omissão de socorro. “Não podemos abandonar os pacientes à própria sorte. Essa agenda deveria ser nacional”, avalia. A internação involuntária é indicada quando o paciente põe em risco a própria vida e a de outros. Diante da recusa, a Justiça deve analisar a internação. A imposição é automática para crianças e adolescentes desde abril no Rio. Basta que o menor não tenha endereço ou responsável. Um quarto desses adolescentes largou o vício.
A internação compulsória é polêmica e não é unanimidade. O presidente da Confederação Nacional das Comunidades Terapêuticas, Célio Luiz Barbosa, diz que 60% dos 180 pacientes em tratamento na Fazenda da Paz, comunidade terapêutica que coordena, em São Paulo, procuraram tratamento voluntariamente. “Não podemos internar à força todos os dependentes, mas, se há risco real de morte imediata do usuário, o Estado deve intervir”, pondera ele. “Mas é preciso ter uma rede de apoio bem estruturada para que eles não retornem à antiga condição quando foram liberados da internação”, complementa. Este é o ponto de equilíbrio que todos almejam.


Fotos: Alessandro Costa/Ag. O Dia; Robson Ventura/Folhapress
Fonte: Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro
Fotos: Masao Goto Filho/ag. IstoÉ

Reportagem: http://www.istoe.com.br/reportagens/249061_OFENSIVA+CONTRA+O+CRACK?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

No Mundo da Lua

No Mundo da Lua


Autor: Dr. Paulo Mattos

Editora: Lemos Editorial

Sobre o livro

Parece ser fácil à tarefa de prefaciar uma obra que se destina à orientação de quem padece deste ou daquele transtorno ou doença.

Antes de tudo, a audiência não se limita ao interessado: inclui familiares, amigos e circunstantes outros. Daí o redobrado cuidado que deve orientar o autor na feitura de tão indispensáveis obras de divulgação do conhecimento técnico-científico. Por outro lado, os pares do autor tendem a torcer o nariz para tais "obras menores", como se somente a publicação artigos de impacto em periódicos indexados fosse atividade digna de um pesquisador. Façamos uma rápida achega histórica: "indexados" eram os livros proibidos pela Cúria Romana, pela Inquisição, que ficavam séculos sem nunca ver a luz, nem "iluminar" quem quer que fosse.

Uma das mais difíceis tarefas da universidade é a de "universalizar" o conhecimento. Como transferir para a comunidade, de forma clara, aquilo que "foi estudado na Academia" e que pode ser útil ao cidadão, a sua família, ao seu "universo social"? Esta parceria é de difícil equilíbrio: não deve o pesquisador "vulgarizar" (no mau sentido...) o objeto de seus estudos, não pode fazê-lo como se fora um "favor" que se presta a quem paga impostos (e colabora para a manutenção da universidade que gera o conhecimento) e, muito menos, adotar uma postura tutelar, como se a sociedade necessitasse de tutela ou, pior ainda, de forma "tutorial", como se a comunidade fosse "incapaz" e necessitasse de um "guia científico" para poder se orientar.

Encontrar equilíbrio em uma atividade de extensão acadêmica, seja em campus avançado, seja aceitando o desafio de escrever um livro para a comunidade sobre quaisquer assuntos de seu interesse, pode freqüentemente ser uma tarefa sisífica: tem-se sempre a impressão de que a balança está descendo morro abaixo, como a pedra que não conseguimos fazer atravessar o topo para rolar na outra face da montanha. Acreditamos que o Professor Paulo Mattos tenha atingido o objetivo de forma clara e, principalmente, concisa. Concisão e clareza nem sempre andam juntas.

Seria útil que cada vez mais uma maior quantidade de professores universitários, de membros da Academia, seguissem o seu exemplo e se dispusessem a enfrentar o problema e o dever de como difundir adequadamente o universo de conhecimentos que pode tornar mais fácil a vida dos que dele necessitam. Boa e agradável leitura.

J. ROMILDO BUENO

Professor Titular de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Saúde mental para viver melhor

Saúde mental para viver melhor


Em 10 de outubro é lembrado o Dia Mundial da Saúde Mental. E, nos embalos da semana dedicada ao Dia do Servidor Público, 28 de outubro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) promoveu nesta terça-feira (23) um talk-show sobre o tema.

Para esclarecer dúvidas, o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva e a psicanalista Meire Marizie, participaram do evento que teve como mediador o secretário de Comunicação Social do STJ, o jornalista Armando de Araújo Cardoso.

A psicóloga Meire Marizie, seguindo a linha do psicanalista Sigmund Freud, avalia que para se ter uma boa saúde mental é preciso amar e trabalhar bem, e aponta o caminho para se atingir esse ideal.

“Para alguém ser capaz de amar e trabalhar bem, ela necessita de todo um trabalho de lidar diariamente com seus conflitos internos, com seus conflitos externos, com todas as dificuldades da vida, para poder ter energia vital, energia libidinal para investir no outro; para olhar para o outro e reconhecer nele a sua própria humanidade. Então, isso exige um trabalho interno muito grande. Isso significa que esse sujeito criou defesas e mecanismos flexíveis que dão a ele essa capacidade, que faz com que ele deixe de olhar para seu próprio umbigo e seja capaz de olhar ao seu redor”.

Segundo o psiquiatra Antônio Geraldo, 45 milhões de brasileiros sofrem com algum transtorno mental, a exemplo da depressão. O médico alerta que qualquer pessoa está sujeita a enfrentar o problema, mas algumas dicas simples podem afastar essa possibilidade.

“A dica para se ter uma boa saúde mental é ter uma boa qualidade de vida. É importante que você tenha uma vida que não entre no ponto do estresse, de romper com aquilo que é o suporte pessoal – e cada um tem um nível de suporte pessoal - mas se tem fatores protetores: dormir em horários regulares; acordar em horários regulares; alimentar-se bem – quanto mais se alimentar de frutas, verduras, é melhor, porque você vai ter uma melhor qualidade de vida, uma melhor relação com seu próprio corpo; atividade física diária, isso é extremamente importante, mesmo que seja por trinta minutos”.

O psiquiatra acredita que essa ação promovida pelo Tribunal da Cidadania pode render resultados ainda mais positivos.

“Essa iniciativa vem de encontro à vanguarda do que se pode fazer na área de Saúde, na área Ocupacional e na área do que se pode fazer para todos os colaboradores de qualquer empresa. E o STJ está na frente com isso. E o servidor precisa aprender para que ele possa multiplicar na sociedade. E, aí, é que nós vamos de encontro à realização de um mundo melhor: um mundo melhor dentro do STJ e um mundo melhor fora do STJ”.

Para o secretário de Comunicação, Armando Cardoso, o encontro atingiu o objetivo planejado de levar conhecimento aos participantes, que também puderam conferir o debate pela intranet.

“É um assunto bastante palpitante, complicado até de se lidar. E acho que realmente atingiu o objetivo, que era mostrar ao público-alvo, que são os servidores do STJ, que a gente precisa se cuidar. E eu torço para que nós tenhamos novas iniciativas nesse sentido”.

A Semana do Servidor do STJ vai até o dia 26 de outubro, com muitas informações, arte, diversão, cultura e música.

Autor(a):Coordenadoria de Rádio/STJ
Fonte: http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=448&tmp.texto=107465

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Tratamento compulsório de usuários de crack

A decisão é louvável, mas exige cuidados, diz psiquiatra

Para o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antonio Geraldo da Silva, a decisão do prefeito do Rio de abrir vagas para o tratamento compulsório de usuários de crack é "louvável", mas a internação só deve ser feita com a indicação de um psiquiatra, sob risco de virar "eugenia".

A decisão é adequada?

É louvável que um grande município resolva fazer alguma coisa, porque por enquanto estamos cometendo omissão de socorro e suicídio assistido. O prefeito está certo em querer ajudar. O que não pode haver é internação compulsória sem indicação médica. Não podemos banalizar, senão vira eugenia social.

É uma medida efetiva?

Sim, tem bastante efetividade, quase no mesmo nível da internação voluntária. Mas para isso tem que ser em um serviço que tenha qualidade e respeite as necessidades específicas de cada paciente. Não se pode confundir internação com isolamento social ou prisão.

Quais características que o local de internação deve ter?

Deve contar com equipe multidisciplinar, psiquiatras e outros profissionais. Tem que ser um local especializado, sob pena de se fazer de forma incorreta.

Fonte: http://www.jornalfloripa.com.br/brasil/index1.php?pg=verjornalfloripa&id=28289

domingo, 21 de outubro de 2012

Transtorno de Pânico - Teoria e Clínica

Resumo:


Transtorno de pânico: teoria e clínica, idealizado para atender o psiquiatra clínico e o professor de psiquiatria, vai além, constituindo-se em excelente recurso para a formação e a atualização de todos os profissionais e estudantes das diversas disciplinas relativas à saúde mental.

Os autores, destacados profissionais brasileiros que atuam intensamente em suas áreas – clínica, ensino ou pesquisa –, trazem ao leitor informações sobre a história do transtorno, epidemiologia, diagnóstico, comorbidades, tratamentos, entre outros tópicos.

Este livro é uma parceria da Artmed Editora com a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

Autores:

Antonio Egidio Nardi Psiquiatra. Professor Titular da Faculdade de Medicina, Instituto de Psiquiatria (IPUB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Diretor Acadêmico do PROPSIQ.

João Quevedo Psiquiatra. Doutor em Ciências Biológicas – Bioquímica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor Titular de Psiquiatria da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Pesquisador 1A do CNPq. Diretor Acadêmico do PROPSIQ.

Antônio Geraldo da Silva Psiquiatra. Especialista em Psiquiatria e em Psiquiatria Forense pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP-AMB-CFM). Doutoramento em Bioética pela Universidade do Porto – CFM. Presidente da ABP. Professor de Psiquiatria do HUCF – Unimontes. Diretor Acadêmico do PROPSIQ.

Comentário do Especialista:

João Romildo Bueno Professor Titular, Faculdade de Medicina do Instituto de Psiquiatria (IPUB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

" Espero que o leitor aufira os benefícios de tão bem elaborada obra e que conclua, como eu, que a literatura científica nacional não apenas concorre com a internacional, mas está em condições de oferecer alternativas de entendimento e compreensão que a superam. "

sábado, 20 de outubro de 2012

Bernardinho, que além de técnico da Seleção masculina de vôlei é um dos palestrantes mais queridos do País, foi ao 30º Congresso Brasileiro de Psiquiatria (CBP), em Natal, Rio Grande do Norte, só para fazer palestra sobre a conscientização, principalmente dos jovens, em relação ao crack. Por isso, dispensou o cachê: vai estar lá pela causa, em vez de encarar o evento como um trabalho.


A iniciativa de Bernardinho faz parte da campanha “Craque que é craque não usa crack”, promovida pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). A atriz Luciana Vendramini e o comentarista esportivo Luciano do Valle também participaram: foram contar casos clínicos e pessoais sobre distúrbios psiquiátricos. O congresso foi até sábado (13/10), e Antonio Geraldo da Silva, presidente da ABP, falou do aumento de 15% no número de participantes este ano, em comparação com a edição passada

FONTE: http://lulacerda.ig.com.br/bernardinho-craque-fala-sobre-o-crack/



sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Depressão - Teoria e Clínica




Resumo:

Depressão: teoria e clínica apresenta aos leitores uma visão científica e clínica desse diagnóstico complexo e prevalente.

Os organizadores reuniram destacados pesquisadores e estudiosos brasileiros que abordam, em linguagem acessível, temas como o conceito de depressão, dados epidemiológicos, psicopatologia, neurobiologia, modelos animais, tratamentos farmacológico e psicoterápico, suicídio, entre outros, trazendo o que há de mais atual sobre o tema.

Este livro é uma parceria da Artmed Editora com a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

Sobre os autores:

João Quevedo Psiquiatra. Doutor em Ciências Biológicas – Bioquímica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor Titular de Psiquiatria da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Pesquisador 1A do CNPq. Diretor Acadêmico do PROPSIQ.

Antônio Geraldo da Silva Psiquiatra. Especialista em Psiquiatria e em Psiquiatria Forense pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP-AMB-CFM). Doutoramento em Bioética pela Universidade do Porto – CFM. Presidente da ABP. Professor de Psiquiatria do HUCF – Unimontes. Médico Psiquiatra da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Diretor Acadêmico do PROPSIQ.

Comentário do Especialista:

Antonio Egidio Nardi Professor Titular de Psiquiatria, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

“O livro Depressão: teoria e clínica, organizado por João Quevedo e Antônio Geraldo da Silva, traz aos leitores uma visão científica e clínica desse diagnóstico complexo e muitas vezes negligenciado. Os organizadores desta obra reuniram pesquisadores e estudiosos para nos apresentarem os principais pontos científicos e atuais do conhecimento a respeito do transtorno.

Este livro, dividido em 20 capítulos, aborda temas como diagnóstico, história do conceito, dados epidemiológicos atualizados, psicopatologia, neurobiologia, modelos animais, tratamentos farmacológico e psicoterápico, eletroconvulsoterapia, estimulação magnética transcraniana, psicoeducação, suicídio, depressão na infância e na senectude, entre outros, que demonstram a atualidade da obra e o cuidado dos organizadores, que se traduzirão no sucesso do livro.”

Semana do Servidor no STJ: saúde é o que interessa!

STJ - O Tribunal da Cidadania


Semana do Servidor no STJ: saúde é o que interessa!

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) promove de 20 a 26 de outubro a Semana do Servidor para marcar as comemorações pelo Dia do Servidor Público, em 28 de outubro.

Todas as secretarias do tribunal estão envolvidas nas ações para movimentar a semana. Na programação: lazer, cultura, saúde, educação financeira, música e muito mais para homenagear os que trabalham no Tribunal da Cidadania. O pontapé inicial será no dia 20, sábado, às 09h, com a 9ª Corrida do Judiciário.

Já no dia 22, a Secretaria de Serviços Integrados de Saúde (SIS) do STJ vai promover um chat para o público interno do tribunal. O médico Alberto Carlos Zaconeta, da Seção de Assistência Médica do tribunal, vai esclarecer dúvidas sobre o câncer de mama. O bate-papo virtual, das 15h30 às 17h, reforça o movimento mundial Outubro Rosa, em prol da luta contra esse tipo de câncer. Ao fazer perguntas, o internauta poderá se identificar ou não.

A secretaria também vai promover oficinas para o controle do estresse, além de um evento sobre saúde mental, como explica o médico Andral Codeço Filho, coordenador de Saúde Ocupacional e Prevenção do STJ.

“Teremos durante todos os cinco dias da Semana do Servidor mini oficinas sobre gerenciamento de estresse, em que as inscrições para essas mini oficinas serão prévias, através da recepção da SIS – é só ligar para o ramal da recepção da SIS e se inscrever. E um outro ponto importante será um talk-show a ser realizado no dia 23, terça-feira, às 17h, que é interessante, é uma forma diferente de dar informação. O tema desse talk-show será sobre saúde mental. Nós temos uma tendência muito grande de falar em prevenção de doenças do corpo. E como evitar patologias relacionadas à mente? Ela é tão importante quanto a do corpo!”

O talk show sobre saúde mental à ótica da Psiquiatria e da Psicologia contará com o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antonio Geraldo da Silva, e com uma psicóloga representante da clínica Anankê. O mediador será o secretário de Comunicação do STJ, Armando de Araújo Cardoso.
FONTE: http://www.stj.gov.br/portal_stj/objeto/texto/impressao.wsp?tmp.estilo=&tmp.area=448&tmp.texto=107358

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Transtorno bipolar não tratado prejudica o cérebro

Transtorno bipolar não tratado prejudica o cérebro


Chris Bertelli , de Natal (RN)*.
A cada crise de mania ou depressão vivenciada pelo paciente bipolar, importantes partes do cérebro são danificadas. Repetidas ocorrências podem levar a danos muitas vezes irreversíveis.

“O transtorno bipolar é uma doença tóxica, ou seja, são liberadas toxinas que atuam na destruição dos neurônios, levando a perda de capacidade mental”, explica Angela Miranda Scippa, psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB).

A crise pode mexer como o equilíbrio do organismo, aumentando o estresse oxidativo em todo o corpo e agravar a doença em si.

“Cada episódio faz com que a doença piore um pouco”, alerta Flavio Kapczinski, psiquiatra e pesquisador da Universidade federal do Rio grande do Sul (UFRGS).

“A cada cinco quadros depressivos, há uma perda de 10 a 20% no hipocampo”, quantifica Fabio Gomes, psiquiatra e professor da Universidade Federal do Ceará. O hipocampo é uma estrutura localizada no lobo temporal do cérebro, responsável principalmente pela memória e pela cognição. Nesses casos, por exemplo, os resultados são a falta de concentração e dificuldade na leitura.

“Muitas mudanças reversíveis podem gerar uma grande mudança irreversível”, diz Kapczinski.

Os danos no cérebro podem ser maiores ou menores, dependendo da intensidade e duração dos sintomas e da crise em si. “É como ter um corte no braço. Se você agir logo, pode reduzir as chances de infecção e deixar uma cicatriz menor. Cada episódio de mania ou depressão deixa uma espécie de cicatriz”, relata Angela.

Cada crise gera também um desgaste no corpo. Diversos estudos já demonstraram que a mortalidade entre os pacientes não tratados é maior do que aqueles em tratamento.

“Os bipolares não tratados morrem em média 20 anos antes da população em geral”, alerta Kapczinski.

Além do alto índice de suicídio – estimativas da ABTB apontam que até 50% dos portadores da doença tentam o suicídio pelo menos uma vez na vida e 15% realmente se suicidam – há também uma incidência maior de comorbidades como doenças cardiovasculares e câncer, o que aponta para um deterioração progressiva e consequente agravamento do quadro, que pode até levar à morte.

“O bipolar pode ficar dois anos apresentando sequelas de uma crise ou, em alguns casos, nunca se recuperar. Sem tratamento, as crises vão piorando e as sequelas se acumulando”, completa Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Por isso, o diagnóstico e o tratamento precoce dessa doença crônica são tão importantes.

Atualmente, os pacientes levam em média 10 anos para serem diagnosticados com transtorno bipolar. O desconhecimento e o preconceito e sobre esse transtorno do humor são os principais motivos que levam à demora. Na tentativa de reverter o quadro, a Associação Brasileira de Psiquiatria lançou esta semana, em Natal (RN), durante o Congresso Brasileiro de Psiquiatria, uma campanha nacional de alerta sobre a doença, que atualmente afeta 2,2% da população brasileira.

“As pessoas não se tratam porque não sabem o que tem, não entendem a doença, não conhecem seu prognóstico. É possível identificar os primeiros sinais e saber que assim que eles aparecem deve-se ir ao médico para evitar uma crise”, diz Antonio Geraldo.

Os principais sintomas do transtorno bipolar são irritação e agitação, depressão, insônia, sentimento de êxtase, fala rápida, distração, alegria exagerada, excitação sexual exacerbada, perda do apetite e pensamentos suicidas.

“Mas não são alterações comuns de humor, como a que estamos acostumados a vivenciar. O comportamento muda, a pessoa age diferente do que costuma ser e os sintomas se apresentam durante sete dias, em média. Parentes, companheiros e amigos são os primeiros a notar”, esclarece Angela.

A doença normalmente se manifesta pela primeira vez na adolescência, mas a pessoa pode apresentar os sintomas em qualquer idade.

“O ritmo biológico desregulado, a privação do sono, ou um evento estressante podem desencadear uma crise. A instabilidade que se instala não é exclusivamente de humor, mas também de funções biológicas como pensamento, metabolismo e ritmo. O humor é somente a que mais aparece”, explica Teng Chei Tung, psiquiatra do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Existem dois tipos mais comuns de transtorno bipolar: o 1 e 2. O primeiro é caracterizado por quadros de euforia e mania intensas, ideias de grandeza, inquietação e comportamento suicida. O segundo apresenta quadro mais leve na intensidade com mania leve, costuma ser falante, tem problemas para dormir e costuma ser agitado.

“Esse é o que passa mais despercebido na sociedade e o mais difícil de ser diagnosticado”, afirma Angela.

O tratamento mais adequado para a doença inclui psicoterapia, medicamentos para regular o humor e psicoeducação (conscientizar o bipolar e a família sobre o transtorno e ajudá-los a identificar as crises e agir).

Os médicos são unânimes em afirmar que os remédios não criam dependência química e ressaltam que eles são necessários e indispensáveis. O tratamento deve ser seguido para toda a vida.

“O objetivo é não só controlar as crises, mas evitar que elas apareçam”, ressalta Antonio Geraldo.

* A repórter viajou a convite da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP)

Fonte:
http://www.correiodemocratico.com.br/2012/10/12/transtorno-bipolar-nao-tratado-prejudica-o-cerebro/

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Presidente nacional da Cruz Vermelha assina convênio com ABP

Presidente nacional da Cruz Vermelha assina convênio em Natal


O novo presidente da Cruz Vermelha Brasileira, Nício Brasil Lacorte, visita o Rio Grande do Norte pela primeira vez depois que assumiu o cargo. Além de visitar a Filial da Cruz Vermelha no Estado, Lacorte participou da 30ª edição do Congresso Brasileiro de Psiquiatria, que aconteceu em Natal. Lacorte e Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, assinaram nesta quinta-feira convênio de cooperação.

FONTE: http://jornaldehoje.com.br/tindolele-lancou-o-seu-verao-2013/



terça-feira, 16 de outubro de 2012

Saúde Mental

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Transtorno bipolar não tratado prejudica o cérebro

Transtorno bipolar não tratado prejudica o cérebro


A cada crise de mania ou depressão vivenciada pelo paciente bipolar, importantes partes do cérebrosão danificadas. Repetidas ocorrências podem levar a danos muitas vezes irreversíveis.

“O transtorno bipolar é uma doença tóxica, ou seja, são liberadas toxinas que atuam na destruição dos neurônios, levando a perda de capacidade mental”, explica Angela Miranda Scippa, psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB).

A crise pode mexer como o equilíbrio do organismo, aumentando o estresse oxidativo em todo o corpo e agravar a doença em si.

“Cada episódio faz com que a doença piore um pouco”, alerta Flavio Kapczinski, psiquiatra e pesquisador da Universidade federal do Rio grande do Sul (UFRGS).

“A cada cinco quadros depressivos, há uma perda de 10 a 20% no hipocampo”, quantifica Fabio Gomes, psiquiatra e professor da Universidade Federal do Ceará. O hipocampo é uma estrutura localizada no lobo temporal do cérebro, responsável principalmente pela memória e pela cognição. Nesses casos, por exemplo, os resultados são a falta de concentração e dificuldade na leitura.

“Muitas mudanças reversíveis podem gerar uma grande mudança irreversível”, diz Kapczinski.

Os danos no cérebro podem ser maiores ou menores, dependendo da intensidade e duração dos sintomas e da crise em si. “É como ter um corte no braço. Se você agir logo, pode reduzir as chances de infecção e deixar uma cicatriz menor. Cada episódio de mania ou depressão deixa uma espécie de cicatriz”, relata Angela.

Cada crise gera também um desgaste no corpo. Diversos estudos já demonstraram que a mortalidade entre os pacientes não tratados é maior do que aqueles em tratamento.

“Os bipolares não tratados morrem em média 20 anos antes da população em geral”, alerta Kapczinski.

Além do alto índice de suicídio – estimativas da ABTB apontam que até 50% dos portadores da doença tentam o suicídio pelo menos uma vez na vida e 15% realmente se suicidam – há também uma incidência maior de comorbidades como doenças cardiovasculares e câncer, o que aponta para um deterioração progressiva e consequente agravamento do quadro, que pode até levar à morte.

“O bipolar pode ficar dois anos apresentando sequelas de uma crise ou, em alguns casos, nunca se recuperar. Sem tratamento, as crises vão piorando e as sequelas se acumulando”, completa Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Por isso, o diagnóstico e o tratamento precoce dessa doença crônica são tão importantes.

Atualmente, os pacientes levam em média 10 anos para serem diagnosticados com transtorno bipolar. O desconhecimento e o preconceito e sobre esse transtorno do humor são os principais motivos que levam à demora. Na tentativa de reverter o quadro, a Associação Brasileira de Psiquiatria lançou esta semana, em Natal (RN), durante o Congresso Brasileiro de Psiquiatria, uma campanha nacional de alerta sobre a doença, que atualmente afeta 2,2% da população brasileira.

“As pessoas não se tratam porque não sabem o que tem, não entendem a doença, não conhecem seu prognóstico. É possível identificar os primeiros sinais e saber que assim que eles aparecem deve-se ir ao médico para evitar uma crise”, diz Antonio Geraldo.

Os principais sintomas do transtorno bipolar são irritação e agitação, depressão, insônia, sentimento de êxtase, fala rápida, distração, alegria exagerada, excitação sexual exacerbada, perda do apetite e pensamentos suicidas.

“Mas não são alterações comuns de humor, como a que estamos acostumados a vivenciar. O comportamento muda, a pessoa age diferente do que costuma ser e os sintomas se apresentam durante sete dias, em média. Parentes, companheiros e amigos são os primeiros a notar”, esclarece Angela.

A doença normalmente se manifesta pela primeira vez na adolescência, mas a pessoa pode apresentar os sintomas em qualquer idade.

“O ritmo biológico desregulado, a privação do sono, ou um evento estressante podem desencadear uma crise. A instabilidade que se instala não é exclusivamente de humor, mas também de funções biológicas como pensamento, metabolismo e ritmo. O humor é somente a que mais aparece”, explica Teng Chei Tung, psiquiatra do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Existem dois tipos mais comuns de transtorno bipolar: o 1 e 2. O primeiro é caracterizado por quadros de euforia e mania intensas, ideias de grandeza, inquietação e comportamento suicida. O segundo apresenta quadro mais leve na intensidade com mania leve, costuma ser falante, tem problemas para dormir e costuma ser agitado.

“Esse é o que passa mais despercebido na sociedade e o mais difícil de ser diagnosticado”, afirma Angela.

O tratamento mais adequado para a doença inclui psicoterapia, medicamentos para regular o humor e psicoeducação (conscientizar o bipolar e a família sobre o transtorno e ajudá-los a identificar as crises e agir).

Os médicos são unânimes em afirmar que os remédios não criam dependência química e ressaltam que eles são necessários e indispensáveis. O tratamento deve ser seguido para toda a vida.

Saúde

“O objetivo é não só controlar as crises, mas evitar que elas apareçam”, ressalta Antonio Geraldo.
FONTE: http://www.viacomercial.com.br/2012/10/11/transtorno-bipolar-nao-tratado-prejudica-o-cerebro/

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

TDAH

Por: IMPRENSA

Fonte: Revista Viva Saúde

O aumento da venda de medicamentos como o metilfenidato preocupa especialistas e coloca em questão o seu uso abusivo.


Desatenção, inquietude e impulsividade são os principais sintomas de quem sofre de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, o TDAH. Trata-se de um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Suas causas ainda estão sendo estudadas, mas podem estar relacionadas à hereditariedade, uso de determinadas substâncias durante a gestação, consequência de partos problemáticos, exposição a chumbo ou problemas familiares, segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção. Um dos principais medicamentos utilizados para o tratamento de pacientes com o TDAH é o metilfenidato, desde o ano de 1955.

De maneira simplificada, o mais notável resultado desse medicamento é aumentar a concentração e atenção do paciente que sofre de TDAH, lista terapia é o resultado de pesquisas iniciadas há cerca de 20 anos, quando pesquisadores estavam em busca de alguma substância que tivesse efeito antidepressivo e estimulante, principalmente para estados de fadiga. Esse princípio ativo existe em dois tipos de formulação: a de liberação imediata, que dura em média de 3 a 4 horas, e a de liberação longa, que dura de 6 a 8 horas.

Os efeitos colaterais mais comuns são a redução de apetite, insónia e dor de cabeça. E contraindicado para gestantes, pacientes com menos de 5 anos, que tenham problemas cardiovasculares, epiléticos ou que apresentem tiques motores graves. Previsões do Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos (Idum) dizem que, em tese, nos últimos 11 anos, as vendas desse remédio aumentaram cerca de 3.200%. Esse número coloca o Brasil como o segundo maior consumidor do medicamento no mundo, perdendo apenas para os EUA. Daí a preocupação dos pais, educadores c médicos - que querem entender as razões desse aumento.

Diagnose difícil?

Outro ponto bastante discutido em relação ao TDAH é o diagnóstico. De acordo com uma pesquisa realizada por USP, Unicamp e Albert Einstein College of Medicine, quase 75% dos jovens brasileiros que utilizam esse tipo de remédio não foram diagnosticados corretamente. Como não há um exame físico que comprove o transtorno, ele é feito com base nos relatos dos pacientes e de pessoas com quem ele convive, além de alguns testes a partir da fala e escrita. "Não há duvidas sobre a necessidade de um aprimoramento desses critérios, por isto é necessário que mais pesquisas sejam feitas e publicadas em revistas científicas indexadas, expostas em congressos para serem debatidas", afirma Wimer Bottura, psiquiatra e membro do comitê multidisciplinar de adolescência da Associação Paulista de Medicina (APM). Tanto a doença quanto os medicamentos que a tratam são alvo de constantes questionamentos e discordâncias. Há quem diga até que o TDAH não existe e foi uma invenção da indústria farmacêutica para ganhar dinheiro.


Outros afirmam que há estudos que comprovam as diferenças no funcionamento cerebral de uma pessoa normal e de uma pessoa que sofre com o transtorno e que, também por isso, é indispensável o seu uso já que o corpo precisa receber uma substância que não produz sozinho. Para entender os argumentos em torno dessa polemica, conversamos com especialistas a favor e contra o uso de metilfenidato.

A corrente a favor

Assim como para quem tem miopia os óculos com o grau certo ajudam a enxergar melhor, o metilfenidato ajuda quem tem TDAH a colocar o foco e a concentração no eixo. Essa é a definição de Marcelo Gomes, neurologista pediátrico e diretor médico da Novartis. Há 20 anos trabalhando com pacientes que sofrem do transtorno, Gomes acredita que o aumento no número de diagnósticos se deve a uma maior informação e divulgação da doença.

Questionado sobre esse elevado índice de diagnósticos de TDAH, Wimer Bottura, da APM, diz: "não tenho dúvida de que há muito mais gente precisando ser medicada do que sendo medicada desnecessariamente. Claro que precisamos de mais pesquisas, porque o melhor medicamento até o momento foi criado há 60 anos. Sabemos muito pouco, ainda".

Outro ponto levantado por Gomes é de que a medicação é feita de maneira responsável e gradativa, com acompanhamento médico e multidisciplinar. "Sempre que é feito um diagnóstico de TDAH nós começamos com uma dosagem mais baixa do que acreditamos ser o ideal para aquela pessoa, para que o organismo se acostume e responda aos efeitos do medicamento. Se os efeitos foram os esperados, a dosagem é constante e não precisa aumentar ao longo do tempo."

O risco do vício

O argumento de que o remédio vicia e faz que o corpo queira doses cada vez maiores não procede, segundo o neurologista. Bottura completa dizendo que "as pesquisas mostram que o uso do metilfenidato é seguro ao longo do tempo, e que as pessoas portadoras do transtorno não tratadas têm pior qualidade de vida". Mas ambos concordam: não é porque a criança é agitada que ela sofre de TDAH. Como na maioria das doenças e transtornos neuropsiquiátricos, o diagnóstico é feito com base em relatos do paciente e das pessoas com quem ele convive.

E Gomes dá a dica: "Um diagnóstico de TDAH não é dado em uma primeira consulta. E preciso muita conversa e testes que comprovem o transtorno". Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o percentual de TDAH no mundo é de 5,4% — "o que mostra que ainda há muitos pacientes não diagnosticados", acredita Antônio Geraldo da Silva, psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Bottura sugere que no caso de crianças que aparentemente sofram de TDAH, o primeiro passo é "que os pais se tratem primeiro, pois nunca há um caso único na família. Muitas vezes a criança tem sintomas sugestivos de TDAH decorrentes do convívio com pais que têm o transtorno. Nestes casos, o medicamento não funciona porque a criança não tem o transtorno, tem só o comportamento. Quando tem realmente o transtorno, é melhor tomar o medicamento, pois não é força de vontade que resolve".

A voz destoante

"Eu sou contra" - a afirmação enfática é de Maria Aparecida Moyses, pediatra e professora da Unicamp. "O metilfenidato é um estimulante usado para acalmar e faz isso pelo efeito zumbi, uma toxicidade", diz. Para a médica, os sintomas do medicamento vão bem além dos enumerados pelos especialistas favoráveis ao uso de Ritalina.


O risco de morte súbita inexplicada em adolescente é estimado em 10 a 14 vezes maior entre aqueles que tomam o remédio, segundo uma pesquisa de 2009 da Food and Drugs Administration (FDA) e do National Instituto of Mental Health (NIMH). "Não é desprezível. Além disso, interfere no sistema endócrino, na secreção dos hormônios de crescimento e dos sexuais. E uma substância com o mesmo mecanismo de ação e as mesmas reações adversas da cocaína e das anfetaminas", alerta.

Segundo a pediatra, consta em qualquer livro de farmacologia e vários trabalhosmostram que existe um risco de dependência química muito grande, além de uma dependência psíquica, porque a pessoa se sente mais ativa. Maria Aparecida conta que várias pesquisas mostram que, quando a criança começa a tomar o medicamento aos 4 anos e o retiram aos 18, existe uma tendência muito grande de drogadição por substâncias mais pesadas. "Se a criança está usando um estimulante desde os 5,6 anos, ela vai buscar outra droga quando interromper este uso", diz.

Domando a inquietude

Uma das questões da pediatra é: o remédio foca a atenção em quê? "E aleatório. Ao conter as atividades cerebrais de tal modo que você não se distraia, esta única coisa em foco é eleita ao acaso. Não é uma substância que te faz atentar no estudo, diferente do que muitos pais acreditam. Não existe um remédio que deixe a pessoa mais inteligente." A médica acredita que a sociedade é muito incomodada com os questionamentos e abafa isso via substância química, numa tentativa artificial de domar a inquietude e a curiosidade naturais da infância - fase com maior número de diagnósticos de TDAH. "Além disso, há o interesse financeiro das indústrias farmacêuticas. A forma como eu entendo isso é que os especialistas estão sendo treinados para identificar futuros consumidores de metilfenidato", diz.

A saída seria um tratamento multidisciplinar que consiga compreender o contexto em que o paciente está inserido e procure entender os motivos que levam à falta de concentração, ansiedade e hiperatividade - que muitas vezes não são suficientes para definir o diagnóstico de TDAH. "Crianças com 4 anos mexem no computador com várias janelas abertas ao mesmo tempo. Quando elas chegam à escola, queremos que elas façam uma coisa só e não questionem. Queremos crianças criativas, ótimas e submissas! Elas questionam, querem saber o porquê. O 'não' não basta mais para elas e nós temos que aprender a lidar com isso sem o refugio do medicamento", finaliza Maria Aparecida.

Como age o metilfenidato

Trata-se de um estimulante do sistema nervoso central. A forma principal como ele atua é desconhecida, mas sabe-se que seus efeitos são mediados pelo bloqueio do mecanismo de receptação dos neurónios dopaminérgicos. Os resultados para os pacientes seriam maiores capacidades de concentração e foco.

Remédio para o cérebro

E quando o metilfenidato passa a ser usado por pessoas que não sofrem de TDAH, mas querem conseguir uma concentração maior e mais focada para melhorar o desempenho no trabalho ou no período de provas no colégio, por exemplo? Não são poucos os casos em que remédios prescritos para pessoas com o transtorno estão sendo utilizados por estudantes do ensino médio e de graduação. Segundo a empresa médica norte-americana IMS Health, a quantidade de prescrições de medicamentos para TDAH dada a pessoas de 10 a 19 anos de idade nos EUA aumentou 26% desde 2007, chegando a quase 21 milhões de prescrições por ano. E o que pais e professores estão descobrindo é que as crianças e adolescentes forjam os sintomas e fazem afirmações dentro dos consultórios médicos que as enquadrem no diagnóstico de TDAH, o que faz que tenham fácil acesso aos medicamentos, como o metilfenidato. Embora os especialistas favoráveis ao uso de metilfenidato por quem sofre de TDAH digam que a droga não produz efeitos em quem não sofre do transtorno, o aumento do consumo deste medicamento pelas crianças e adolescentes parece contrariar a afirmação. A situação preocupa pais e educadores, que não sabem ainda como lidar com o fato.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Profissionais de saúde pedem criminalização da psicofobia

Profissionais da área de saúde mental, em audiência na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), solicitaram a inclusão de emenda ao projeto de reforma do Código Penal (PLS 236/12) para dar suporte a pessoas com esquizofrenia, bipolaridade, dislexia, autismo, ansiedade, transtornos alimentares e síndrome de Down. O tema do debate foi a criminalização da segregação de portadores de transtornos mentais, denominada de psicofobia.


Segundo o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antonio Geraldo da Silva, 55 milhões de brasileiros sofrem de transtornos mentais e não possuem respaldo governamental para se tratar.

— A maioria dos pacientes está morando nas ruas ou nas cadeias. E não temos campanhas de prevenção. Os gastos com a saúde mental são cada vez menores — afirmou Silva, ressaltando que o preconceito é preponderante na hora de o doente procurar tratamento e emprego.

— O paciente não se trata por receio de ser estigmatizado como louco. E chegam a pedir receitas sem identificação do psiquiatra, com medo de serem demitidos do trabalho — disse.

O senador Paulo Davim (PV-RN), que presidiu a reunião, já elaborou emenda ao projeto para estabelecer medidas e providências em casos de psicofobia.

Participaram também da audiência a presidente da Associação Brasileira do Déficit de Atenção, Iane Kestelman; a vice-presidente da Associação Brasileira de Transtornos Afetivos, Helena Maria Calil; e o conselheiro da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia Daniel Fuentes.

(..)

Acrescento a matéria acima, o conceito de "psicofobia" que encontrei no Wikipedia, e pode ser útil, veja abaixo:

Psicofobia é medo, preconceito ou discriminação contra os doentes mentais. Ao longo da história doentes mentais foram acusados de ser possuídos pelos demônios ou o diabo ou de serem bruxos ou demônios ou servos do diabo. Nos tempos modernos, quando foi desenvolvida a psicologia verificou-se que essas pessoas tinham uma doença mental e não demônios ou quaisquer outras explicações acima mencionadas. O receio do doente mental ainda continua.

Contra o preconceito e estigma!

FONTE: http://tabipolar.blogspot.com.br/2012/09/bipolaridade-psicofobia-e-projeto-de-lei.html

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