Outro dado de impacto é a liderança na lista mundial de transtorno de ansiedade, calculado em aproximadamente 264 milhões de pessoas, sendo quase 18,7 milhões no Brasil, numa prevalência de 9,3% na população, o que quer dizer que quase um em cada dez brasileiros enfrenta problemas nesta seara, que inclui a chamada síndrome do pânico, fobias, transtorno obsessivo-compulsivo e desordens de estresse pós-traumático, ansiedade social e ansiedade generalizada.
De acordo com a OMS, tanto na depressão quanto na ansiedade houve forte alta no número global de vítimas frente ao último levantamento, que trazia estimativas para o ano de 2005. Na depressão, ela chegou a 18,4%, enquanto na ansiedade ficou em 14,9%. Nos dois casos, a OMS destacou que os números refletem não só o aumento da população global, mas também seu envelhecimento, o que expandiu a quantidade de integrantes nas faixas etárias mais avançadas, na qual a prevalência de ambos os transtornos é maior.
“Os idosos costumam estar mais isolados do que pessoas de outras faixas etárias”, explica Dan Chisholm, coautor do relatório. “Muitos já perderam seus companheiros, e também têm a saúde precária”.
Segundo Chisholm, no entanto, um dos dados mais intrigantes do relatório é o aumento da depressão entre os jovens, fenômeno que pode ter entre seus alicerces a popularização de novas tecnologias. “Existem fatores socioeconômicos e ambientais, como a pobreza e a proximidade com casos de violência. Mas também há o potencial efeito das mídias sociais, que talvez estejam adicionando uma carga de pressão e ansiedade”. Quanto ao Brasil em particular, Chisholm cogita que o índice estaria relacionado à situação econômica. “Pode ter algo a ver com a recessão e problemas de desigualdade de renda que são muito expressivos no Brasil”.
O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, concorda. Ele avalia que na última década fatores como a desigualdade, os desdobramentos dos casos de corrupção e a carência da rede pública de saúde contribuíram para o elevado registro da depressão no país.
“Passamos por um período de descrença. Perdemos identificação com a política e com empresas que, antes consideradas referências, estão envolvidas em escândalos. O sistema de saúde pública é péssimo. Quem adoece não melhora mais”.
Por fim, o relatório da OMS também aponta os transtornos de depressão e ansiedade como principal causa das mortes por suicídio registradas em 2015, quando chegaram a cerca de 788 mil.
 Fonte: http://ocponline.com.br/noticias/brasil-e-o-pais-mais-depressivo-da-america-latina-diz-oms