quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

DF tem maior percentual de violência relacionada ao álcool, diz ministério

DF tem maior percentual de violência relacionada ao álcool, diz ministério


No DF, 58% dos casos de agressão tinham ligação com ingestão de álcool.

Média nacional é de 49% dos atendimentos; pesquisa ouviu 47 mil pessoas.

Levantamento do Ministério da Saúde indica que o Distrito Federal é a unidade da federação com o maior percentual de vítimas de agressão relacionadas ao consumo de álcool. Enquanto a média nacional é de 49%, no Distrito Federal, 58% dos casos de violência atendidos nos hospitais de Base e Regional de Ceilândia em 2011 estavam relacionados à ingestão de álcool.


“Tem uma coisa que chama atenção no DF que é uma alta proporção de relação do álcool com vítimas de violência. De todas as capitais, foi a que apresentou a maior proporção”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante a apresentação do levantamento, nesta terça-feira (19).

Até esta quarta, o ministério não havia divulgado o estudo completo, com mais número do Distrito Federal.

Onde há diminuição do consumo de álcool, há diminuição da violência"Psquiatra Antônio GeraldoÁlcool e violência foi a mistura que matou uma jovem de 22 anos há seis meses, no Distrito Federal. A vítima foi abordada por seis homens alcoolizados quando saía de uma festa, no Jardim Botânico. Levou três tiros e morreu na hora.

O psiquiatra Antônio Geraldo, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, explica que o álcool em excesso no organismo afeta a capacidade de relacionamento social, deixando o indivíduo mais suscetível a discussões e atos de violência.

“O uso da bebida alcoólica leva a uma diminuição da flexibilidade nas pessoas. Estudos científicos mostram que onde há diminuição do consumo de álcool, há diminuição da violência no trânsito e doméstica, esta pouco falada, e na violência no dia a dia, nas relações interpessoais”, diz o psiquiatra.

Dados nacionais


A pesquisa, realizada em 71 hospitais públicos em todas as capitais do país, indica que os jovens são as principais vítimas da agressão física relacionada ao uso de álcool. O estudo aponta que cerca de 56% dos casos de agressão e 39% de acidentes de trânsito ocorreram com pacientes entre 20 e 39 anos.

O álcool também está relacionado à quantidade de vítimas de acidentes de trânsito. De acordo com o estudo, um a cada cinco acidentes envolveram a ingestão de bebida alcoólica. O estudo mostra que, entre as vítimas de acidentes de trânsito, 21,4% dos pedestres, 22,3% dos condutores e 17,7% dos passageiros apresentavam sinais de embriaguez ou confirmaram o consumo de álcool.

Os dados foram coletados em 2011 e analisados no ano passado. O levantamento faz parte da Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA) e ouviu 47 mil pessoas em todas as capitais e no Distrito Federal.

Fonte: G1 http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2013/02/df-tem-maior-percentual-de-violencia-relacionada-ao-alcool-diz-ministerio.html

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Pesquisa relaciona o consumo de álcool a vítimas de acidentes no trânsito e a de agressão

Pesquisa relaciona o consumo de álcool a vítimas de acidentes no trânsito e a de agressão


O levantamento do Ministério da Saúde em 2011 e só considerou os atendimentos na rede pública. Mais de 50% dos casos de violência estavam relacionados a ingestão de álcool.  

Veja: http://g1.globo.com/videos/distrito-federal/bom-dia-df/t/edicoes/v/pesquisa-relaciona-o-consumo-de-alcool-a-vitimas-de-acidentes-no-transito-e-a-de-agressao/2416694/

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Saúde vai definir apoio psicossocial às famílias no RS

Brasília – Psiquiatras, psicólogos e outros agentes de saúde vão definir, até o final da tarde de hoje (29), como serão feitos os atendimentos às famílias e vítimas do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que deixou 234 mortos e centenas de feridos. A proposta é que os profissionais, que voluntariamente deixaram os consultórios para acompanhar as pessoas afetadas diretamente ou indiretamente pela tragédia desde o último domingo (27), definam uma estratégia de acompanhamento psicossocial por um período prolongado, até que os traumas possam ser minimizados.


“Queremos nos preparar para um momento que poucos estão pensando agora. Temos uma situação grave que vai gerar estresse pós-traumático em muitas pessoas que pode se manifestar dias, semanas e até meses depois do trauma”, explicou Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Segundo o especialista, estes transtornos podem se manifestar com quadros de depressão, ansiedade e até de bipolaridade, no caso de pessoa que têm alguma tendência a desenvolver o distúrbio.

No primeiro momento, minutos depois da tragédia, o trabalho de psiquiatras e psicólogos voluntários estava concentrado no apoio às famílias que estavam no local do incêndio, em busca de informações, nos hospitais e no ginásio da cidade, durante o reconhecimento dos corpos e acompanhamento dos velórios e enterros das vítimas.

“Nesta intervenção inicial tem um trabalho importante de orientação também. As pessoas, por exemplo, têm a tendência de medicar remédios tarja preta para que os familiares se desliguem um pouco e durmam e há contraindicação deste procedimento que, na verdade, acaba fixando mais a memória do trauma”, explicou Antonio Geraldo, acrescentando que a preocupação agora é montar um esquema de trabalho com um cronograma que pode durar meses e até anos.

Segundo o psiquiatra, problemas que podem surgir são aumento de consumo de álcool e drogas e dificuldades nas relações pessoais e de trabalho, ameaçam não apenas as vítimas e familiares, mas podem afetar grande parte da comunidade de Santa Maria e de cidades próximas - origem de muitos dos jovens vitimados.

“Temos que estar preparados para fazer estas avaliações com todas as nuances possíveis de serem apresentadas”, explicou, acrescentando que a nova estratégia também prevê o atendimento aos profissionais que cuidaram ou ainda acompanham as vítimas. “Estamos falando do médico, do enfermeiro, do policial, do taxista e de pessoas comuns que se voluntariaram para trabalhar naquela circunstância. Ninguém está pensando em oferecer cuidado para estas pessoas”, disse.


A coordenadora do Núcleo de Psiquiatria da Associação Médica de Santa Maria, Carla Ibargoyen, contou que psiquiatras e psicólogos que atuam no estado decidiram formar uma força-tarefa voluntária que começa a atuar a partir de hoje. Até o final do dia, profissionais da rede de saúde da região e da Universidade Federal de Santa Maria vão definir como serão conduzidos os trabalhos.

“Vamos discutir como serão feitos os atendimentos, como e quem serão atendidos e como podemos aproveitar a estrutura da universidade para conduzir os trabalhos. Será um acompanhamento de, no mínimo 90 dias, que tem grande possibilidade de ser estendido”, explicou ela. Segundo a psiquiatra, cada caso será avaliado individualmente. “O tempo de acompanhamento vai depender de muitos fatores individuais: como as pessoas respondem aos traumas e ao tratamento, se têm pessoas com problemas psicológicos e psiquiátricos estabelecidos, que seriam os grupos de risco para quadros de pós-trauma”, disse a psiquiatra.

Loiva dos Santos Leite, presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul, explicou que os trabalhos estão sendo conduzidos conjuntamente. No caso da rede pública de saúde de Santa Maria, os psicólogos montaram um serviço de atendimento 24 horas no Centro de Apoio Psicossocial da cidade (Caps).

“As pessoas que tiveram qualquer envolvimento estão procurando este atendimento. Temos já uma procura significativa. Nas primeiras horas, fizemos atendimentos no ginásio, onde chegaram os corpos e as famílias. Montamos uma enfermaria no local e os profissionais começaram a acompanhar as famílias ali no reconhecimento dos corpos até os velórios e enterro”, contou Loiva Leite. Segundo ela, as micro equipes formadas para acompanhar os feridos continuam os trabalhos nos hospitais da região.
A psicóloga ainda explicou que as equipes estão procurando os profissionais de cidades natal de algumas vítimas para encaminhar atendimentos iniciados em Santa Maria. Loiva destacou que a área de emergência de desastres exige um tratamento específico. “Estamos contando com um suporte e capacitação de profissionais da associação brasileira especializados nestes atendimentos e o suporte da organização Médicos sem Fronteiras e de um grupo de estresse pós-traumático da PUC do Rio Grande do Sul”, relatou.
“Não vamos curar a dor mas queremos trabalhar o sentimento de perda para que as pessoas consigam retomar a vida da forma menos dolorosa possível”, concluiu a psicóloga.

Fonte: Exame Online
http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/saude-vai-definir-apoio-psicossocial-as-familias-no-rs



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH)

Conselho Federal de Medicina emite Parecer sobre o Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH)

O Conselho Federal de Medicina - CFM disponibilizou recentemente o seu parecer sobre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH, explicando detalhadamente o que é a doença e desmistificando o que tem sido veiculado amplamente na imprensa de maneira irresponsável, contraditória e sem base científica.

O Ministério Público de Santa Catarina, através do parecer de nº 42/12, solicitou ao CFM informações sobre o TDAH tendo sido respondidas com o apoio dos doutores João Romildo Bueno e Fábio Barbirato, ambos da Associação Brasileira de Psiquiatria, com base em artigos científicos publicados por pesquisadores nacionais e internacionais, entre eles os Profs. Luis Augusto Rohde, Paulo Mattos, Ricardo Halpern e Russel Barkley (EUA).

Veja na integra: http://www.tdah.org.br/images/stories/Parecer%20CFM%20-%20deficit%20da%20atencao.pdf

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Medida é polêmica, mas tem apoio de juízes e promotores do estado

Medida é polêmica, mas tem apoio de juízes e promotores do estado


Em meio ao agravamento do problema do crack que assola o país, e sobre o qual as autoridades públicas simplesmente não sabem o que fazer, uma ousada ação capitaneada pelo Governo de São Paulo começará hoje, já sob intensa polêmica. Moradores de rua com dependência química serão encaminhados a um centro de triagem para, caso verificada a necessidade, serem internados, mesmo contra a própria vontade. O tratamento involuntário ou compulsório é uma medida cercada de controvérsias porque transita entre a liberdade individual e a segurança coletiva, ao mesmo tempo em que pode disfarçar uma política de limpeza social, especialmente às vésperas de eventos internacionais importantes, como a Copa das Confederações, este ano, e a Copa do Mundo, em 2014.

Para minimizar as críticas e aumentar a eficácia da medida, o governo paulista elaborou a ação, com a ajuda do Tribunal de Justiça, do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil e da Defensoria Pública de São Paulo. Representantes dessas instituições e profissionais de saúde ficarão no centro de triagem, que funcionará das 9h às 13h, dentro do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), no bairro do Bom Retiro, para receber os dependentes encaminhados. A ideia é tentar fazer o maior número de internações voluntárias, por meio do convencimento, e usar a rede ambulatorial comunitária. Mas o foco da reunião de tantos profissionais será viabilizar, de forma rápida e sem brechas para questionamentos, as internações involuntárias e compulsórias.

Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, a iniciativa merece elogios. “É uma excelente conduta, desde que não se torne um expediente de limpeza urbana. É preciso verificar quem precisa de desintoxicação em hospital geral, quem pode fazer em tratamento ambulatorial, quem deve ser acompanhado em hospital psiquiátrico. Só o médico poderá definir, caso a caso. Se for uma ação generalizada de internar todo mundo sem protocolo definido, isso vira cárcere privado”, afirma o psiquiatra. A grande preocupação, segundo Silva, vem do estado atual da rede de saúde pública. “Temos locais preparados e profissionais habilitados para fazer um tratamento de altíssima complexidade, como o de crack?”, questiona.

Para o psiquiatra Augusto César de Farias Costa, diretor de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, as internações involuntárias e compulsórias não devem ser objeto de política pública. “Como casos isolados, tudo bem. Ou seja, se uma equipe de saúde encontrar um usuário correndo risco de morte, pode chamar o Corpo de Bombeiros e, eventualmente, iniciar um processo de internação compulsória ou involuntária, mas não como política”, afirma. De acordo com ele, o DF não tem nenhuma “pretensão, formulação ou intenção” de repetir a experiência de São Paulo. “Para abordar as pessoas que estão em situação de rua em cenas de uso de crack, temos equipes de saúde que fazem não apenas o vínculo necessário para a desintoxicação, mas prestam assistência em outras esferas, como prevenção à gravidez e às DSTs e combate à desnutrição”, explica Costa.

Equilíbrio

Promotor de Justiça de Defesa da Saúde de Belo Horizonte, Bruno Vieira Soares diz que é preciso buscar equilíbrio na política empreendida por São Paulo. Ele recebe ao menos um pedido de familiares para internação compulsória, diariamente. “Nem podemos aceitar que o paciente venha a se tratar somente quando tiver vontade nem internar involuntariamente sem evidências científicas e previsão legal”, afirma o promotor. Na capital mineira, nenhuma ação institucional de internações compulsórias foi tentada. “Há uma resistência da prefeitura, que trabalha na lógica da desinternação”, explica.

O Rio de Janeiro, por sua vez, foi a primeira cidade a fazer internações contra a vontade dos dependentes, mas somente de menores de 18 anos. A ação já tirou das cracolândias, desde maio de 2011, 256 crianças e adolescentes. Depois de uma triagem, os usuários vão para a rede de abrigamento mantida pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) do Rio. Eles passam por atendimento psicológico e clínico, com medicamentos e oficinas, reaproximação da família, até serem desabrigados.

Experiências dessa natureza têm levado outros municípios e estados a pensarem na promoção das internações forçadas. É o caso de Pernambuco. Lá, o Ministério Público aguarda apenas um documento formal da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria para cobrar ação semelhante. “Se não houver termo de cooperação, como fez São Paulo, teremos de demandar judicialmente para implantar esse sistema de internações compulsórias em Pernambuco”, explica a promotora Helena Capela, da Promotoria da Saúde do Recife. O modelo atual de tratamento no sistema público, segundo ela, é “falido”.

Se não houver termo de cooperação, como fez São Paulo, teremos de demandar judicialmente para implantar esse sistema de internações compulsórias em Pernambuco”

Helena Capela, promotora de Justiça de Defesa da Saúde do Recife

Conceitos

Há sempre muita confusão quando algum governo estadual ou prefeitura fala em internações contra a vontade do paciente como estratégia de combate ao crack e outras drogas. Entenda as três definições sobre essas intervenções:

Internação voluntária: Quando o paciente solicita que seja internado e o profissional de saúde concorda com a necessidade de internação. Em casos de dependência química ou de outros distúrbios psiquiátricos, a avaliação fica a cargo do psiquiatra.

Internação involuntária: Solicitada por terceiros, geralmente familiares, no momento em que o paciente está em surto ou risco de morte. Se confirmada a necessidade de internação pelo médico, o paciente é retido contra a própria vontade, mas o Ministério Público deve ser comunicado em até 72 horas.

Internação compulsória: É determinada pela Justiça, que se baseia em laudo médico e nas circunstâncias do paciente. Embora o pedido quase sempre venha da família — por meio de Defensoria Pública, advogado particular ou Ministério Público —, a internação compulsória pode ocorrer contra a vontade dos parentes.

Fonte: Correio Braziliense / RENATA MARIZ

http://www.advsaude.com.br/noticias.php?local=1&nid=10094

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Moradias assistidas são opção pós-internação por crack

Moradias assistidas são opção pós-internação por crack


Tratamento ambulatorial e moradias assistidas devem ser usadas pelo Estado como ferramentas para dar continuidade à recuperação de dependentes de crack após um período de internação, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil

O governo de São Paulo lançou um mecanismo médico e jurídico para agilizar internações forçadas para dependentes de crack no Estado. A iniciativa começou a funcionar na segunda-feira em um centro especializado próximo à Cracolândia, no centro da capital.

Segundo o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), em geral, as internações motivadas por dependência do crack não devem superar um período superior a dois meses.

Depois disso, segundo o médico, o paciente deve ser levado para a casa de um familiar e submetido a um tratamento ambulatorial – frequentando clínicas ou centros médicos especializados regularmente.

Porém, grande parte dos frequentadores da Cracolândia não só perderam seus empregos e família, como por vezes não possuem vínculos familiares fortes o bastante para tornar essa realidade possível.

Laranjeira afirmou que uma alternativa para o governo nesses casos é enviar os viciados em recuperação para as chamadas moradias assistidas. Tratam-se de alojamentos onde o dependente de drogas recebe, além do teto, apoio para conseguir um emprego e recomeçar sua vida.

No exterior essas moradias são conhecidas como "halfway houses', (casas a meio caminho, em português) e têm como característica oferecer também um monitoramento do processo de desintoxicação.

Segundo Rosangela Elias, responsável pelo setor de tratamento de dependentes químicos da Secretaria de Saúde do Estado, São Paulo tem atualmente cerca de 300 vagas em moradias assistidas e residências terapêuticas estaduais e municipais.


Segundo o psiquiatra Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, independente de onde os dependentes em recuperação estiverem instalados, o governo precisa estudar medidas para obrigá-los a frequentar semanalmente as clínicas especializadas.

Melhorias

O psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, também da Unifesp, afirmou que é necessário melhorar a qualidade do atendimento em parte da rede de clínicas de tratamento ambulatorial conhecidas como Capsad (Centros de Atenção Psicosocial Álcool e Drogas). Segundo ele, embora algumas sejam exemplares, outras ainda precisam melhorar.

Já Silva foi mais longe, afirmando que falta especialização na rede pública de atendimento médico em geral no Brasil.

"Não há treinamento específico direcionado e capacitado para isso (tratamento de dependentes químicos). São raras as ilhas de exceção, precisamos de treinamento especializadíssimo, pois é um processo de alta complexidade", disse.

Metodologias

Todos os especialistas ouvidos pela BBC Brasil concordam que deve haver um planejamento específico para o tratamento dos viciados em crack. Eles divergem porém sobre a metodologia a ser adotada.


Silveira, que é contrário à internação (exceto em casos específicos, como o de pessoas que corram risco de cometer suicídio ou sofram alucinações), disse que independente da forma de tratamento, as taxas de recuperação atualmente são muito baixas.

"Os melhores serviços do mundo têm taxas de eficácia de 35% a 40%, no máximo", disse.

Segundo ele, o tratamento ambulatorial deve promover a abstinência total das drogas em um primeiro momento.

Contudo, se o dependente não conseguir se desligar totalmente do entorpecente, uma abordagem de "redução de danos" deve ser empregada.

Isso significa que ele pode começar a diminuir aos poucos a quantidade de entorpecente utilizada e eventualmente substituí-la por outra substância tóxica, porém um pouco menos danosa que o crack.

Silveira estudou um grupo de 50 usuários de crack. A característica específica deles era o fato de afirmarem não ser capazes de lidar com a compulsão gerada pela abstinência da droga.

Todos afirmavam porém que quando usavam um cigarro de maconha conseguiam deixar de fumar o crack momentaneamente. Silveira passou então a endossar esse comportamento (sem prescrever entorpecentes, certamente).

"Foi um acompanhamento de um ano ao todo: 68% deles abandonou crack em três meses. Depois de seis meses esse grupo abandonou também a maconha", disse.

Já Silva afirmou que a abordagem de redução de danos não é recomendada pela Associação Brasileira de Psiquiatria.

O que todos os especialistas concordam porém é que o tratamento pode ser multidisciplinar. Ou seja, pode ser acompanhado de atividades esportivas e religiosas.

Mas eles dizem que a fé não pode substituir o tratamento clínico dos pacientes – o que ocorreria em algumas comunidades terapêuticas ligadas a religiões.

Fonte: BBC Brasil

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Viciados em crack carecem, sobretudo, de atendimento médico

Viciados em crack carecem, sobretudo, de atendimento médico
ANTONIO GERALDO DA SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O governo de São Paulo lançou uma cruzada pela internação à força de usuários de crack que hoje vivem nas ruas da capital paulista. A iniciativa demonstra um interesse do Estado em resolver a questão.

No entanto, cabe avaliar se esta política de internação forçada é a mais adequada.

Há uma necessidade premente de que as autoridades se responsabilizem pelos doentes mentais. O débito do poder público junto a essas pessoas é gigantesco.

O dependente de crack, muitas vezes, é portador de algum transtorno mental e carece, antes de qualquer coisa, de atendimento médico. Se a internação à força for apenas o início de um processo de tratamento para aqueles que precisam de atendimento e não o tem, aí sim temos uma iniciativa correta por parte do governo.

No entanto, vale ressaltar que a internação requer indicação médica, quer seja voluntária, involuntária ou compulsória. Caso contrário, a iniciativa não passaria de uma "limpeza urbana", uma triste eugenia. Para a ação ser efetiva, é preciso que haja uma indicação médica, como manda a lei nº 10.216.

Se a premissa é a saúde da população, trata-se de uma importante ação, que, inclusive, não deve ficar restrita apenas aos viciados em crack, mas também aos que sofrem de outros tipos de dependência química.

Como será a avaliação e acompanhamento, daqui a seis meses, dos viciados em crack retirados das ruas de São Paulo nesta semana? Este parece o ponto central.

Não cabe a nós, médicos, ficarmos contra ou a favor a qualquer tipo de internação. Como profissionais de saúde, o que nos cabe é indicar a internação quando necessária e, a partir daí, buscarmos o melhor tratamento.

O foco da ação não pode ser redução de violência ou diminuição irrisória de usuários. A meta de qualquer governo deve ser acompanhamento pleno dos dependentes químicos, pelo tempo que eles precisarem.

ANTONIO GERALDO DA SILVA é presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/90225-viciados-em-crack-carecem-sobretudo-de-atendimento-medico.shtml

Por uma política humanizada e eficaz no combate ao crack

No início de 2013, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou uma política de internação compulsória de usuários de crack que provocou diversas reações e pouco consenso em todo o Brasil – anunciando aí a necessidade de aprofundamento do debate sobre a questão.


Esta requer um olhar que, além de envolver os aspectos próprios da epidemia e da dependência, incorpore os direitos humanos e os princípios da bioética.

Entretanto, os argumentos que sustentam e defendem o tratamento parecem ignorar estes aspectos, além dos interesses financeiros envolvidos e a violência da ação da Polícia sobre o cidadão.

A critica à política de internação compulsória, de outro lado, se baseia no principio de que, em saúde mental, o principal fator para a boa evolução do quadro do paciente adicto às drogas é a própria vontade do mesmo em lutar contra o vício.

O sucesso do tratamento depende da combinação de fatores biológicos, psíquicos e sociais, incluindo uma rede de acolhimento que não viole os direitos humanos e que seja capaz de interferir no contexto de vida do usuário, com o objetivo de promover a reinserção efetiva através do reforço dos vínculos comunitários, além de garantir aos dependentes o acesso a cuidados básicos de saúde.

Estas intenções, ações e serviços, no entanto, ainda não estão presentes na política praticada pelo estado paulista, tampouco nacionalmente.

Para aprofundar o debate e a responsabilidade pública sobre esse quadro que só será modificado através de profundas mudanças na sociedade, o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) recolheu opiniões de diversos atores sobre o assunto. Confira alguns deles.

Cláudio Lorenzo, Presidente da Sociedade Brasileira de Bioética

Na forma como tem sido planejada, eu sou totalmente contrário a esta internação compulsória, por ela não se encontrar integrada a um programa de reinserção dos sujeitos na vida social. Não adianta institucionalizar os indivíduos e depois devolvê-los à mesma realidade que o os fez adquirir a adição. Na forma como tem sido conduzida a internação compulsória, ela não se caracteriza como uma intervenção de proteção, que objetiva afastar o usuário temporariamente do uso da droga, para permitir uma melhora do quadro e oportunidade para início de uma psicoterapia verdadeira, respeitando sua autonomia. Sem um programa muito bem pensado, tanto psicoterápico como através de medidas intersetoriais, que promovam uma nova forma de inserção social depois do internamento, esse programa tem inspirações higienistas, com fortes tonalidades fascistas.

Tatiana Lionço, doutora em psicologia pela Unb e professora do curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Educação e Saúde do UniCEUB

Esta medida viola direitos humanos e sociais básicos. A internação compulsória é a retomada da lógica manicomial em plena era de reforma psiquiátrica e propõe a segregação, a criminalização ou ao menos a desqualificação moral de usuários de drogas. Ela é contrária aos princípios do SUS e pode-se compreende-la também como inconstitucional. Desconsidera a necessária intervenção social sobre a problemática das drogas e vulnerabiliza o usuário ao estigma e ao rompimento de laços sociais e familiares.

O ideal seria os estados investirem na ampliação dos CAPS-AD, que prevêem, inclusive, intervenções familiares e sobre a comunidade, superando a lógica medicalizadora que reduz problemas sociais a patologias de indivíduos. Lembremos que a reforma psiquiátrica está prevista em lei no Brasil (10.216), que prevê a redução progressiva de leitos de internação psiquiátricos e sua substituição por serviços de base territorial e comunitária tal como também previsto na lei 8.080.

Mário Scheffer, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP e membro do conselho do Cebes

A internação compulsória apresentada como panaceia é perigosa, pois tem poder midiático, grande apoio da população e de familiares de dependentes, o que respalda o governante na decisão equivocada que está tomando. Há um certo cinismo também, ao apresentar a compulsória como substitutiva de uma rede assistencial de saúde mental ainda incompleta e sucateada. Por descaso de gestores e ausência de controle social, rasgou-se mais uma vez uma legislação duramente conquistada.

Desde 2002, temos a lei que criou os CAPS-AD, os centros de Atenção Psicossocial para álcool e drogas, que deviam inclusive ter leitos de assistência 24 horas. Pois até hoje contamos nos dedos essas unidades. Se tivéssemos uma rede assistencial forte e humanizada, a discussão da internação compulsória e involuntária estaria ocorrendo em outros patamares, no campo da excepcionalidade, como deve ser. Culpar o doente (no caso, o dependente químico) pela própria doença, pegá-lo a força, estigmatizar, segregar e isolar é um filme que já vimos antes, e foi desastroso. Isso aconteceu, por exemplo, no inicio da epidemia da aids. Os usuários de crack hoje são como os doentes de aids dos anos 80. Além de ineficaz do ponto de vista clínico e epidemiológico, é um sequestro da cidadania seguido de morte civil dos indivíduos, é a morte antes da morte.

Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP)

O Governo de São Paulo lançou uma cruzada pela internação compulsória em massa de usuários de crack que hoje vivem nas ruas. A intenção é boa e a iniciativa demonstra um primeiro interesse do Estado em resolver a questão. No entanto, cabe avaliarmos se esta política de internação compulsória é a mais adequada para o momento ou a que melhor aproxima do ideal. Há uma necessidade premente de que as autoridades se responsabilizem pelos doentes mentais.

O débito do Estado junto a esta população é gigantesco. O dependente de crack, muitas vezes, é portador de algum transtorno mental e carece, antes de qualquer coisa, de atendimento médico. Se a internação compulsória for apenas o início de um processo de tratamento para aqueles que precisam de atendimento e não tem, aí sim temos uma iniciativa correta por parte do Governo, "arrumando" o desastre que deixaram acontecer.

No entanto, vale ressaltar que a internação requer indicação médica, quer seja voluntária, involuntária ou compulsória. Caso contrário, a iniciativa não passaria de uma “limpeza urbana”, uma triste eugenia. Para a ação ser efetiva, é preciso que haja uma indicação médica, como manda a Lei 10.216.

No entanto, se a premissa é a saúde da população, trata-se de uma excelente ação do Estado que, inclusive, não deve ficar restrita aos dependentes químicos de crack, mas também a outras dependências e a outros Transtornos Mentais. Há uma enormidade de moradores de rua portadores de esquizofrenia e outras Psicoses, e que não tem acesso a tratamento, lamentável efeito colateral do fechamento ideológico de leitos hospitalares em psiquiatria, na contramão do bom senso que deveria ser: qualificar profissionais e serviços, oferecer melhores condições de atendimento à população. Se assim fosse, a internação compulsória seria apenas um porta de entrada de um plano de tratamento de maior duração e complexidade, como acontece em outras grandes cidades do mundo.

Como será a avaliação e acompanhamento, daqui a seis meses, dos dependentes em crack retirados das ruas de São Paulo esta semana? Este parece o ponto central e, o que é pior, ainda sem respostas. Como médicos, ficamos preocupados em entender qual o protocolo de tratamento a ser seguido. Em outras palavras: quais as diretrizes de tratamento que usarão para os dependentes químicos do crack?

A Associação Brasileira de Psiquiatria já se colocou à disposição de todo e qualquer governo que deseje tratar do assunto do ponto de vista clínico e não midiático. Nunca surtiu efeito. Não cabe a nós, médicos, ficarmos contra ou a favor a qualquer tipo de internação. Como médicos, o que nos cabe é indicar a internação quando necessária e, a partir daí, buscarmos o acesso ao melhor tratamento, conforme diz a Lei 10.216. O foco da ação não pode ser redução de violência ou diminuição irrisória de usuários. A meta do Estado deve ser acompanhamento pleno de dependentes químicos ou de qualquer outro que padeça de transtorno mental, pelo tempo que precisarem.

Túlio Batista Franco, Psicologo, Professor Doutor da Universidade Federal Fluminense

A internação compulsória não é indicada para o tratamento a usuários do crack porque não atende aos pressupostos necessários para o sucesso no cuidado, qual seja: o acolhimento dos usuários, o que significa fazer uma escuta qualificada da sua história, se oferecer em ajuda sem o julgamento moral, estabelecer uma relação de confiança mútua; o estabelecimento de vínculo do trabalhador de saúde com o usuário, o que significa construir para e com ele uma referência segura de contato e ajuda para o cuidado, confiança mútua que permita negociar os modos de andar a vida, porque só isto permitirá que se efetue o 3o pressuposto; o estabelecimento de projetos terapêuticos pactuados, capazes de reduzir e/ou eliminar o consumo, sem necessariamente impor alguma destas possibilidades, mas entendê-las como efeito da relação entre ambos, trabalhador de saúde e usuário.

A internação compulsória trabalha centrada na única ideia da abstinência, e, sendo assim, deixa de usar dispositivos de cuidado como a redução de danos, que significa não apenas a oferta de um consumo alternativo, mas se trata da possibilidade de promover um encontro entre trabalhador e usuário, e através do encontro estabelecer relação, vínculo, pactuar novos projetos terapêuticos. A questão central que se coloca é a de ativar no usuário o desejo de se cuidar, a vontade para a vida, coisas que a internação compulsória como ato de violência não consegue realizar, pelo contrário, torna o usuário um sujeito sem desejo, porque submetido a um regime de coerção.

O objetivo central de um projeto terapêutico centrado no usuário, é o de criar nele mesmo uma vida de não consumo do crack, mesmo convivendo em um meio onde há oferta da droga. Essa potência de vida só é possível mediante processos guiados pela sua vontade e necessidade. Diante da notória taxa de insucesso da internação compulsória no tratamento a usuários de crack, com índices de recaídas acima de 95%, fica claro o insucesso desta política, além da sua violência e ilegalidade.

Há alternativas de sucesso no controle ao uso do crack e outras drogas, fora e dentro do Brasil, que não usam internação compulsória, e apostam na constituição de redes de atenção psicossocial, com vários e inovadores dispositivos de cuidado, como consultórios na rua, facilitação de acesso aos serviços clínicos da rede de atenção, ambulatórios, arte-terapia, educação, etc... Uma questão estruturante destas ações é a descriminalização do uso de crack e outras drogas, o que torna os usuários mais seguros para buscarem ajuda, facilitando todos aspectos de contato da equipe de trabalhadores com os mesmos. Banir a internação compulsória da política de controle de crack é uma medida necessária para o estabelecimento de um foco mais produtivo de cuidado a esta população.

Ana Costa, Médica, Doutora em Ciências da Saúde e Presidenta do Cebes

A epidemia do crack é hoje uma questão complexa que deve ser tratada de forma intersetorial, envolvendo desde o combate à venda da droga ao tratamento e apoio aos usuários e suas famílias. Uma política adequada deve ter como princípio e diretriz a preservação dos direitos humanos básicos e a garantia da presença do Estado na oferta de alternativas de inserção social para as pessoas e famílias envolvidas.

A saúde mental sempre foi um campo de exploração e lucro descabido do setor privado da saúde e aqui nesta trágica epidemia do crack, mais uma vez, estão envolvidos os interesses destes grupos. A internação compulsória definitivamente não parece ser uma alternativa eficaz pelo fato sobejamente evidenciado de que, o sucesso de um tratamento de adição depender diretamente do desejo e da vontade do adicto em se curar. E, na ausência de outros mecanismos de apoio e reinserção social e familiar dos indivíduos, o mais provável para estas pessoas será o caminho de volta à rua e à droga.

É preciso uma consciência e mobilização da sociedade nacional assumindo a responsabilidade coletiva sobre o problema do crack no país. Mas é também necessária uma forte presença do Estado na adoção de uma política ampla, intersetorial com a oferta de serviços adequados para o enfrentamento do problema.

Paulo Amarante, Diretor de Política editorial do Cebes e Coordenador do Grupo Temático de Saúde Mental da Abrasco e Luis Eugenio de Souza, Presidente da Abrasco
A internação compulsória não pode ser executada sem os cuidados de caráter clínico e de direitos que a lei estabelece. É necessário investir em uma política de Estado que seja sólida, permanente e consistente, e não em medidas imediatistas e paliativas, talvez inspiradas por interesses outros que não o verdadeiro cuidado e tratamento das pessoas com dependência química. Vale registrar que o fracasso do tratamento calcado nas internações compulsória e involuntária (estima-se que mais de 90% destes internados buscam imediatamente a droga logo após a alta) é atribuído exatamente à falta de criação de vínculo entre o usuário e o profissional de saúde, somada, é claro, ao não desejo de se tratar. A alternativa a medidas isoladas e de pouca eficácia terapêutica, como a internação compulsória, é a constituição de redes de atenção à saúde mental, coordenadas pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). A experiência brasileira tem demonstrado a efetividade dessa estratégia, que se deve, fundamentalmente, à criação de vínculo entre a pessoa em tratamento e a equipe de saúde.
FONTE: http://www.cebes.org.br/verBlog.asp?idConteudo=4098&idSubCategoria=56

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O crack e o poder público

Antonio Geraldo da Silva: O crack e o poder público


Rio - O Governo de São Paulo dominou o noticiário nos últimos dias liderando uma cruzada pela internação compulsória de dependentes de crack que vivem nas ruas. A intenção é boa, e a iniciativa explicita o interesse do poder público estadual em resolver a questão.

Há uma necessidade premente de que as autoridades se responsabilizem pelos doentes mentais. O débito do governo federal junto à população é enorme. Na maioria das vezes, o dependente de crack é padecente de algum transtorno mental e carece de atendimento médico, antes de qualquer coisa.

Há uma enormidade de moradores de rua portadores de esquizofrenia, bipolaridade ou psicoses de uma maneira geral e que não têm acesso a nenhum tratamento, lamentável consequência do fechamento de leitos hospitalares em psiquiatria, na contramão do bom-senso: qualificar profissionais e oferecer melhores condições de atendimento a todos. Se assim fosse, a internação compulsória seria apenas o início de um plano de tratamento muito mais complexo.

Se a internação involuntária for apenas o início de um processo de tratamento para aqueles que precisam de atendimento e não tem, a iniciativa do governo está correta. Caso contrário, a iniciativa não passa de uma ‘limpeza urbana’. Contudo, vale ressaltar que a internação requer indicação médica.

A Associação Brasileira de Psiquiatria já se colocou à disposição do governo federal para tratar do assunto de forma gratuita e do ponto de vista científico, e não ideológico. Não cabe aos médicos ficar contra ou a favor a qualquer tipo de internação. Como médicos, nosso papel é indicar a internação quando necessária e, a partir daí, buscarmos o melhor tratamento. A meta de qualquer governo deve ser acompanhamento pleno de dependentes químicos, pelo tempo que precisarem.

Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria
FONTE: Jornal O DIA - http://odia.ig.com.br/portal/opiniao/antonio-geraldo-da-silva-o-crack-e-o-poder-p%C3%BAblico-1.543377

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Setur busca mais um importante evento para Brasília


A Secretaria de Turismo do Distrito Federal, empenhada em fortalecer a grande vocação de Brasília para realização de grandes eventos, está trabalhando para trazer mais um importante congresso para a cidade. Concorrendo com São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza e Porto Alegre, a capital brasileira disputa para receber, em 2014, a 32ª edição do Congresso Brasileiro de Psiquiatria.


O evento acontece anualmente e recebe cerca de 7 mil congressistas inscritos, além de movimentar quase 9 mil pessoas. Concomitante a ele também acontecem encontros paralelos, como o Congresso Internacional de Neurociência, que reúne uma média de 500 participantes internacionais principalmente de Portugal, Espanha, Reino Unido, Argentina, México, Estados Unidos e de países da África.

Nesta terça-feira (29) o secretário de Turismo do DF, Luis Otávio Neves, se reuniu com o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antonio Geraldo, com técnicos da Setur e do Comitê do Congresso para tratar da captação. “Brasília fará de tudo para receber esse Congresso. Eles já poderão usufruir do legado da Copa, além de dispor de todas as vantagens que a cidade oferece, com localização privilegiada da rede hoteleira e um aeroporto a 15 minutos do centro da cidade”, afirmou Luis Otávio Neves, secretário de Turismo do DF.

Este ano o Congresso Brasileiro de Psiquiatria acontece no mês de outubro, em Curitiba.
FONTE: http://www.setur.df.gov.br/noticias/item/2601-setur-busca-mais-um-importante-evento-para-bras%C3%ADlia.html

ção pública de internação involuntária ou compulsória de dependentes químicos

Ponto de vista

FONTE: Correio Braziliense - 21/01/2013

Você é a favor de uma ação pública de internação involuntária ou compulsória de dependentes químicos?

Sim
É louvável a ação do Estado de proteger a saúde dos dependentes químicos que moram na rua. Algumas pessoas acreditam que tem de haver desejo por parte de um usuário de drogas para que ele se trate. Essa ideia não é completamente errada, mas só se aplica aos usuários recreativos, que têm discernimento e visão crítica sobre a própria situação. Os dependentes de crack que são moradores de rua geralmente não têm esse entendimento, pois já estão escravos da droga. Então, considero uma excelente conduta do governo prestar assistência a essa população, com protocolos definidos e uma rede de atendimento adequada e baseada em achados científicos. O que não se pode fazer é experimentação ou eugenia social. Desrespeito aos direitos humanos, na minha opinião, é ver essas pessoas morrendo e não fazer nada em nome do direito à liberdade, quando um bem maior, que é a vida, está em risco.

Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria


Não
Uma política pública de internação involuntária e compulsória de dependentes químicos tem uma clara matiz higienista. É uma ação que tende a fazer com que o paciente seja apenas ocultado. Apenas tira da visão da sociedade aquilo com o que ela não quer lidar porque acha feio, reprovável. A lógica de tratamento que defendo passa pela criação de vínculos entre equipes de saúde vinculadas à atenção primária, dentro do serviço chamado de consultório de rua, e o paciente, trazendo-o dessa forma para o sistema de saúde. Não é abordagem truculenta, colocando a pessoa dentro de uma viatura e encaminhado-a para a internação contra a própria vontade. Mas sim uma abordagem baseada no vínculo criado com os profissionais de saúde ao longo de dias, se for preciso. As internações involuntárias e compulsórias sempre existiram e continuarão a existir, porque são necessárias em determinados casos, mas não como uma política pública.

Augusto César de Farias Costa, diretor de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do DF

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