sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Emenda ao projeto do novo Código Penal pode criminalizar



Emenda ao projeto do novo Código Penal pode criminalizar






Profissionais da área de saúde mental participaram de uma audiência pública realizada nesta quarta-feira (29/08) no Senado Federal. O tema foi a criminalização da segregação de portadores de transtornos mentais, denominada de psicofobia, medida requerida pelos participantes.
No evento, eles pediram que fosse incluída uma emenda ao projeto de reforma do Código Penal, para que desse suporte às pessoas que sofrem de distúrbios como esquizofrenia, bipolaridade, dislexia, autismo, ansiedade, transtornos alimentares e síndrome de Down.
De acordo com a Agência Senado, a presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, disse que 55 milhões de brasileiros sofrem de transtornos mentais e não possuem respaldo governamental para se tratar.
Participaram também da audiência a presidente da Associação Brasileira do Déficit de Atenção, Iane Kestelman; a vice-presidente da Associação Brasileira de Transtornos Afetivos, Helena Maria Calil; e o diretor da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia, Daniel Fuentes Moreira.
Fonte: Fato Notório - http://www.fatonotorio.com.br/noticias/ver/9144/emenda-ao-projeto-do-novo-codigo-pena-pode-criminalizar-a-psicofobia/

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Profissionais da área de saúde mental reivindicam criminalização da Psicofobia



Clique na imagem para ampliar
Profissionais da área de saúde mental, em audiência pública nesta quarta-feira (29) na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), solicitaram a inclusão de emenda ao projeto de reforma do Código Penal (PLS 236/2012) para dar suporte a pessoas que sofrem de distúrbios como esquizofrenia, bipolaridade, dislexia, autismo, ansiedade, transtornos alimentares e síndrome de Down. O debate teve como tema a criminalização da segregação de portadores de transtornos mentais, denominada de psicofobia, medida requerida pelos participantes.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, 55 milhões de brasileiros sofrem de transtornos mentais e não possuem respaldo governamental para se tratar.
- A maioria dos pacientes está morando nas ruas ou nas cadeias. E não temos campanhas de prevenção para isso. Os gastos com a saúde mental são cada vez menores – afirmou Antônio Geraldo.
Ainda segundo o presidente da ABP, o preconceito é preponderante na hora de o doente procurar tratamento e emprego.
- O paciente não se trata por receio de ser estigmatizado como louco. E chegam a pedir receitas sem identificação do psiquiatra, com medo de serem demitidos do trabalho – disse.
O senador Paulo Davim (PV-RN), que presidiu a reunião, já elaborou emenda ao projeto do novo Código Penal para estabelecer medidas e providências em casos de psicofobia.
- Nós estamos defendendo o que é justo – afirmou Davim.
Participaram também da audiência a presidente da Associação Brasileira do Déficit de Atenção, Iane Kestelman; a vice-presidente da Associação Brasileira de Transtornos Afetivos, Helena Maria Calil; e o diretor da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia, Daniel Fuentes Moreira.
Fonte: http://www.boainformacao.com.br/2012/08/profissionais-da-area-de-saude-mental-reivindicam-criminalizacao-da-psicofobia/

Debate sobre medicamentos


O 3 a 1 debate a medicação psiquiátrica para crianças e adolescentes. Campanha lançada pelo Conselho Federal de Psicologia reacendeu debate a este respeito. Participam do programa a representante do Conselho Federal de Psicologia, Flávia Lemos, o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, e a PHD em Educação Infantil, Maria de Fátima Guerra de Sousa

sábado, 25 de agosto de 2012

Amor Patológico

O Amor Patológico ainda não é, oficialmente, uma doença mental. As dependências comportamentais estão entrando, progressivamente, no Manual de Estatística e Diagnóstico das Doenças Mentais, a DSM. Trata-se da bíblia dos transtornos mentais, reelaborada periodicamente pela Associação Americana de Psiquiatria. Na próxima edição, que sairá ainda este ano, a compulsão por jogos será registrada. “Aos poucos, a coleção de registros e a existência de um padrão farão com que os transtornos sejam incluídos no Manual”, diz Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Desde a década de 80, a psicologia e medicina estão percebendo que, da mesma forma que há dependências químicas, de substâncias, há a dependência de determinados comportamentos.

A novidade é medicalização do transtorno. O reconhecimento do problema – que tem um padrão, daí ganhar um tratamento específico – é o primeiro passo para o processo de controle de atitudes que podem prejudicar vidas.No fundo de tudo, a busca do prazer.

O vício não é no jogo, na droga ou na pessoa – é no prazer. A explicação é neuroquímica: a paixão, como a droga, libera a dopamina no cérebro. É essa substância que causa a sensação de prazer, de conforto, de felicidade e bem-estar. Depois de experimentá-la, como viver sem ela? No caso do Amor Patológico, essa sensação é personificada.

Como viver sem aquele alguém ou com a ideia de que ele não nos ama como gostaríamos?
Quem sofre do Amor Patológico não consegue ter um relacionamento amoroso saudável. Seu foco obsessivo é o parceiro, a relação. Aceita um relacionamento destrutivo, tolera humilhações. Sofre com a falta de atenção do ser amado – real ou imaginária. Reage de forma desesperada à rejeição.
Tem necessidade de controle do outro – mesmo quando este já virou ex. Às vezes por toda a vida.
Fonte:http://www.precisofalar.com.br/forum/comportamento/amor-patologico-quando-o-amor-e-doenca

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Sobrinha revela que Chico Anysio sofria de depressão há 25 anos



Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo nesta terça-feira (14), a psiquiatra Analice Gigliotti, sobrinha de Chico Anysio, revelou que o humorista se tratou contra depressão durante 25 anos. No ano passado, já com a saúde debilitada, Chico gravou um depoimento apresentado no Congresso Brasileiro de Psiquiatria, que lançou uma campanha contra o preconceito em torno da doença e do uso de medicamentos.

No depoimento, concedido ao psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Chico falou sobre o impacto da doença em sua vida: " A depressão era "um demônio, um gás letal, ela entra e a pessoa não sente que está deprimida. Os outros é que descobrem".

O humorista, que morreu em março deste ano, também destacou a importância do uso de antidepressivos. "Depressão é um quadro que só se controla com remédio. O antidepressivo acertou a minha vida.

A psiquiatria é fundamental como o ar que eu respiro”. "Sem os remédios da psiquiatria, eu não teria feito 20% do que fiz."Chico mostrou ainda sua indignação contra a falta de políticas públicas voltadas à população de baixa renda. "O antidepressivo arrumou a minha vida. Temos de colocar esses remédios ao alcance dos pobres". "Se é possível ajudar e curar pessoas e isso não é feito, é crime. O governo tem esse dever. Não é favor colocar os remédios psiquiátricos ao alcance dos pobres, é obrigação. É dever do governo.

Remédios psiquiátricos precisam ser gratuitos para quem precisa, assim como já acontece com os soropositivos".Chico definiu como "criminoso" o preconceito contra as doenças mentais. "Achar que ir ao psiquiatra ainda é coisa de maluco é retrato do preconceito. Depressão é uma coisa, maluquice é outra", comparou.
FONTE: Rede TV - http://www.redetv.com.br/portal/entretenimento/noticia.aspx?cdNoticia=385993&cdEditoria=111&Title=Sobrinha-revela-que-Chico-Anysio-sofria-de-depressao-ha-25-anos

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

XI Jornada Brasiliense de Psiquiatria




XI Jornada Brasiliense de Psiquiatria
Tema Central: Ciência na Prática Clínica em Psiquiatria
Data: 24 e 25 de Agosto
Local: San Marco Hotel – Brasília/DF

02 CURSOS
Curso 1 - O que fazer e o que não fazer em aulas e palestras.
Curso 2- Novidades no diagnósticos nos tratamentos ansiosos e nos transtornos do humor (inclusive a desregulação severa do humor) em crianças e adolescentes.
13 CONFERÊNCIAS
Temas: Depressão, Dependência Química, Esquizofrenia, Estimulação Magnética Transcraniana, Transtorno de Humor Bipolar e muito mais.
Mais de 30 convidados – Profissionais renomados de todo o Brasil.
PEC-ABP Presencial – Programa de Educação Continuada da ABP - Primeira edição no Centro-Oeste
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Faça já sua inscrição, não perca tempo! Você não pode perder esta oportunidade única!
Realização e Promoção – APBr (61) 3443-1623

Depressão feminina é tema de palestra


Assunto foi debatido pelo presidente da ABP, Antônio Geraldo da Silva, que abordou os principais sintomas da doença e os fatores que tornam a mulher mais vulnerável à doença
Ascom PSB-DF

A Secretaria de Mulheres Socialistas do PSB/DF, o núcleo da Fundação João Mangabeira do PSB/DF e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) realizaram, na quarta-feira (8/8), a palestra “Orientando e Desmistificando a Depressão da Mulher”. O tema foi debatido pelo presidente da ABP, Antônio Geraldo da Silva, que abordou os principais sintomas da doença e os fatores que tornam a mulher mais vulnerável à doença.
Segundo Silva, a depressão, bem como as demais doenças psíquicas, são muitas vezes confundidas com outras enfermidades, o que dificulta o diagnóstico e tratamento da doença. Ainda de acordo com o presidente da Associação, a mulher é mais vulnerável aos fatores desencadeadores da depressão, tendo como uns dos motivos as condições sociais e econômicas da mulher no mundo contemporânero. Mas alertou: "Disseminar a informação sobre as causas não capacita ninguém a diagnosticar, porém, um cidadão bem informado pode sim ajudar alguém quem sofre com a doença a conseguir reconhecer, com olhar questionador, os sintomas da depressão", explicou o psiquiatra.

Durante a paletra foi apresentada entrevista com o humorista Chico Anísio, falecido em 2012, que por anos sofreu com a depressão. Realizado pelo psiquiatra Antônio Geraldo da Siva, o vídeo teve o objetivo de mostrar que todas as pessoas são suscetíveis à doença, evidenciada por meio de sintomas físicos e psíquicos. "Pode ser o que está por trás de outras complicações, como a constipação instetinal sem causa identificada, por exemplo", advertiu Silva.

Ainda de acordo com o presidente da ABP, os sintomas são antagônicos e dificultam o diagnóstico rápido. Uma pessoa deprimida pode sentir tristeza, como também pode ter ansiedade. Pode ter ganho ou perda de peso, insônia ou sono em excesso, aumento ou diminuição total do apetite, agitação ou a prostração e falta de vigor em viver. "A doença é geneticamente atribuída, e pode passar de gerações", disse.

Os problemas sociais relacionados às questões de gêneros, na avaliação da secretária da Secretaria de Mulheres Socialistas do PSB-DF, Yara Gouvêa, são responsável por grande parte dos índices de ocorrência da doença no Brasil. "A depressão é a primeira causa mundial de ausência do trabalho, sendo que quase 70% dos casos tratados são de mulheres depressivas. E um dos motivos é que a mulher ainda não conseguiu encontrar o seu verdadeiro papel na sociedade", analisou Gouvêa.

O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria ressaltou que diagnosticar a depressão o quanto antes é fundamental para o sucesso do tratamento que, hoje, recupera noventa e cinco por cento dos pacientes.

Dados estatísticos da “The Global Burden of Disease” apontam que a depressão é a principal causa de incapacitação no mundo e ela afeta sobretudo o gênero feminino. De acordo com o Ministério da Saúde, entre 10 e 15% das mulheres apresentam depressão pós-parto no Brasil. Na avaliação da secretária, embora a doença atinja todas as classes sociais, os portadores dela ainda sofrem com preconceito e a falta de informação da população.

Presente ao evento, o presidente do PSB-DF, Marcos Dantas, ressaltou a importância de políticas públicas voltadas para as doenças psíquicas, consideradas questões de saúde pública. "A falta de atendimento adequado na rede pública de saúde para as pessoas portadoras da doença ainda dificulta o tratamento e o entendimento da doença", argumentou o socialista.

Questões sociais

A ideia de promover o debate sobre a depressão feminina faz parte da série desenvolvida pelo PSB-DF com foco nas questões sociais que interferem o cotidiano da população. Para Yara Gouvêa, um partido que prioriza o amplo debate sobre temas relevantes para a qualidade de vida das pessoas contribui na formação cidadã, que está diretamente ligada às questões políticas. "O foco do encontro foi esclarecer dúvidas comuns sobre a doença, mas com ênfase para as mulheres e multiplicadoras socialistas, que contribuírão para a divulgação dos sintomas e os males da depressão entre os vizinhos e familiares", disse.

Marcos Dantas considerou a realização da palestra uma iniciativa de vanguarda no PSB-DF. "Como forma de aproximar a militância e a sociedade com o partido, e do partido se mostrar atento às causas sociais em todos os gêneros", exlicou o presidente.
O psiquiatra convidado elogiou a preocupação da legenda em informar a sociedade com atividades como a palestra realizada na sede nacional do PSB. "Eu acho extremamente importante que um partido político tenha essa visão socialista de relacionamento com a comunidade, dando a oportunidade de criar conceitos pra uma sociedade que pode ser a sociedade que vem nos gestar amanhã, que vem cuidar da nossa saúde pública amanhã, que vem cuidar da nossa segurança", afirmou Silva.
Fonte: http://www.psbdf.com.br/visualizar_noticias.php?id=1171

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Quando o amor é doença - Parte 1


Ao longo desta semana, vamos apresentar uma série sobre amor patológico, um transtorno do comportamento que afeta a vida de milhares de homens e mulheres. Serão cinco posts, um por dia, com depoimentos de quem vive ou já viveu esse drama e explicações de especialistas. Os nomes apresentados na matéria foram trocados.

“Quando meu amante não me quis mais, senti mais dor do que na morte da minha mãe. Logo minha mãe, que foi tão boa pra mim. Ele foi mau. Me fez sentir a mulher mais maravilhosa do mundo, depois deixou de me amar. Eu o persegui, xinguei e agredi. Minha vida se tornou ingovernável.”

O relato de Tânia, carioca, 41 anos, é interrompido pelas lágrimas inúmeras vezes. Professora, casada e mãe de um adolescente, ela se tornou viciada – no jogo e no amor. O alcoolismo do marido e a independência do filho crescido a jogaram num vazio. Há cinco anos, nas tardes livres, começou a freqüentar um bingo. Era apenas um passatempo. Até que ela conheceu Paulo, solteiro e mais jovem do que ela. Em uma semana, estavam apaixonados. Uma nova rotina se fez: eles passavam as tardes apostando – quase sempre com o dinheiro dela – e, antes que ela voltasse para a família, passavam algumas horas no apartamento dele, ali perto.

“Era muita adrenalina. Da roleta à cama dele, eu me sentia numa aventura, num filme. Depois de um mês, ele disse que queria ser meu noivo. Sabia muito bem que eu era casada, mas ali no bingo, a gente vivia um mundo paralelo. Ele fez o anúncio na frente de todo o pessoal que jogava e me deu um anel, ajoelhado no chão. Eu nunca me senti tão poderosa.

Depois de um ano, tudo começou a mudar. Paulo sumia várias tardes. Dizia que havia conseguido um trabalho, que não queria mais ser sustentado pelos pais. Tânia passou a persegui-lo. Durante dias seguidos, passava horas no estacionamento onde ele guardava o carro, para ver se ele chegava com alguém. Sua vida era saber de todos os seus passos. Subornou um porteiro. Tentou contratar um amigo para segui-lo. No bingo, quando Paulo aparecia, ela não permitia que ele conversasse com nenhuma outra mulher. Tiveram brigas públicas. Ela já não ligava para o olhar dos outros. Passaram a se agredir fisicamente.

Eu não ligava pro meu filho, minha casa, nada. Eu vivia em função dele. Um dia, ele disse que não queria mais, que eu levava a vida dele para o fundo do poço. Falou que eu era louca. Foi pouco antes de um Natal. Na ceia, com meu marido, meu filho e o resto da família, chorei sem parar. Ninguém sabia o que eu tinha. A quem perguntava, eu dizia que estava deprimida.”

No dia seguinte, Tânia foi à casa de Paulo. A mãe atendeu a porta e ela invadiu. Começou a gritar e quebrar tudo pela frente. Agrediu o ex-namorado com socos e pontapés. Chamaram dois porteiros para tirá-la de lá. Mas ela não parou. Continuou seguindo o ex-namorado. Contentava-se em vê-lo passar na rua. Teve distúrbios de ansiedade, insônia, desmaios. A família nunca soube o motivo. Hoje, ela tem apoio psiquiátrico e participa de um grupo de apoio. Ainda pensa no ex – e sofre –, mas tem conseguido se controlar.

“Até quando, não sei. Mas esse amor ainda dói muito.”

O que Tânia chama de amor pode ser, na verdade, uma doença. Dentro das classificações psiquiátricas, ela se insere nos chamados Transtornos Impulsivos do Comportamento – junto com o vício no jogo, nas compras, na comida. Nos meios médicos, é chamado de Amor Patológico – e tem sido cada vez mais reconhecido como doença. No Rio, a Santa Casa, referência em Psiquiatria, iniciou este ano o tratamento específico deste tipo de transtorno. Doze pacientes começaram a ter sessões individuais e trabalhos em grupo. Há cinco anos, um núcleo da Universidade de São Paulo (USP) também mantém um ambulatório especializado, além de estudar o Amor Patológico. “A ideia dessa dependência afetiva é bastante nova. Esse reconhecimento é muito importante, porque é algo que causa enorme sofrimento a muitas pessoas”, diz a psiquiatra Analice Gigliotti, chefe do Setor de Dependência Química e Outros Transtornos do Impulso da Santa Casa.

O Amor Patológico ainda não é, oficialmente, uma doença mental. As dependências comportamentais estão entrando, progressivamente, no Manual de Estatística e Diagnóstico das Doenças Mentais, a DSM. Trata-se da bíblia dos transtornos mentais, reelaborada periodicamente pela Associação Americana de Psiquiatria. Na próxima edição, que sairá ainda este ano, a compulsão por jogos será registrada. “Aos poucos, a coleção de registros e a existência de um padrão farão com que os transtornos sejam incluídos no Manual”, diz Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Desde a década de 80, a psicologia e medicina estão percebendo que, da mesma forma que há dependências químicas, de substâncias, há a dependência de determinados comportamentos. A novidade é medicalização do transtorno. O reconhecimento do problema – que tem um padrão, daí ganhar um tratamento específico – é o primeiro passo para o processo de controle de atitudes que podem prejudicar vidas.

No fundo de tudo, a busca do prazer. O vício não é no jogo, na droga ou na pessoa – é no prazer. A explicação é neuroquímica: a paixão, como a droga, libera a dopamina no cérebro. É essa substância que causa a sensação de prazer, de conforto, de felicidade e bem-estar. Depois de experimentá-la, como viver sem ela? No caso do Amor Patológico, essa sensação é personificada. Como viver sem aquele alguém ou com a ideia de que ele não nos ama como gostaríamos?

Quem sofre do Amor Patológico não consegue ter um relacionamento amoroso saudável. Seu foco obsessivo é o parceiro, a relação. Aceita um relacionamento destrutivo, tolera humilhações. Sofre com a falta de atenção do ser amado – real ou imaginária. Reage de forma desesperada à rejeição. Tem necessidade de controle do outro – mesmo quando este já virou ex. Às vezes por toda a vida.

FONTE: Revista Epoca
http://colunas.revistaepoca.globo.com/mulher7por7/2012/08/20/quando-o-amor-e-doenca-parte-1/

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A última lição de Chico Anysio

De: Analice Gigliotti

A última lição de Chico Anysio

"O antidepressivo arrumou a minha vida. Temos de colocar esses remédios ao alcance dos pobres", disse meu tio, que sofreu de depressão por anos

A última entrevista de Chico Anysio, falecido em março, foi feita em sua casa e não foi para nenhum jornal, rádio ou TV. Com cerca de 40 minutos de duração, foi concedida ao psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Chico havia sido convidado para ser padrinho da campanha "A sociedade contra o preconceito", da ABP, lançada no Congresso Brasileiro de Psiquiatria, ano passado. Devido ao seu estado de saúde e com medo de não comparecer ao evento, fez questão de deixar algumas palavras aos médicos na abertura do congresso, onde seu depoimento foi exibido.

Como sua fala é de grande valia, divido com os leitores algumas de suas últimas palavras. Paciente orgulhoso do psiquiatra Marcos Gebara por quase 25 anos, fez questão de explicitar a importância do tratamento psiquiátrico na sua vida. "Sem os remédios da psiquiatria, eu não teria feito 20% do que fiz."

O grande Chico Anysio, que divertiu a vida de gerações de brasileiros, sofreu de depressão por anos a fio.

"Depressão é um quadro que só se controla com remédio. O antidepressivo acertou a minha vida. A psiquiatria é fundamental como o ar que eu respiro." A depressão era "um demônio, um gás letal, ela entra e a pessoa não sente que está deprimida. Os outros é que descobrem".

Chico definiu como "criminoso" o preconceito contra as doenças mentais, traduzido pela palavra psicofobia. "Achar que ir ao psiquiatra ainda é coisa de maluco é retrato do preconceito. Depressão é uma coisa, maluquice é outra", comparou.

Chico se revoltou com o descaso com que governos e autoridades lidam com os transtornos mentais e o fornecimento de medicamentos.

"Se é possível ajudar e curar pessoas e isso não é feito, é crime. O governo tem esse dever. Não é favor colocar os remédios psiquiátricos ao alcance dos pobres, é obrigação. É dever do governo. Remédios psiquiátricos precisam ser gratuitos para quem precisa, assim como já acontece com os soropositivos", propôs.

Ele afirmava que seu grande mal não era a depressão, mas o cigarro. "Meu pulmão foi meu grande adversário. O grande criminoso da minha vida foi o cigarro. Eu venci a depressão porque pude pagar remédios e psiquiatra. A depressão é vencível, é controlável. É só ir ao psiquiatra e tomar os remédios. O cigarro não."

Ele era categórico em afirmar que seu único arrependimento em quase 80 anos de vida era o vício no cigarro. "Sou do tempo em que fumar era coisa de macho. Cary Grant fumava, Humphrey Bogart fumava... Conseguir que uma pessoa pare de fumar significa que ela volte a viver", afirmou emocionado.

Ele foi capaz de um feito raro: parar de fumar sozinho. Mas, infelizmente, já era tarde demais. Os danos ao pulmão e coração eram de tal ordem que muito pouco poderia ser revertido. Antes de falecer, Chico andava com a ideia de criar uma fundação com seu nome para apoiar os estudos de combate ao tabagismo. Infelizmente, não teve tempo.

Ele tinha a dimensão do poder que suas palavras poderiam ter para as vítimas de depressão e tabagismo.

"O humor só existe em países com problemas. Não existe humorista sueco ou finlandês. Do problema nasce o humor. Como humorista, não tenho nenhum poder de consertar uma coisa, mas tenho o dever de denunciá-la. É o que estou fazendo aqui: denunciando a falta de socorro aos doentes mentais no Brasil".

Que o seu contundente relato alcance aqueles que ainda fumam ou questionam os danos que os transtornos mentais não tratados podem causar na vida de quem os sofre, seus familiares e amigos. Se Chico conseguiu diminuir a tristeza de milhões de brasileiros com o sorriso, que ele possa agora diminuir o preconceito contra as doenças psiquiátricas por meio de suas palavras.


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ANALICE GIGLIOTTI, 48, mestre em psiquiatria pela Unifesp, é medica e sobrinha de Chico Anysio

Fonte: Folha de São Paulo - OPINIÃO - São Paulo, terça-feira, 14 de agosto de 2012

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Tendências/Debates: A última lição de Chico Anysio

Tendências/Debates: A última lição de Chico Anysio

A última entrevista de Chico Anysio, falecido em março, foi feita em sua casa e não foi para nenhum jornal, rádio ou TV. Com cerca de 40 minutos de duração, foi concedida ao psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Chico havia sido convidado para ser padrinho da campanha "A sociedade contra o preconceito", da ABP, lançada no Congresso Brasileiro de Psiquiatria, ano passado. Devido ao seu estado de saúde e com medo de não comparecer ao evento, fez questão de deixar algumas palavras aos médicos na abertura do congresso, onde seu depoimento foi exibido.

Como sua fala é de grande valia, divido com os leitores algumas de suas últimas palavras. Paciente orgulhoso do psiquiatra Marcos Gebara por quase 25 anos, fez questão de explicitar a importância do tratamento psiquiátrico na sua vida. "Sem os remédios da psiquiatria, eu não teria feito 20% do que fiz."

O grande Chico Anysio, que divertiu a vida de gerações de brasileiros, sofreu de depressão por anos a fio.

"Depressão é um quadro que só se controla com remédio. O antidepressivo acertou a minha vida. A psiquiatria é fundamental como o ar que eu respiro." A depressão era "um demônio, um gás letal, ela entra e a pessoa não sente que está deprimida. Os outros é que descobrem".
Chico definiu como "criminoso" o preconceito contra as doenças mentais, traduzido pela palavra psicofobia. "Achar que ir ao psiquiatra ainda é coisa de maluco é retrato do preconceito. Depressão é uma coisa, maluquice é outra", comparou.

Chico se revoltou com o descaso com que governos e autoridades lidam com os transtornos mentais e o fornecimento de medicamentos.

"Se é possível ajudar e curar pessoas e isso não é feito, é crime. O governo tem esse dever. Não é favor colocar os remédios psiquiátricos ao alcance dos pobres, é obrigação. É dever do governo. Remédios psiquiátricos precisam ser gratuitos para quem precisa, assim como já acontece com os soropositivos", propôs.

Ele afirmava que seu grande mal não era a depressão, mas o cigarro. "Meu pulmão foi meu grande adversário. O grande criminoso da minha vida foi o cigarro. Eu venci a depressão porque pude pagar remédios e psiquiatra. A depressão é vencível, é controlável. É só ir ao psiquiatra e tomar os remédios. O cigarro não."

Ele era categórico em afirmar que seu único arrependimento em quase 80 anos de vida era o vício no cigarro. "Sou do tempo em que fumar era coisa de macho. Cary Grant fumava, Humphrey Bogart fumava... Conseguir que uma pessoa pare de fumar significa que ela volte a viver", afirmou emocionado.

Ele foi capaz de um feito raro: parar de fumar sozinho. Mas, infelizmente, já era tarde demais. Os danos ao pulmão e coração eram de tal ordem que muito pouco poderia ser revertido. Antes de falecer, Chico andava com a ideia de criar uma fundação com seu nome para apoiar os estudos de combate ao tabagismo. Infelizmente, não teve tempo.

Ele tinha a dimensão do poder que suas palavras poderiam ter para as vítimas de depressão e tabagismo.

"O humor só existe em países com problemas. Não existe humorista sueco ou finlandês. Do problema nasce o humor. Como humorista, não tenho nenhum poder de consertar uma coisa, mas tenho o dever de denunciá-la. É o que estou fazendo aqui: denunciando a falta de socorro aos doentes mentais no Brasil".

Que o seu contundente relato alcance aqueles que ainda fumam ou questionam os danos que os transtornos mentais não tratados podem causar na vida de quem os sofre, seus familiares e amigos. Se Chico conseguiu diminuir a tristeza de milhões de brasileiros com o sorriso, que ele possa agora diminuir o preconceito contra as doenças psiquiátricas por meio de suas palavras.

ANALICE GIGLIOTTI, 48, mestre em psiquiatria pela Unifesp, é medica e sobrinha de Chico Anysio
FONTE: http://www.jornalfloripa.com.br/entretenimento/index1.php?pg=verjornalfloripa&id=2018

sábado, 4 de agosto de 2012

Depressão, cerca de 25% da população já teve, tem ou terá


Debate com Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria e Miguel Chalub, psiquiatra e professor da UFRJ e UERJ.

Então lembre-se:
- Faça exercícios físicos;
- Se alimente bem;
- Tenha horário para descansar, para lazer, para cuidar de você;
- Não leve a vida tão a sério (trânsito, filas, etc).
FONTE: http://cbn.globoradio.globo.com/programas/show-da-noticia/2012/07/07/DEPRESSAO-CERCA-DE-25-DA-POPULACAO-JA-TEVE-TEM-OU-TERA.htm

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Diagnóstico de doenças psiquiátricas exige cuidado

Diagnóstico de doenças psiquiátricas exige cuidado

Psiquiatra alerta que uso de remédio só deve ser feito após avaliação de especialista

Rio - Doenças psiquiátricas são muito sérias e exigem atenção, mas são curáveis e não justificam fobia ou preconceito. Especialistas afirmam que pais que desconfiam que os filhos podem estar com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou outros distúrbios devem procurar profissionais qualificados para que a doença não seja confundida.
Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva afirma que pais de crianças em idade escolar devem começar a se preocupar com estados como desatenção, inquietude, hiperatividade e impulsividade quando começarem a observar que existem perdas não-pontuais no aprendizado ou na vida social.“É a hora de procurar um psiquiatra.
Ele vai ter as ferramentas para fazer o chamado diagnóstico diferencial e distinguir, por exemplo, o TDAH tanto de problemas físicos, como o hipertireoidismo, e outras doenças psiquiátricas, como o transtorno bipolar. Ambos têm sintomas que são comuns ao TDAH”, explica o médico.
Ele afirma que, em muitos casos, o paciente de TDAH pode ter ainda outro transtorno psiquiátrico. “Quando adulto, o paciente de TDAH pode acumular doenças como o alcoolismo”, explica.O médico diz que o TDAH não é difícil de tratar. “O tratamento envolve medicamentos, mas, depois da adolescência, cerca de 40% podem abandoná-los e outros, diminuir a quantidade.
O importante é ter o acompanhamento, que pode envolver ainda a psicoterapia”, diz. Sobre os remédios, Silva explica que, dependendo do caso, podem ser usados o metilfenidato ou antidepressivos mais leves: “Pregamos o uso racional e condenamos tanto o uso indiscriminado como a falsificação de receitas e medicamentos”.
Fonte: http://odia.ig.com.br/portal/cienciaesaude/diagn%C3%B3stico-de-doen%C3%A7as-psiqui%C3%A1tricas-exige-cuidado-1.463220

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

debate sobre deficit de atenção




Uma campanha lançada nesta semana pelo CFP (Conselho Federal de Psicologia) contra o uso excessivo de medicamentos por crianças e adolescentes para melhorar o desempenho escolar reacendeu o debate sobre o diagnóstico de deficit de atenção.
De um lado, o conselho afirma que comportamentos "normais" de crianças, adolescentes e adultos têm sido considerados patológicos e muitas vezes são tratados desnecessariamente com remédios tarja preta. Do outro, entidades como a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) dizem ser contra o uso abusivo de qualquer remédio, mas afirmam que os critérios para o diagnóstico são bem definidos e o tratamento, se bem conduzido, traz benefícios aos pacientes. O lançamento da campanha "Não à Medicalização da Vida" do conselho de psicologia foi feito durante audiência pública na Câmara dos Deputados.

O Ministério da Saúde disse ser a favor da ação por defender o uso racional de todos os remédios. Mas, em oposição, um manifesto lançado ontem por 20 instituições, como a ABP, a Sociedade Brasileira de Pediatria e grupos de pesquisas de universidades como USP, Unicamp e UFMG, repudia informações "sem cunho científico" divulgadas na mídia sobre TDAH (transtorno de deficit de atenção e hiperatividade), que afirmam que o transtorno não existe e levantam dúvidas sobre os benefícios do tratamento.


AUMENTO


Dados da campanha mostram que, em 2000, foram consumidas 70 mil caixas de medicamentos para o tratamento de distúrbios ligados à aprendizagem. Em 2010, o número subiu para 2 milhões. "São dados absurdos. Não entendemos que essa demanda seja legítima", diz Marilene Proença, conselheira do CFP.

Mas, segundo o psiquiatra Antonio Geraldo da Silva, presidente da ABP, estudos apontam que o transtorno atinge 5% da população, o que significa 10 milhões de pacientes com TDAH. "Muitos estão sem tratamento. O que tem é desassistência psiquiátrica no setor público no país", afirma. Segundo ele, esse aumento de prescrições se deve ao maior acesso de informações, que faz com que mais pessoas procurem uma avaliação, e aos próprios médicos, que passaram a fazer os diagnósticos de maneira melhor.


TRAQUINAS


Proença afirma que o objetivo da campanha é esclarecer os pais dos malefícios da medicalização de comportamentos considerados inadequados pela sociedade. "Os instrumentos de diagnósticos são duvidosos, muitos profissionais se baseiam em questionários. Qualquer criança traquina se encaixa." Ela diz acreditar também que é preciso encontrar formas de trabalhar com a criança que tem dificuldades de aprendizado, como orientações pedagógicas e aos pais.

"Comportamento se aprende, mas com a droga a criança não cria a expectativa de resolver os problemas com novas estratégias. O remédio resolve e ocupa esse lugar." Iane Kestelman, psicóloga, mãe de dois filhos com TDAH e presidente da Associação Brasileira de Deficit de Atenção diz, porém, que não há mais dúvidas de que existem diferenças entre o comportamento de crianças "peraltas e irrequietas" e o de crianças com o diagnóstico de TDAH. "Isso só demonstra desconhecimento sobre o tema. Crianças que são simplesmente 'levadas' não têm prejuízos sociais em todas as áreas da vida, não respondem com um desempenho sempre abaixo do esperado.

O diagnóstico é estabelecido pela intensidade, gravidade e discrepância, e nos assusta uma campanha que lança dúvidas sobre isso", afirma.

Silva diz ainda que os critérios internacionais que definem o TDAH, comprovados na literatura, são usados com entrevista clínica extensa.

Fonte: http://www.circuitomt.com.br/editorias/brasil/17334-campanha-reacende-debate-sobre-deficit-de-atencao.html

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