segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Caso médico - Por Antônio Geraldo

Antonio Geraldo da Silva: Caso médico

O programa ‘Mais Médicos’ perpassa todas as especialidades, dentre elas a psiquiatria


O DIA
Rio - Após a polêmica sobre a importação de médicos estrangeiros no Brasil, outra discussão acalorada vem à tona: a suposta receita médica contendo erros de dosagem, prescrita por um profissional argentino entre várias outras que correm na internet. Creditar o vazamento desta informação à insatisfação dos médicos brasileiros seria simplista e ingênua. Os médicos, quando não aceitaram as condições para suprir carências de profissionais alardeada pelo governo, não estavam evitando morar no Maranhão ou em Rondônia por um capricho, mas sim se preservando de atender pacientes sem leito, material adequado, infraestrutura ou higiene, no Sudeste ou nos rincões do Norte do país.
O programa ‘Mais Médicos’ perpassa todas as especialidades, dentre elas a psiquiatria. O tema em questão será debatido esta semana em Curitiba, durante o 31º congresso da especialidade, que reunirá mais de seis mil pessoas. Quase 30% da população brasileira padecem de algum tipo de transtorno psiquiátrico, como depressão, bipolaridade, ansiedade e autismo.
Mais urgente do que dispor de mais médicos, estas mais de 40 milhões de pessoas precisam de acesso a exames e a medicamentos e tratamentos preventivos, atendimento ambulatorial, internação quando prescrita por médico capacitado, qualificação do atendimento nos CAPs (Centros de Atenção Psicossocial), sucateados na última década, e tantas outras carências com as quais os médicos lidam diariamente.
A atual discussão sobre o exercício da medicina no Brasil por estrangeiros tira o foco do ponto primordial – as condições de trabalho dos médicos – e tenta desvirtuar-nos de uma realidade: estamos entre os melhores médicos do mundo e este patrimônio, construído em parceria com os brasileiros, não deve ser questionado por nenhum governante.

Psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria

Fonte: http://odia.ig.com.br/noticia/opiniao/2013-11-05/antonio-geraldo-da-silva-caso-medico.html

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Droga usada por concurseiros traz riscos à saúde

Droga usada por concurseiros traz riscos à saúde, diz presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria
Foto: Reprodução
Uma droga tem ganhado espaço entre os chamados concurseiros (aqueles que realizam regularmente concursos públicos). Estimulada no mercado financeiro americano, não demorou a chegar ao Brasil uma droga estimulante (cloridrato de metilfenidato), mais conhecida como ritalina. O fármaco é usado para diminuir o cansaço, como também para melhorar a desempenho e aumentar a produtividade. Recomendado para pessoas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), o medicamento apresenta risco de sobrecarga de rim, de coração, e o corpo pode entrar em estresse, além da possibilidade de surgimento de transtornos psicóticos e de ansiedade, alerta o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva. O remédio, apesar de ser de tarja preta (vendido com receita amarela), chega fácil a quem não necessita dele. “As pessoas compram pela internet, no mercado negro das farmácias, em classificados. Mas esse não é um medicamento que pode ser usado por qualquer um", aconselha o médico. Segundo a consultoria IM Health do Brasil, de julho de 2012 a julho de 2013 foram vendidos no Brasil 2,75 bilhões de caixas com metilfenidato, o equivalente a R$ 54,2 bilhões. Entre os efeitos colaterais da ritalina estão insônia, euforia, taquicardia, ressecamento de mucosa, hipertensão, angina de peito e dependência química. De acordo com a psiquiatra Analice Gigliotti, diretora do Espaço Clif, o principal problema das chamadas “smart drugs” é desenvolver dependência, mesmo risco que existe com álcool e maconha, por exemplo. Informações de O Globo.


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Doenças mentais são as que mais afetam a qualidade de vida

SAÚDE

Doenças mentais são as que mais afetam a qualidade de vida

Estudo mundial conclui que pacientes com males psiquiátricos convivem com mais restrições nas atividades diárias

  • 15/09/2013, 00:04
  • DIEGO ANTONELLI
A qualidade de vida da população mundial é profundamente prejudicada pelas doenças mentais. Estudo publicado no final de agosto pela revista científica The Lancet revela que quase 23% dos anos vividos com algum tipo de incapacidade se devem a transtornos como ansiedade e depressão, e ao uso de drogas. Esses distúrbios superam doenças como aids, tuberculose, diabetes ou lesões provocados por acidentes.
Baseado em estatísticas de 187 países levantadas pelo relatório “Carga Global de Doenças”, divulgado em janeiro deste ano, o estudo chama a atenção para a necessidade de políticas públicas para se lidar com os problemas que atingem a mente – o mais comum deles é a depressão (veja infográfico ao lado).
Os autores apontam que há uma lacuna entre o número de pessoas que sofrem com esses transtornos e a reduzida oferta de serviços de saúde. A pesquisa ainda relata que historicamente os transtornos psiquiátricos não têm sido uma prioridade de saúde global.
No Brasil, a situação não é diferente. Segundo o Mi­­nistério da Saúde, a estrutura atual tem capacidade de realizar 40 milhões de procedimentos por ano. Porém, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) estima que 46 milhões de pessoas sofram de algum distúrbio mental no país. Como o tratamento exige mais de uma consulta por ano, é possível afirmar que existem milhões de pessoas que não conseguem atendimento na rede pública de saúde.
O presidente da ABP, An­­tônio Geraldo da Silva, diz que o país convive com a ausência de um tratamento adequado aos portadores de transtornos mentais. “Faltam políticas públicas corretas. Onde eu levo uma pessoa que tentou suicídio? Não sei, pois não temos estrutura”, ressalta. Segundo ele, os Centros de Atenção Psicossociais (Caps) não são suficientes para tratar os pacientes. “Neles, os pacientes nem sempre têm condições de dar continuidade ao tratamento. As unidades básicas também não dão conta disso, já que não têm psiquiatras. Precisamos de ambulatórios específicos para atender pacientes com distúrbio mental. Não temos estrutura para internamento”, afirma Silva.
Rede de apoio
Hoje, o Brasil possui 33.454 leitos de internação psiquiátrica via SUS. Em 2005, segundo o banco de dados do Ministério da Saúde (Datasus), eram 46,5 mil. Foi naquele momento que teve início a política de evitar internações.
O presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria (SPP), André Rotta, acredita que a melhor forma de organizar o atendimento em saúde mental é formar uma rede de apoio sem que uma estrutura, como hoje é o Caps, se sobressaia. “Faltam trabalhos bem estruturados que possam determinar a incidência das doenças psiquiátricas na população. Sem estes dados fica muito difícil organizar uma política de atendimento adequada para esses pacientes”, revela.
Terapia no Caps é contraponto às internações
Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são considerados pelo poder público como a melhor alternativa para atender pessoas com transtornos mentais. Ao lado das unidades básicas de saúde, os Caps deveriam funcionar como centros de acompanhamento para as pessoas que sofrem de doenças, como depressão e distimia, e transtornos provocados por uso de drogas e álcool.
Esse formato de tratamento foi incorporado no Brasil com a Lei da Reforma Psiquiátrica, sancionada em 2001. Segundo a legislação, a internação deixou de ser a única via de atendimento ao paciente psiquiátrico para ser uma alternativa em casos de surto. “Existem doentes mentais graves que precisam de internação. Por isso não poderiam fechar leitos psiquiátricos. Será que resolveria o problema da ortopedia se os leitos ortopédicos fossem fechados?”, questiona o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva.
O Ministério da Saúde informa que atualmente o acesso para o tratamento é igual para todos. Basta que o paciente compareça a uma unidade de saúde mais próxima para dar início ao tratamento. Atualmente, o Brasil conta com 2.004 Caps.
“Caso seja necessário, os Caps 24 horas possuem estrutura para curtas internações. Isso porque estudos comprovam que 90% dos pacientes em crise saem desse estado em aproximadamente cinco dias”, informa a assessoria de imprensa do Ministério. O órgão informa que o intervalo das consultas varia de acordo com a resposta ao tratamento de cada paciente.
Apoio
A rede de saúde mental, conforme o Ministério, pode ser constituída por vários dispositivos assistenciais. Essa rede conta com ações de saúde mental na atenção básica, os Caps, serviços residenciais terapêuticos, leitos em hospitais gerais e ambulatórios e deve funcionar de forma articulada.

INVESTIMENTO
Paraná amplia rede para suprir lacuna no atendimento
A psiquiatra Maristela da Costa Sousa, da Divisão de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do Paraná, afirma que o estado já reconhece que há uma lacuna no atendimento à saúde mental. “Por isso, há uma ampliação no número de Caps e a capacitação constante dos profissionais que atendem essa área, especialmente nas unidades básicas”, salienta. No primeiro semestre de 2012, o estado possuía 94 Caps e hoje já são 105. “Implantamos uma rede de atendimento na saúde mental, incluindo a atenção básica, que é o local de atendimento mais próximo da comunidade. Nela, as pessoas fazem o acompanhamento da doença”, afirma. Maristela explica que, em caso de um portador de distúrbio ter algum surto psicótico, a recomendação é acionar as unidades de emergência, como o Samu, que, por sua vez, necessita encaminhar o paciente para ser avaliado e, caso seja necessário, internado em hospital apropriado.
2.374 leitos de internação psiquiátrica são disponibilizados hoje pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Paraná. O número, segundo o banco de dados do Ministério da Saúde, é 33% menor que a quantidade existente em 2005. De acordo com a OMS, para uma assistência psiquiátrica adequada é necessário um leito psiquiátrico para cada mil habitantes. No Paraná, o índice é 0,22 leito por mil moradores.
2.004 Centros de Atenção Psicossocial (Caps)estão em funcionamento em todo o país hoje. Esse número vem aumentando gradativamente. No primeiro semestre de 2012, o Paraná possuía 94 Caps. Hoje são 105. Segundo o Ministério da Saúde, os centros são a principal alternativa de tratamento aos doentes de transtornos mentais. A internação é indicada apenas em casos de surto.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Psicofobia chega à televisão

Tv Canal 20 - Conversa Fiada - Dr. Antônio Geraldo Silva - Bloco 002

Programa Sem Censura - TDAH

Tv Canal 20 - Conversa Fiada - Dr. Antônio Geraldo Silva - Bloco 003

Tv Canal 20 - Conversa Fiada - Dr. Antônio Geraldo Silva - Bloco 001

terça-feira, 3 de setembro de 2013

'Tráfico é uma questão de política e dependentes, de saúde pública'

 

'Tráfico é uma questão de política e dependentes, de saúde pública'

Helvécio Magalhães, da Secretaria de Atenção à Saúde, e Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, debatem o problema do crack no Brasil com Alexandre Garcia.

Sem muito progresso, há um ano o governo tenta tirar do Centro de São Paulo viciados em crack e agora anunciou a internação de usuários. No Rio de Janeiro, a internação começou a sete meses, abrigando 123 crianças e adolescentes.

Segundo Helvécio Magalhães, secretário de Atenção à Saude, do Ministério da Saude, “em situações em que a pessoa não tem o controle, típico em dependência química, é possível a internação involuntária”.
O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antonio Geraldo da Silva, rebate: “Vemos a internação involuntária com desconfiança. Há um distância muito grande entre o que se discursa e o que se implementa. Precisamos fazer políticas públicas diretamente para a resolução do problema”.

Uma comissão especial da Câmara Federal sobre política de drogas aprovou em dezembro um parecer que altera a Lei Nacional Anti-Drogas O projeto de lei, que pode ser votado em fevereiro, estabelece as responsabilidades dos governos federal, estadual e municipal e aumenta a pena para traficantes, prevendo a internação por até seis meses. O Ministerio da Saude está criando 10 mil vagas para comunidades terapêuticas a fim de acolher dependentes de drogas.
“Tráfico é uma questão de política de segurança e dependentes são questão de saúde pública”, explica Magalhães.
Confira no vídeo o debate comandado por Alexandre Garcia.

Fonte: http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2013/01/trafico-e-uma-questao-de-politica-e-dependentes-de-saude-publica.html

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A psicofobia e o peso das palavras

A psicofobia e o peso das palavras

O preconceito contra quem sofre de transtornos mentais pode virar crime

CRISTIANE SEGATTO
Pouco antes de morrer, em março do ano passado, o humorista Chico Anysio decidiu entrar na luta contra o preconceito que cerca as doenças mentais. Ele sofria de depressão e, num sábado à tarde, recebeu em casa o médico Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), para gravar um depoimento.

Durante a conversa, Chico fez um comentário e uma sugestão:
– Antigamente existiam carros usados. Agora chamam de “seminovos”. As coisas hoje têm esses nomes. Crie um nome para o preconceito.

O conselho do comunicador não foi esquecido. Muitas reuniões depois, a ABP lançou o termo “psicofobia”. Atualmente ele é adotado para designar atitudes preconceituosas e discriminatórias contra as deficiências e os transtornos mentais. O uso da palavra se disseminou. Uma busca rápida no Google aponta 16 mil textos em que ela é citada.

A psicofobia pode virar crime. O senador Paulo Davim (PV-RN) propôs uma emenda para incluir esse tipo de preconceito no projeto de lei de reforma do Código Penal Brasileiro. Vários senadores, entre eles Aécio Neves (PSDB-MG), apoiam a proposta.

Cerca de 23 milhões de pessoas (12% da população) necessitam de algum atendimento em saúde mental no Brasil, segundo uma estimativa conservadora da Organização Mundial da Saúde. Quem sofre de depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtorno obsessivo-compulsivo, entre outras doenças, sabe que o preconceito se manifesta de formas variadas e perversas.

Com medo de ofender os pacientes, médicos deixam de encaminhá-los ao psiquiatra. Os pacientes que recebem encaminhamento desistem de procurar o especialista por medo do diagnóstico e da discriminação que ele e a família passarão a sofrer.

O estigma destrói a autoestima dos doentes. Eles deixam de procurar emprego ou de lutar por assistência adequada. Estima-se que no Brasil 58% dos casos de esquizofrenia não recebem tratamento.

Muita gente acredita que os doentes mentais são violentos. As notícias sobre crimes ajudam a perpetuar essa crença. “93% das pessoas com doença mental não são violentas, mas isso nunca é notícia”, diz o professor Wagner Gattaz, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Pouco depois do chamado Massacre do Realengo, quando um ex-aluno entrou numa escola no Rio de Janeiro, matou 12 adolescentes, feriu outros 12 e se matou, os pacientes de Gattaz passaram a relatar ainda mais dificuldades.

“Eles diziam que a família estava com medo, que os amigos passaram a evitá-los e que deixaram de conseguir emprego porque as pessoas achavam que eles poderiam passar fogo em todo mundo a qualquer momento”, diz Gattaz.

Não nos damos conta, mas uma das formas mais eficientes de perpetuar o preconceito contra os doentes mentais é aplicar termos da psiquiatria fora do contexto. Quem nunca fez isso?
A imprensa é mestre na arte do uso metafórico da palavra esquizofrenia. Os portadores dessa doença apresentam períodos em que têm dificuldade para distinguir o real do imaginado. Podem ocorrer mudanças na forma de pensar e sentir, com prejuízo das relações afetivas e do desempenho profissional e social.

Esquizofrenia é isso, mas na linguagem corrente passou a designar todas as mazelas da política, da economia e as esquisitices da cultura pop. Faltou palavra? Tascamos um esquizofrênico e todo mundo entende o que queremos dizer.

Uma amostra dessa prática foi reunida num interessante estudo sobre o estigma da esquizofrenia na mídia, assinado por Francisco Bevilacqua Guarniero, Ruth Helena Bellinghini e Wagner Gattaz.
O uso metafórico da palavra “esquizofrenia” e, principalmente, “esquizofrênico (a)”, nos sentidos de “absurdo”, “incoerente” e “contraditório” é recorrente.

Nas colunas de política, são esquizofrênicos: o governo, o Judiciário, as relações Brasil-Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a Comunidade Europeia.
Nas colunas de economia, esquizofrênicas são a política cambial e a política econômica.
Nas editorias de artes e espetáculos, quase tudo é classificado como esquizofrênico(a):
• O Festival de Cinema de Gramado
• O show da cantora Cyndi Lauper (que passa de “clássicos a platitudes pop”)
• O ritmo do musical Evita
Batman
• O ator (que se despe de si mesmo para vestir um personagem, segundo a atriz Bruna Lombardi)
• A infelicidade de hoje (segundo o cineasta e colunista Arnaldo Jabor)
• Rose, a vizinha do personagem Charlie Harper na série Two and a Half Man
• A cantora Madonna (que na adolescência não se decidia entre ser freira e popstar, segundo ela mesma)
• O jornal The New York Times (por cobrar pelo acesso online, mas distribuir conteúdo gratuitamente nas redes sociais)
Seria divertido se não fosse trágico. A assistência à saúde mental no Brasil vive uma crise profunda. ÉPOCA contou isso aqui. Há uma luta ideológica entre os psiquiatras e parte dos psicólogos. As famílias estão desesperadas. Falta acesso a medicamentos, ambulatórios e leitos psiquiátricos para internar os pacientes nos momentos de crise. Apenas 2% dos gastos do SUS são destinados à saúde mental.

Mudar isso tudo depende de mobilização, dinheiro e disposição para a luta política. Combater o estigma não custa nada e depende da vontade individual. Um bom começo é pensar nas palavras que escolhemos e repetimos. Elas têm peso e consequência.

(Fonte: Cristiane Segatto escreve às sextas-feiras - http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/cristiane-segatto/noticia/2013/08/psicofobia-e-o-peso-das-palavras.html)

 

quarta-feira, 26 de junho de 2013

O começo do apagão

O começo do apagão

Simples lapsos de memória — como esquecer as chaves de casa ou as ordens do chefe —, quando frequentes, merecem um olhar aprofundado do psiquiatra, de acordo com o DSM-5. "a medida vale, porque não raro doenças mentais acarretam maior esquecimento", concorda a neurologista elza dias tosta da Silva, presidente da academia Brasileira de Neurologia. e, ao lidar com o transtorno, as lembranças, ao menos em tese, voltariam a se mxar na cabeça. "além disso, mais de 40% dos pacientes com comprometimento cognitivo leve apresentam sintomas psiquiátricos antes de manifestarem prejuízos signimcativos na memória", corrobora arhur Berberian, neuropsicólogo da Unifesp.
 Fonte: http://saude.abril.com.br/edicoes/0364/medicina/novo-guia-psiquiatria-744265.shtml

terça-feira, 25 de junho de 2013

A perda de um ente querido


A perda de um ente querido

o luto está entre os momentos mais pesados que alguém chega a experimentar. daí por que padecer com uma tristeza profunda até dois meses após a morte de um familiar ou amigo era considerado uma situação normal. Não mais: o DSM-5 encurtou esse prazo para no máximo duas semanas. vencido o limite, estamos diante da depressão. "o tempo não é o principal fator em jogo aí. a intensidade dos sintomas e certos comportamentos que distinguem melhor a melancolia da depressão é que contam para valer", disseca Jannuzzi Cunha. Um baixo-astral que dura bastante, mas que melhora aos poucos, não requereria medicação. Já um desalento opressivo, que faz a pessoa querer se matar, por exemplo, não poderia esperar nem sequer 14 dias.

 Fonte: http://saude.abril.com.br/edicoes/0364/medicina/novo-guia-psiquiatria-744265.shtml

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Cama, só para dormir

Cama, só para dormir

 Seis meses sem nenhum interesse sexual mesmo com uma vida social ativa, segundo o DSM-5, é sinal de problema. "Isso com certeza tem que ser examinado, porque o cenário geralmente esconde um distúrbio ou questão emocional que pedem atenção", reflete Saadeh. O detalhe é que, nesse ponto, os criadores do compêndio se concentraram apenas no sexo feminino. "As mulheres se queixam mais da falta de apetite sexual, mas isso não quer dizer que esse sintoma, nos homens, também não mereça uma avaliação", ressalta Saadeh.

 Fonte: http://saude.abril.com.br/edicoes/0364/medicina/novo-guia-psiquiatria-744265.shtml

domingo, 23 de junho de 2013

A cabeça dos pequenos

A cabeça dos pequenos

Irritabilidade e explosões de raiva frequentes, no tempo das nossas avós, eram sinônimo de birra e, como tal, tratadas com bronca. No entanto, O DSM-5 afirma que essas reações, se constantes por um ou mais anos, caracterizam um mal batizado de desregulagem perturbadora de humor, que demanda intervenção profissional. "Não podemos descartar a hipótese de que esses comportamentos sejam resultado de uma patologia escondida", opina Alexandre Saadeh, psiquiatra da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. "Mas esse cenário é uma exceção. No geral, birra é birra e quem resolve isso são os pais", analisa. O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) também mudou. Antes, só era diagnosticada a criança que não conseguia ficar parada ou que apresentava dificuldade de concentração com 7 anos ou menos. Entre outras alterações, o limite de idade subiu para 12. "Faz sentido, pois é nessa fase que acompanhar as aulas fica difícil para alunos com TDAH e, então, o diagnóstico fica mais nítido", comenta Saadeh. O psiquiatra Allen Frances discorda: "Isso gerará uma epidemia da doença. O dinheiro gasto com remédios para lidar com esses supostos novos casos seria mais bem desembolsado se investido em educação de qualidade."

 Fonte: http://saude.abril.com.br/edicoes/0364/medicina/novo-guia-psiquiatria-744265.shtml

sábado, 22 de junho de 2013

Nada vai para o lixo!

Nada vai para o lixo!

Antes tido como um possível sintoma do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), o acúmulo exagerado e persistente de objetos passa a ser uma desordem por si só. "Ela inclusive causa prejuízos sociais, e, portanto, não deve ser negligenciada", defende David Kupfer, mentor do DSM-5. "Na prática, já cuidávamos de pessoas assim. Só é fundamental que o especialista não confunda esse distúrbio com características normais de um colecionador ou de uma mãe que guarda fotos e brinquedos dos filhos", pondera Esdras Vasconcellos, psicólogo da USP.
 Fonte: http://saude.abril.com.br/edicoes/0364/medicina/novo-guia-psiquiatria-744265.shtml

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Gula no divã

A compulsão alimentar periódica, que consiste em episódios recorrentes de abusos à mesa, agora faz parte do DSM. "Ela atinge até 30% dos pacientes que buscam tratamento para a obesidade", informa Jair Mari, psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "A inclusão é positiva, porque chama a atenção para um problema sério, que exige cuidados e, dependendo do caso, até medicação", atesta o neuropsicólogo Paulo Jannuzzi Cunha, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC). Aliás, a compulsão por jogos de apostas também ganhou seu espaço. "Tomara que isso abra as portas para outros vícios comportamentais, como o por computador, serem avaliados no futuro", torce Jannuzzi Cunha.

Fonte: http://saude.abril.com.br/edicoes/0364/medicina/novo-guia-psiquiatria-744265.shtml

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Como o novo guia da psiquiatria pode afetar você?

Como o novo guia da psiquiatria pode afetar você

O recente manual da Associação Americana de Psiquiatria gerou grandes discussões entre os experts sobre o que difere uma emoção normal de um transtorno. Mas, afinal,o que isso tem a ver com sua saúde?

 O mês de maio marca o lançamento da quinta edição do Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais, conhecido pela sua sigla em inglês: DSM-5. O documento, uma iniciativa da Associação Americana de Psiquiatria, reúne cerca de 300 distúrbios, todos com definições baseadas em sintomas detalhadíssimos. Uma análise simplista diria que, com descrições tão específicas sobre cada problema, o livro dispensaria a necessidade de um especialista — basta verificar se você se enquadra em determinada chateação e, aí, realizar o tratamento indicado. Até por isso, o guia vem sendo apelidado por muita gente de a bíblia dessa área da medicina.

“Mas, que fique claro, o DSM está longe de ser uma bíblia, e o simples fato de estarmo diante da sua quinta versão prova isso”, rebate o psiquiatra Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria. “Como nas edições anteriores, essa traz itens polêmicos que de forma alguma devem ser vistos como verdades absolutas no consultório médico”, alerta.

Sem dúvida, a diretriz está dando o que falar. O alvoroço gira ao redor da definição de novas doenças e do, digamos, afrouxamento de critérios para diagnosticar uma série de males. De um lado, críticos afirmam que essa postura deixará cada vez mais tênue a linha que diferencia uma emoção natural de uma patologia. “Se seguirmos o que está escrito no DSM-5, o luto se transformará em depressão, o esquecimento em comprometimento cognitivo leve, a birra das crianças em desregulagem perturbadora de humor, e por aí vai”, argumenta o psiquiatra Allen Frances, da Universidade Duke, nos Estados Unidos. Há quem aponte inclusive que as alterações visam enriquecer empresas farmacêuticas — um estudo da Universidade de Massachusetts, também nos Estados Unidos, sugere que em torno de 70% dos profissionais diretamente envolvidos com a criação do manual estariam ligados a essas indústrias.

Na contramão, defensores da obra alegam que os ajustes e o maior número de enfermidades são fruto de artigos científicos sérios e da própria modernidade. Não dá para negar que a vida hoje em dia é diferente da de décadas atrás e, portanto, está sujeita a piripaques antes inexistentes ou pouco percebidos. “Fizemos mudanças conservadoras. O objetivo foi delinear com precisão desordens mentais que têm um impacto real nas pessoas, não elevar o número de diagnósticos”, garante David Kupfer, chefe da força-tarefa que elaborou o DSM-5.

“A psiquiatria americana saiu, muitos anos atrás, do extremo da subjetividade para aterrissar, hoje, no ápice da objetividade. E o DSM-5 reflete essa tendência”, raciocina Paulo Jannuzzi Cunha, neuropsicólogo do HC. O medo é que, ao se concentrar demais em sintomas e pouco na biografia do sujeito, os experts acabem receitando fármacos além da conta. “A maioria dessas drogas traz efeitos colaterais”, destaca Márcia Maria de Souza, farmacologista da Universidade do Vale do Itajaí, em Santa Catarina. “Certos antidepressivos, por exemplo, às vezes provocam problemas intestinais e cardiovasculares, sonolência, impotência...”, enumera.

Contudo, não é um livro que, sozinho, decide o futuro de alguém. “Ele dá uma base, porém é o acompanhamento do indivíduo ao longo do tempo que mais aumenta a chance de sucesso no diagnóstico e na terapia”, esclarece Antônio Egídio Nardi, psiquiatra da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ao sentir que precisa de ajuda, vá atrás de um bom médico e confie nas decisões dele, sem
pressioná-lo por resultados imediatos.


O nosso guia oficial
Nos Estados Unidos, o DSM-5, fora direcionar os clínicos, serve de base para as empresas de seguro de saúde cobrirem gastos médicos. Esse documento não tem tamanha força em território verde e amarelo. “As diretrizes seguidas pelas seguradoras e que mais influenciam na prática do psiquiatra no Brasil são as presentes na Classificação Internacional de Doenças, a CID, da Organização Mundial da Saúde (OMS)”, diz Silva.


Como já mencionamos nesta reportagem, o DSM-5 define problemas mentais diversos de acordo com uma série de sintomas. “Entretanto, no futuro não vai ser assim”, aposta Jair Mari. “Acredito que descobriremos alterações visíveis no cérebro decorrentes de problemas mentais e, então, traçaremos os diagnósticos também a partir delas, apoiados em exames de imagem”, especula.

A alegação está longe de ser infundada, porque a neurociência traz cada vez mais detalhes sobre como a massa cinzenta funciona. “Acontece que nossa cabeça é muito complexa e revela seus segredos aos poucos. Essa revolução é excitante, mas temos um longo caminho pela frente antes que ela chegue aos consultórios médicos”, contextualiza Allen Frances. Está aí a razão pela qual o DSM-5 não abordou o tema dos exames de imagem, embora tenha, sim, ocorrido debate sobre ele durante sua feitura.

Mas — olha que curioso — há uma seção inteira apenas sobre condições a serem estudadas a partir de agora para eventualmente conquistarem sua vaga definitiva em uma edição atualizada. “Trata-se de um documento vivo, e isso é bastante favorável”, diz Antonio Geraldo da Silva. Entre as moléstias colocadas no limbo está o vício por jogos de internet (veja na tabela à direita essa e outras pendências abordadas). “Isso mostra como o DSM-5 não pode ser a única fonte de referência de um psiquiatra”, declara Silva. “Se um paciente chegar ao meu consultório com indícios de não conseguir parar de mexer no computador, eu não esperarei a nova versão desse manual para intervir”, arremata.


Em outras palavras, o foco de todos precisa mirar a busca pelo bem-estar. Dessa maneira, os especialistas tirarão o melhor de qualquer manual — em vez de encará-los como uma tábua de mandamentos — e você assegura a paz com sua mente e suas emoções.

Males que talvez sejam incluídos na próxima edição do DSM 
Síndrome atenuada da psicose: seria um estágio anterior do transtorno. Tratar cedo evitaria os surtos. Será?
Automutilação não Suicida: há evidências do quadro, porém o assunto carece de pesquisas.

Desordem do uso de jogos na internet: como se trata de uma encrenca relativamente recente, optou-se por estudar mais sobre ela.

Acompanhe as próximas postagens de continuação. Serão 05 assuntos. (Compulsão Alimentar, Sexo, TDAH, TOC, Simples Esquecimento?) 
Fonte: http://saude.abril.com.br/edicoes/0364/medicina/novo-guia-psiquiatria-744265.shtml

quarta-feira, 19 de junho de 2013

“Paciente com depressão tem medo de ser tachado de louco”, diz especialista

Segundo médico, preconceito é uma das barreiras para a falta de adesão ao tratamento



A depressão ainda é uma doença estigmatizada que envolve muitos mitos e tabus. De acordo com o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), os pacientes têm preconceito e medo de serem tachados de loucos ou doentes mentais, por isso demoram a procurar ajuda médica e, consequentemente, aderir ao tratamento.
— Esta demora pode acarretar na cronificação do quadro, o que dificulta a remissão da doença. Por isso, o primeiro passo é vencer o medo do diagnóstico.
Com depressão e transtorno bipolar, PC Siqueira desabafa: "muito ruim viver assim"
Ultrapassada a primeira barreira, o segundo passo é avaliar o estágio da depressão. Segundo o psiquiatra Kalil Duailibi, coordenador do departamento de psiquiatria da Unisa (Universidade de Santo Amaro), nem todo diagnóstico exige uso de medicação.
— No caso de uma depressão leve, a orientação é fazer psicoterapia, mudar hábitos e praticar atividade física, de preferência aeróbia, quatro vezes por semana. O uso de antidepressivo geralmente é prescrito em quadros moderado e grave.
Genética, personalidade e trauma podem levar à depressão, alerta especialista
O especialista acrescenta que “os remédios não causam dependência e podem ser administrados com segurança por muito tempo”.
— O tempo de uso pode variar de meses a anos e somente 10% das pessoas que sofrem de depressão vão precisar manter o tratamento para o resto da vida.
"Passei quase um mês trancada em casa chorando e dormindo", diz estudante que sofre de depressão
Segundo o presidente da ABP, a interrupção do antidepressivo nunca deve ser feita de forma abrupta. A orientação é diminuir as doses de forma lenta e gradativa, com orientação médica, para evitar recaídas. Kalil acrescenta que “estar se sentindo bem não significa deixar o remédio de lado”.
— Isso é um erro. A meta do tratamento da depressão é contribuir para que a pessoa volte a ter uma vida normal, ou seja, sinta prazer nas atividades habitualmente agradáveis e seja reintegrada em todas as esferas de sua vida: social, afetiva e profissional.
Segundo dados da ABP, mais de 80% das pessoas com depressão podem melhorar se receberem o tratamento correto.
Abandono do tratamento
De fato, o medicamento pode levar até 15 dias para começar a ter boa ação antidepressiva. No entanto, os efeitos colaterais são imediatos, o que dificulta bastante a adesão ao tratamento e faz com que o paciente queira abandoná-lo precocemente, conforme explica Kalil.
— A maioria dos pacientes interrompe o tratamento duas a três vezes até perceber que ficam mais vulneráveis a ter novas crises. A partir daí, costumam seguir as orientações médicas.
Entre os efeitos desagradáveis, o médico cita boca seca, prisão de ventre, visão turva, diminuição da libido, insônia e ganho de peso. Mas, para Geraldo, estes não são motivos suficientes para suspender a medicação.
— Apesar das desvantagens dos efeitos colaterais, a medicação promove uma melhora significativa da depressão. Além disso, temos muitas classes de medicamentos, que conseguem atender cada perfil de paciente.
O presidente da ABP alerta que pessoas que já tiveram um quadro de depressão têm 50% de chance de ter outro. Para quem já teve dois episódios, o risco aumenta para 70% e, para quem teve três, sobe para mais de 90%.
Depressão é uma doença feminina
A depressão pode ocorrer em qualquer ciclo da vida, mas como o sexo feminino passa por vários processos hormonais, as mulheres estão mais vulneráveis para a depressão, alerta Kalil.
— Entre 12 e 55 anos a depressão afeta quatro mulheres para cada homem, enquanto na infância e terceira idade a proporção é mais equilibrada, de uma mulher para cada homem.
A ex-BBB Fani Pacheco, de 30 anos, faz parte desta estatística. Em entrevistas a jornais e revistas, Fani já assumiu ter depressão desde os 22 anos e garantiu que ficar sem medicamento a faz se sentir desmotivada e sem vontade de fazer nada.
Segundo Geraldo, a depressão não é tristeza, mas pode vir acompanhada deste sentimento, assim como melancolia, desânimo, falta de interesse por qualquer atividade, alterações do sono e do apetite, pensamentos negativos, desesperança e desamparo.
— A depressão tira as forças da pessoa, mas com o tratamento adequado este quadro pode ser revertido.


Entre 12 e 55 anos a depressão é mais comum no sexo feminino, afetando quatro mulheres para cada homem
FONTE: http://noticias.r7.com/saude/paciente-com-depressao-tem-medo-de-ser-tachado-de-louco-diz-especialista-18062013

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Sorteio perverso


Clique na reportagem para melhor visualização.
Fonte: Folha de S.Paulo

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Carlos Salgado e Antonio Geraldo da Silva: Sorteio Perverso

`Para visualizar melhor, clique na figura
ou leia  http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/107633-sorteio-perverso.shtml
"Classificar maconha como droga leve e até terapêutica é ingênuo, se não malicioso. Ela pode piorar os quadros psiquiátricos mais comuns"

 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Redução de danos para tratamento do crack causa polêmica

Redução de danos para tratamento do crack causa polêmica

Para tratar usuários de crack, um Centro de Referência em Saúde Mental de Minas Gerais optou pela troca da pedra, por drogas mais leves e lícitas, como álcool e tabaco. A iniciativa vem apresentando indicadores positivos, mas está longe de ser um consenso entre os que trabalham no tratamento de dependentes químicos. Natália Pereira entrevista o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, sobre a eficiência da medida.
 
 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Transtorno obsessivo-compulsivo é 'pop', mas faz da vida um inferno

Transtorno obsessivo-compulsivo é 'pop', mas faz da vida um inferno

A declaração recente de uma celebridade do esporte, uma peça em cartaz e novas pesquisas científicas trazem de volta à cena o lado mais pop do TOC, o transtorno obsessivo-compulsivo.
O famoso da vez a assumir publicamente que tem o transtorno é o ginasta Diego Hypólito, 26. No mundo das artes, peças como "Toc Toc", em cartaz em São Paulo, e personagens como Sheldon Cooper, da série "Big Band Theory", fazem que o nome e os sintomas da doença estejam na boca do povo.
A popularidade é impulsionada porque quase todas as pessoas se acham um pouco portadoras do transtorno. E quem não tem uma tia, um amigo ou um parceiro com alguma maniazinha excessiva de limpeza ou de arrumação?
"Pensamentos indesejados e rituais todo mundo tem. A pessoa pode até achar estranho, mas para por aí. A questão é como eles interferem no cotidiano e quanto sofrimento trazem", diz a psiquiatra Roseli Shavitt, coordenadora do Protoc (Projeto Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo), do Instituto de Psiquiatria da USP.
Diego Hypólito conta que tinha os sintomas desde o início da adolescência, mas só aos 18 anos se deu conta de que os rituais o atrapalhavam.
"Às vezes as pessoas nem notavam, mas desde a hora em que eu acordava era um monte de coisa que eu tinha de fazer. Começou a me incomodar", diz o atleta.
Ao perceber isso, Hypólito foi tratar o problema em terapia. Mas a maioria das pessoas demora mais para procurar ajuda.

Famosos Obsessivos-compulsivos

"Há um caso de paciente que demorou mais de 40 anos para procurar tratamento. E é comum as pessoas passarem dez anos sofrendo sem procurar ajuda", afirma a psiquiatra Christina Hajaj Gonzales, do Centro de Assistência, Ensino e Pesquisa do Espectro Obsessivo-Compulsivo da Unifesp.
E isso mesmo com toda a exposição dos sintomas da doenças no cinema e na TV.

"O transtorno pode ter caído nas graças da indústria de entretenimento, ficou mais fácil as pessoas aceitarem. Aí vira pop, fica até chique dizer 'eu tenho TOC'. Isso pode ajudar a diminuir o preconceito, mas não dá para banalizar, achar que não é sério", diz Antonio Geraldo da Silva, presidente da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

Visto nas telas e nos palcos, dá até para rir do problema --os próprios pacientes consideram muitos de seus hábitos ridículos ou bizarros--, mas na vida real não é tão engraçado assim.
Uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Unesp mostrou que 33% das pessoas com TOC já pensaram em suicídio e 11% já tinham tentado se matar de fato.
"As pessoas não levam a sério porque não imaginam o grau de incapacitação e a dor que a doença pode causar", diz a psiquiatra Albina Rodrigues Torres, da Unesp.

Saiba identificar o TOC; o que os estudos sobre o transtorno revelam

Uma rede de pesquisadores e instituições de vários Estados do Brasil permitiu ao país montar a maior base de dados existente sobre pacientes com TOC.
Completando dez anos de atividade, o C-TOC (Consórcio Brasileiro de Pesquisa em Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo) chegou a conclusões importantes sobre as características e as formas de tratar o problema.
"Temos evidências de que tanto a terapia cognitivo-comportamental quanto os medicamentos, usados de forma independente, são igualmente eficazes para os casos leves e moderados", diz a psiquiatra Roseli Shavitt, do Instituto de Psiquiatria da USP.
Em casos mais graves, é preciso combinar a psicoterapia com uma classe de antidepressivos, os inibidores de recaptura de serotonina.
"Os medicamentos não mudam o comportamento diretamente, mas diminuem a ansiedade e o desconforto causados pelos medos. Já a terapia incentiva o paciente a enfrentar a situação ou pensamento amedrontador sem recorrer aos rituais", diz a psiquiatra Albina Rodrigues Torres, da Unesp.
Estudos também mostram que 5% dos pacientes têm melhora completa e espontânea sem tratamento e 20% alternam períodos sem aparecimento de sintomas com fases agudas da doença.
O que os pesquisadores ainda não sabem precisar são as causas do transtorno.
"Cerca de 60% dos casos têm origem genética, mas ainda não descobrimos quais são os genes envolvidos", diz a psiquiatra Christina Hajaj Gonzales, da Unifesp.
Isso não significa que a transmissão seja sempre direta, embora a hereditariedade também conte: filhos de pais com TOC têm 10% mais risco de ter o transtorno, segundo Shavitt.
Para os médicos, o transtorno é causado pela interação de fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais.
Em pessoas com predisposição, algumas situações podem desregular o funcionamento de circuitos que conectam duas áreas cerebrais: a região ligada a processamentos de emoções, planejamento e controle das respostas de medo e a área relacionada a informações emocionais, cognitivas e motoras.
As pesquisas no Brasil e no mundo mostram que o TOC atinge entre 3% e 4% da população em geral, mas a proporção cresce em alguns grupos. Um estudo recente, da Northwestern University, em Chicago, diz que 11% das mulheres que acabaram de dar à luz desenvolvem o transtorno. É uma taxa tão alta quanto a da depressão pós-parto, que atinge 10% das mães.
O estudo incluiu 461 mulheres que tiveram filhos no hospital da universidade.
"O parto pode ser um estímulo emocional forte o suficiente para desencadear os sintomas. Além disso, é um período de mudanças hormonais que, em teoria, também podem estar relacionadas ao surgimento do problema", diz Shavitt.

O ginasta Diego Hypólito conta como criava rituais para 'aliviar' o estresse

"Eu deixava de fazer muitas coisas por causa de meus pensamentos negativos. Pisar em linha era a pior.
Eu andava na rua e pensava: 'se pisar nessa linha, vai acontecer alguma coisa errada'. Eu tentava afastar o pensamento ruim, mas era mais forte que minha vontade. Eu me jogava na calçada, passava vergonha, mas não pisava.
Eu criava regras na minha cabeça, a maioria ligada a competições. Achava que os rituais aliviavam o estresse. Por muitos anos usei sempre a mesma roupa quando ia competir. E precisava raspar o cabelo. Os patrocinadores pediam para eu não raspar, mas não dava.
Tive também manias passageiras. Uma delas era piscar e usar as duas mãos para cumprimentar um adversário. Outra era pegar um objeto primeiro com a mão direita, colocar de novo no lugar, e daí pegar com a esquerda. Tinha que ser dos dois lados.
Eu também tenho de bater três vezes no dente quando penso que vai acontecer algo de ruim com alguém da minha família. Hoje faço isso só de vez em quando, mas antes era um ritual: repetia as três batidas por três vezes e, se os dedos encostassem na gengiva, fazia tudo de novo.
Há pouco tempo, peguei o tique de ficar piscando antes da competição. Achava que era uma proteção para mim, mas atrapalhava. Trabalho minhas manias na terapia, já me livrei de 95% delas."
Diego Hypólito, 26, ginasta

'Cheguei a ficar oito horas no banho', diz a atriz Luciana Vendramini

"Eu me lembro perfeitamente do dia em que começou o meu TOC. Eu tinha 24 anos, estava andando de bicicleta na lagoa [Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro] e não consegui parar: precisava dar mais e mais voltas. Pedi ajuda, consegui parar, mas fiquei superangustiada.
Eu tinha o que chamam de pensamentos intrusivos sincronizados: precisava imaginar algo bom junto com uma ação --enquanto lavava as mãos, devia pensar em coisa bacana. Daí vinha um pensamento ruim e eu tinha que lavar a mão de novo.
Nessas, cheguei a ficar 24 horas repetindo manias. Eram quatro movimentos: acordar, tomar banho, almoçar e dormir. Só no banho levava umas oito horas. Era um negócio que me engolia.
Você fica fazendo essas palhaçadas, que são as manias, não consegue parar, mas sabe que são ridículas. É uma viagem lúcida.
Fiquei três anos exilada: celibato, clausura, era praticamente uma carmelita. Só convivia com meus pais, minha irmã e quatro amigos, que me ajudaram nessa época.
Levei uns dois anos até ter o diagnóstico e começar a me tratar e mais um ano para ficar bem. Só é engraçado quando passa. Mas, também, depois de tudo isso você fica uma pessoa menos chata, para de reclamar da vida."
Luciana Vendramini, 40, atriz e produtora

Empresário com TOC passava desinfetante nos pés e nas mãos

"Meu caso envolve mania de limpeza. Era um circuito de pensamento ligado a nojo de prostituta. Estou abrindo o jogo, porque acho que muita gente sofre com isso.
Quando eu era mais novo, vi um vídeo sem querer. Devia ter uns 12 anos. Depois de ver o filme, não podia entrar em contato com nada que estivesse ligado a locais onde havia prostituição.
Um dia, meu pai chegou de táxi com um boné de presente para mim. Daí eu associei: prostituta anda de táxi, então não posso abraçar meu pai nem aceitar o boné. Fiquei com raiva de não poder receber o agrado de meu pai por causa desse pensamento.
Também não podia pegar em dinheiro, passar em certas regiões da cidade. Um dia, de carona com amigo, passei num desses lugares. Em casa, lavei o rosto 20 vezes.
Se estava saindo banho e o pensamento de algum lugar vinha a minha cabeça, tinha que voltar e lavar a cabeça de novo. Ficava dez vezes nessa. Se chegava da rua, antes de entrar no quarto espirrava Lysoform [desinfetante concentrado] no pé. Tinha que espirrar quatro vezes em cada sola e repetir dez vezes. A pele ficava toda comida.
O bom é que tive ótimos amigos. Se a gente ia fazer sessão de videogame, todo mundo lavava a mão antes de jogar. A galera não entendia bem o que estava acontecendo, mas colaborava.
Um dia decidi que não dava mais para viver assim. Então segurei dinheiro na mão, fiquei deitado no chão sujo, como se tivesse me curado. Durou uns dois dias e tive uma recaída. Fui me tratar. Tomei remédio, fiz terapia. Não tomo remédio desde 2000 e não tive mais nada."
João Paulo Marin, 28, empresário

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2013/04/1266817-transtorno-obsessivo-compulsivo-e-pop-mas-faz-da-vida-um-inferno.shtml



Luciana Vendramini



quarta-feira, 8 de maio de 2013

Transtorno bipolar afeta de 3 a 8% da população brasileira

Transtorno bipolar afeta de 3 a 8% da população brasileira
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) promove campanha pública sobre a importância do diagnóstico precoce e tratamento adequado do transtorno bipolar, uma doença que afeta de 3% a 8% da população, segundo diferentes estudos.  A campanha faz parte de um programa de educação continuada da ABP contra o estigma e preconceito em relação a pacientes com transtornos mentais.  A campanha inclui a distribuição de material educativo sobre a doença para pacientes e familiares e programa de educação médica continuada. A campanha apoio da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar, da ABRATA (Associação Brasileira de Amigos e Parentes de Pacientes de Transtorno Bipolar) e  da Abbott. 


Transtorno bipolar é uma doença que há alternância de fases de hiperexcitabilidade e agitação com fases de profunda tristeza e depressão. É crônica que, como o diabetes e hipertensão arterial, pode também ser tratada e controlada.  Manifesta-se inicialmente na adolescência (60% dos casos antes dos 20 anos de idade), mas pode ocorrer em qualquer idade. É um dos três distúrbios mentais mais comuns (as outras são esquizofrenia e depressão) e é a sexta principal causa de falta ao trabalho.

Dos cerca de 25% que tentam o suicídio, 4%  se suicidam de fato. Entre os pacientes tratados, o índice de tentativas cai para cerca de 10%.

“Temos que identificar e tratar pessoas com transtorno bipolar, para que tenham uma vida normal e produtiva. Isto significa não apenas tratar o paciente adequadamente, mas também combater o estigma e preconceito contra as pessoas portadoras de transtornos que afetam a mente, e reintegrá-los à sociedade”, afirma Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Os principais sinais e sintomas do transtorno bipolar são:
•            Sentimento de êxtase, júbilo
•            Irritação e agitação
•            Pensamento e fala rápida
•            Distrair-se facilmente
•            Desejo de envolver-se em vários projetos ao mesmo tempo
•            Insônia ou pouca necessidade de sono
•            Comportamento impulsivo e de risco, como sexo por impulso e sem proteção
•            Julgamento prejudicado
•            Agressividade e hostilidade

A maioria dos pacientes também alterna episódios de agitação e euforia com períodos (por vários dias ou mesmo semanas) de profunda tristeza, desânimo, sensação de vazio, perda de interesse em atividades, ou assuntos, que normalmente provocariam prazer; sensação prolongada de cansaço, mudanças nos hábitos alimentares e de padrão de sono, e pensamentos suicidas e de morte.

A ABP conta também com o apoio das sociedades regionais de psiquiatria e irá distribuir material educativo em hospitais e centros médicos, tanto para profissionais de saúde, quanto para pacientes e seus familiares.

A Associação Brasileira de Psiquiatria é uma organização sem fins lucrativos, que representa os psiquiatras brasileiros.  A cada ano, a ABP organiza o Congresso Brasileiro de Psiquiatria – o maior evento brasileiro e da América Latina (e o terceiro maior do mundo) da especialidade.  Para mais informações, acesse www.abp.org.br
Fonte: http://www.paranashop.com.br/colunas/colunas_n.php?id=24919&op=saude

quarta-feira, 20 de março de 2013

'Tráfico é uma questão de política e dependentes, de saúde pública'

Edição do dia 10/01/2013
10/01/2013 08h40 - Atualizado em 10/01/2013 08h57

'Tráfico é uma questão de política e dependentes, de saúde pública'

Helvécio Magalhães, da Secretaria de Atenção à Saúde, e Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, debatem o problema do crack no Brasil com Alexandre Garcia.

Sem muito progresso, há um ano o governo tenta tirar do Centro de São Paulo viciados em crack e agora anunciou a internação de usuários. No Rio de Janeiro, a internação começou a sete meses, abrigando 123 crianças e adolescentes.

Segundo Helvécio Magalhães, secretário de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde, “em situações em que a pessoa não tem o controle, típico em dependência química, é possível a internação involuntária”.
O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antonio Geraldo da Silva, rebate: “Vemos a internação involuntária com desconfiança. Há um distância muito grande entre o que se discursa e o que se implementa. Precisamos fazer políticas públicas diretamente para a resolução do problema”.

Uma comissão especial da Câmara Federal sobre política de drogas aprovou em dezembro um parecer que altera a Lei Nacional Anti-Drogas O projeto de lei, que pode ser votado em fevereiro, estabelece as responsabilidades dos governos federal, estadual e municipal e aumenta a pena para traficantes, prevendo a internação por até seis meses. O Ministério da Justiça está criando 10 mil vagas para comunidades terapêuticas a fim de acolher dependentes de drogas.
“Tráfico é uma questão de política de segurança e dependentes são questão de saúde pública”, explica Magalhães.
Confira no vídeo o debate comandado por Alexandre Garcia.
http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2013/01/trafico-e-uma-questao-de-politica-e-dependentes-de-saude-publica.html

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

DF tem maior percentual de violência relacionada ao álcool, diz ministério

DF tem maior percentual de violência relacionada ao álcool, diz ministério


No DF, 58% dos casos de agressão tinham ligação com ingestão de álcool.

Média nacional é de 49% dos atendimentos; pesquisa ouviu 47 mil pessoas.

Levantamento do Ministério da Saúde indica que o Distrito Federal é a unidade da federação com o maior percentual de vítimas de agressão relacionadas ao consumo de álcool. Enquanto a média nacional é de 49%, no Distrito Federal, 58% dos casos de violência atendidos nos hospitais de Base e Regional de Ceilândia em 2011 estavam relacionados à ingestão de álcool.


“Tem uma coisa que chama atenção no DF que é uma alta proporção de relação do álcool com vítimas de violência. De todas as capitais, foi a que apresentou a maior proporção”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante a apresentação do levantamento, nesta terça-feira (19).

Até esta quarta, o ministério não havia divulgado o estudo completo, com mais número do Distrito Federal.

Onde há diminuição do consumo de álcool, há diminuição da violência"Psquiatra Antônio GeraldoÁlcool e violência foi a mistura que matou uma jovem de 22 anos há seis meses, no Distrito Federal. A vítima foi abordada por seis homens alcoolizados quando saía de uma festa, no Jardim Botânico. Levou três tiros e morreu na hora.

O psiquiatra Antônio Geraldo, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, explica que o álcool em excesso no organismo afeta a capacidade de relacionamento social, deixando o indivíduo mais suscetível a discussões e atos de violência.

“O uso da bebida alcoólica leva a uma diminuição da flexibilidade nas pessoas. Estudos científicos mostram que onde há diminuição do consumo de álcool, há diminuição da violência no trânsito e doméstica, esta pouco falada, e na violência no dia a dia, nas relações interpessoais”, diz o psiquiatra.

Dados nacionais


A pesquisa, realizada em 71 hospitais públicos em todas as capitais do país, indica que os jovens são as principais vítimas da agressão física relacionada ao uso de álcool. O estudo aponta que cerca de 56% dos casos de agressão e 39% de acidentes de trânsito ocorreram com pacientes entre 20 e 39 anos.

O álcool também está relacionado à quantidade de vítimas de acidentes de trânsito. De acordo com o estudo, um a cada cinco acidentes envolveram a ingestão de bebida alcoólica. O estudo mostra que, entre as vítimas de acidentes de trânsito, 21,4% dos pedestres, 22,3% dos condutores e 17,7% dos passageiros apresentavam sinais de embriaguez ou confirmaram o consumo de álcool.

Os dados foram coletados em 2011 e analisados no ano passado. O levantamento faz parte da Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA) e ouviu 47 mil pessoas em todas as capitais e no Distrito Federal.

Fonte: G1 http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2013/02/df-tem-maior-percentual-de-violencia-relacionada-ao-alcool-diz-ministerio.html

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Pesquisa relaciona o consumo de álcool a vítimas de acidentes no trânsito e a de agressão

Pesquisa relaciona o consumo de álcool a vítimas de acidentes no trânsito e a de agressão


O levantamento do Ministério da Saúde em 2011 e só considerou os atendimentos na rede pública. Mais de 50% dos casos de violência estavam relacionados a ingestão de álcool.  

Veja: http://g1.globo.com/videos/distrito-federal/bom-dia-df/t/edicoes/v/pesquisa-relaciona-o-consumo-de-alcool-a-vitimas-de-acidentes-no-transito-e-a-de-agressao/2416694/

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Saúde vai definir apoio psicossocial às famílias no RS

Brasília – Psiquiatras, psicólogos e outros agentes de saúde vão definir, até o final da tarde de hoje (29), como serão feitos os atendimentos às famílias e vítimas do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que deixou 234 mortos e centenas de feridos. A proposta é que os profissionais, que voluntariamente deixaram os consultórios para acompanhar as pessoas afetadas diretamente ou indiretamente pela tragédia desde o último domingo (27), definam uma estratégia de acompanhamento psicossocial por um período prolongado, até que os traumas possam ser minimizados.


“Queremos nos preparar para um momento que poucos estão pensando agora. Temos uma situação grave que vai gerar estresse pós-traumático em muitas pessoas que pode se manifestar dias, semanas e até meses depois do trauma”, explicou Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Segundo o especialista, estes transtornos podem se manifestar com quadros de depressão, ansiedade e até de bipolaridade, no caso de pessoa que têm alguma tendência a desenvolver o distúrbio.

No primeiro momento, minutos depois da tragédia, o trabalho de psiquiatras e psicólogos voluntários estava concentrado no apoio às famílias que estavam no local do incêndio, em busca de informações, nos hospitais e no ginásio da cidade, durante o reconhecimento dos corpos e acompanhamento dos velórios e enterros das vítimas.

“Nesta intervenção inicial tem um trabalho importante de orientação também. As pessoas, por exemplo, têm a tendência de medicar remédios tarja preta para que os familiares se desliguem um pouco e durmam e há contraindicação deste procedimento que, na verdade, acaba fixando mais a memória do trauma”, explicou Antonio Geraldo, acrescentando que a preocupação agora é montar um esquema de trabalho com um cronograma que pode durar meses e até anos.

Segundo o psiquiatra, problemas que podem surgir são aumento de consumo de álcool e drogas e dificuldades nas relações pessoais e de trabalho, ameaçam não apenas as vítimas e familiares, mas podem afetar grande parte da comunidade de Santa Maria e de cidades próximas - origem de muitos dos jovens vitimados.

“Temos que estar preparados para fazer estas avaliações com todas as nuances possíveis de serem apresentadas”, explicou, acrescentando que a nova estratégia também prevê o atendimento aos profissionais que cuidaram ou ainda acompanham as vítimas. “Estamos falando do médico, do enfermeiro, do policial, do taxista e de pessoas comuns que se voluntariaram para trabalhar naquela circunstância. Ninguém está pensando em oferecer cuidado para estas pessoas”, disse.


A coordenadora do Núcleo de Psiquiatria da Associação Médica de Santa Maria, Carla Ibargoyen, contou que psiquiatras e psicólogos que atuam no estado decidiram formar uma força-tarefa voluntária que começa a atuar a partir de hoje. Até o final do dia, profissionais da rede de saúde da região e da Universidade Federal de Santa Maria vão definir como serão conduzidos os trabalhos.

“Vamos discutir como serão feitos os atendimentos, como e quem serão atendidos e como podemos aproveitar a estrutura da universidade para conduzir os trabalhos. Será um acompanhamento de, no mínimo 90 dias, que tem grande possibilidade de ser estendido”, explicou ela. Segundo a psiquiatra, cada caso será avaliado individualmente. “O tempo de acompanhamento vai depender de muitos fatores individuais: como as pessoas respondem aos traumas e ao tratamento, se têm pessoas com problemas psicológicos e psiquiátricos estabelecidos, que seriam os grupos de risco para quadros de pós-trauma”, disse a psiquiatra.

Loiva dos Santos Leite, presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul, explicou que os trabalhos estão sendo conduzidos conjuntamente. No caso da rede pública de saúde de Santa Maria, os psicólogos montaram um serviço de atendimento 24 horas no Centro de Apoio Psicossocial da cidade (Caps).

“As pessoas que tiveram qualquer envolvimento estão procurando este atendimento. Temos já uma procura significativa. Nas primeiras horas, fizemos atendimentos no ginásio, onde chegaram os corpos e as famílias. Montamos uma enfermaria no local e os profissionais começaram a acompanhar as famílias ali no reconhecimento dos corpos até os velórios e enterro”, contou Loiva Leite. Segundo ela, as micro equipes formadas para acompanhar os feridos continuam os trabalhos nos hospitais da região.
A psicóloga ainda explicou que as equipes estão procurando os profissionais de cidades natal de algumas vítimas para encaminhar atendimentos iniciados em Santa Maria. Loiva destacou que a área de emergência de desastres exige um tratamento específico. “Estamos contando com um suporte e capacitação de profissionais da associação brasileira especializados nestes atendimentos e o suporte da organização Médicos sem Fronteiras e de um grupo de estresse pós-traumático da PUC do Rio Grande do Sul”, relatou.
“Não vamos curar a dor mas queremos trabalhar o sentimento de perda para que as pessoas consigam retomar a vida da forma menos dolorosa possível”, concluiu a psicóloga.

Fonte: Exame Online
http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/saude-vai-definir-apoio-psicossocial-as-familias-no-rs



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH)

Conselho Federal de Medicina emite Parecer sobre o Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH)

O Conselho Federal de Medicina - CFM disponibilizou recentemente o seu parecer sobre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH, explicando detalhadamente o que é a doença e desmistificando o que tem sido veiculado amplamente na imprensa de maneira irresponsável, contraditória e sem base científica.

O Ministério Público de Santa Catarina, através do parecer de nº 42/12, solicitou ao CFM informações sobre o TDAH tendo sido respondidas com o apoio dos doutores João Romildo Bueno e Fábio Barbirato, ambos da Associação Brasileira de Psiquiatria, com base em artigos científicos publicados por pesquisadores nacionais e internacionais, entre eles os Profs. Luis Augusto Rohde, Paulo Mattos, Ricardo Halpern e Russel Barkley (EUA).

Veja na integra: http://www.tdah.org.br/images/stories/Parecer%20CFM%20-%20deficit%20da%20atencao.pdf

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Medida é polêmica, mas tem apoio de juízes e promotores do estado

Medida é polêmica, mas tem apoio de juízes e promotores do estado


Em meio ao agravamento do problema do crack que assola o país, e sobre o qual as autoridades públicas simplesmente não sabem o que fazer, uma ousada ação capitaneada pelo Governo de São Paulo começará hoje, já sob intensa polêmica. Moradores de rua com dependência química serão encaminhados a um centro de triagem para, caso verificada a necessidade, serem internados, mesmo contra a própria vontade. O tratamento involuntário ou compulsório é uma medida cercada de controvérsias porque transita entre a liberdade individual e a segurança coletiva, ao mesmo tempo em que pode disfarçar uma política de limpeza social, especialmente às vésperas de eventos internacionais importantes, como a Copa das Confederações, este ano, e a Copa do Mundo, em 2014.

Para minimizar as críticas e aumentar a eficácia da medida, o governo paulista elaborou a ação, com a ajuda do Tribunal de Justiça, do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil e da Defensoria Pública de São Paulo. Representantes dessas instituições e profissionais de saúde ficarão no centro de triagem, que funcionará das 9h às 13h, dentro do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), no bairro do Bom Retiro, para receber os dependentes encaminhados. A ideia é tentar fazer o maior número de internações voluntárias, por meio do convencimento, e usar a rede ambulatorial comunitária. Mas o foco da reunião de tantos profissionais será viabilizar, de forma rápida e sem brechas para questionamentos, as internações involuntárias e compulsórias.

Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, a iniciativa merece elogios. “É uma excelente conduta, desde que não se torne um expediente de limpeza urbana. É preciso verificar quem precisa de desintoxicação em hospital geral, quem pode fazer em tratamento ambulatorial, quem deve ser acompanhado em hospital psiquiátrico. Só o médico poderá definir, caso a caso. Se for uma ação generalizada de internar todo mundo sem protocolo definido, isso vira cárcere privado”, afirma o psiquiatra. A grande preocupação, segundo Silva, vem do estado atual da rede de saúde pública. “Temos locais preparados e profissionais habilitados para fazer um tratamento de altíssima complexidade, como o de crack?”, questiona.

Para o psiquiatra Augusto César de Farias Costa, diretor de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, as internações involuntárias e compulsórias não devem ser objeto de política pública. “Como casos isolados, tudo bem. Ou seja, se uma equipe de saúde encontrar um usuário correndo risco de morte, pode chamar o Corpo de Bombeiros e, eventualmente, iniciar um processo de internação compulsória ou involuntária, mas não como política”, afirma. De acordo com ele, o DF não tem nenhuma “pretensão, formulação ou intenção” de repetir a experiência de São Paulo. “Para abordar as pessoas que estão em situação de rua em cenas de uso de crack, temos equipes de saúde que fazem não apenas o vínculo necessário para a desintoxicação, mas prestam assistência em outras esferas, como prevenção à gravidez e às DSTs e combate à desnutrição”, explica Costa.

Equilíbrio

Promotor de Justiça de Defesa da Saúde de Belo Horizonte, Bruno Vieira Soares diz que é preciso buscar equilíbrio na política empreendida por São Paulo. Ele recebe ao menos um pedido de familiares para internação compulsória, diariamente. “Nem podemos aceitar que o paciente venha a se tratar somente quando tiver vontade nem internar involuntariamente sem evidências científicas e previsão legal”, afirma o promotor. Na capital mineira, nenhuma ação institucional de internações compulsórias foi tentada. “Há uma resistência da prefeitura, que trabalha na lógica da desinternação”, explica.

O Rio de Janeiro, por sua vez, foi a primeira cidade a fazer internações contra a vontade dos dependentes, mas somente de menores de 18 anos. A ação já tirou das cracolândias, desde maio de 2011, 256 crianças e adolescentes. Depois de uma triagem, os usuários vão para a rede de abrigamento mantida pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) do Rio. Eles passam por atendimento psicológico e clínico, com medicamentos e oficinas, reaproximação da família, até serem desabrigados.

Experiências dessa natureza têm levado outros municípios e estados a pensarem na promoção das internações forçadas. É o caso de Pernambuco. Lá, o Ministério Público aguarda apenas um documento formal da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria para cobrar ação semelhante. “Se não houver termo de cooperação, como fez São Paulo, teremos de demandar judicialmente para implantar esse sistema de internações compulsórias em Pernambuco”, explica a promotora Helena Capela, da Promotoria da Saúde do Recife. O modelo atual de tratamento no sistema público, segundo ela, é “falido”.

Se não houver termo de cooperação, como fez São Paulo, teremos de demandar judicialmente para implantar esse sistema de internações compulsórias em Pernambuco”

Helena Capela, promotora de Justiça de Defesa da Saúde do Recife

Conceitos

Há sempre muita confusão quando algum governo estadual ou prefeitura fala em internações contra a vontade do paciente como estratégia de combate ao crack e outras drogas. Entenda as três definições sobre essas intervenções:

Internação voluntária: Quando o paciente solicita que seja internado e o profissional de saúde concorda com a necessidade de internação. Em casos de dependência química ou de outros distúrbios psiquiátricos, a avaliação fica a cargo do psiquiatra.

Internação involuntária: Solicitada por terceiros, geralmente familiares, no momento em que o paciente está em surto ou risco de morte. Se confirmada a necessidade de internação pelo médico, o paciente é retido contra a própria vontade, mas o Ministério Público deve ser comunicado em até 72 horas.

Internação compulsória: É determinada pela Justiça, que se baseia em laudo médico e nas circunstâncias do paciente. Embora o pedido quase sempre venha da família — por meio de Defensoria Pública, advogado particular ou Ministério Público —, a internação compulsória pode ocorrer contra a vontade dos parentes.

Fonte: Correio Braziliense / RENATA MARIZ

http://www.advsaude.com.br/noticias.php?local=1&nid=10094

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Moradias assistidas são opção pós-internação por crack

Moradias assistidas são opção pós-internação por crack


Tratamento ambulatorial e moradias assistidas devem ser usadas pelo Estado como ferramentas para dar continuidade à recuperação de dependentes de crack após um período de internação, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil

O governo de São Paulo lançou um mecanismo médico e jurídico para agilizar internações forçadas para dependentes de crack no Estado. A iniciativa começou a funcionar na segunda-feira em um centro especializado próximo à Cracolândia, no centro da capital.

Segundo o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), em geral, as internações motivadas por dependência do crack não devem superar um período superior a dois meses.

Depois disso, segundo o médico, o paciente deve ser levado para a casa de um familiar e submetido a um tratamento ambulatorial – frequentando clínicas ou centros médicos especializados regularmente.

Porém, grande parte dos frequentadores da Cracolândia não só perderam seus empregos e família, como por vezes não possuem vínculos familiares fortes o bastante para tornar essa realidade possível.

Laranjeira afirmou que uma alternativa para o governo nesses casos é enviar os viciados em recuperação para as chamadas moradias assistidas. Tratam-se de alojamentos onde o dependente de drogas recebe, além do teto, apoio para conseguir um emprego e recomeçar sua vida.

No exterior essas moradias são conhecidas como "halfway houses', (casas a meio caminho, em português) e têm como característica oferecer também um monitoramento do processo de desintoxicação.

Segundo Rosangela Elias, responsável pelo setor de tratamento de dependentes químicos da Secretaria de Saúde do Estado, São Paulo tem atualmente cerca de 300 vagas em moradias assistidas e residências terapêuticas estaduais e municipais.


Segundo o psiquiatra Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, independente de onde os dependentes em recuperação estiverem instalados, o governo precisa estudar medidas para obrigá-los a frequentar semanalmente as clínicas especializadas.

Melhorias

O psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, também da Unifesp, afirmou que é necessário melhorar a qualidade do atendimento em parte da rede de clínicas de tratamento ambulatorial conhecidas como Capsad (Centros de Atenção Psicosocial Álcool e Drogas). Segundo ele, embora algumas sejam exemplares, outras ainda precisam melhorar.

Já Silva foi mais longe, afirmando que falta especialização na rede pública de atendimento médico em geral no Brasil.

"Não há treinamento específico direcionado e capacitado para isso (tratamento de dependentes químicos). São raras as ilhas de exceção, precisamos de treinamento especializadíssimo, pois é um processo de alta complexidade", disse.

Metodologias

Todos os especialistas ouvidos pela BBC Brasil concordam que deve haver um planejamento específico para o tratamento dos viciados em crack. Eles divergem porém sobre a metodologia a ser adotada.


Silveira, que é contrário à internação (exceto em casos específicos, como o de pessoas que corram risco de cometer suicídio ou sofram alucinações), disse que independente da forma de tratamento, as taxas de recuperação atualmente são muito baixas.

"Os melhores serviços do mundo têm taxas de eficácia de 35% a 40%, no máximo", disse.

Segundo ele, o tratamento ambulatorial deve promover a abstinência total das drogas em um primeiro momento.

Contudo, se o dependente não conseguir se desligar totalmente do entorpecente, uma abordagem de "redução de danos" deve ser empregada.

Isso significa que ele pode começar a diminuir aos poucos a quantidade de entorpecente utilizada e eventualmente substituí-la por outra substância tóxica, porém um pouco menos danosa que o crack.

Silveira estudou um grupo de 50 usuários de crack. A característica específica deles era o fato de afirmarem não ser capazes de lidar com a compulsão gerada pela abstinência da droga.

Todos afirmavam porém que quando usavam um cigarro de maconha conseguiam deixar de fumar o crack momentaneamente. Silveira passou então a endossar esse comportamento (sem prescrever entorpecentes, certamente).

"Foi um acompanhamento de um ano ao todo: 68% deles abandonou crack em três meses. Depois de seis meses esse grupo abandonou também a maconha", disse.

Já Silva afirmou que a abordagem de redução de danos não é recomendada pela Associação Brasileira de Psiquiatria.

O que todos os especialistas concordam porém é que o tratamento pode ser multidisciplinar. Ou seja, pode ser acompanhado de atividades esportivas e religiosas.

Mas eles dizem que a fé não pode substituir o tratamento clínico dos pacientes – o que ocorreria em algumas comunidades terapêuticas ligadas a religiões.

Fonte: BBC Brasil

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