quinta-feira, 29 de março de 2012

Medo de casar e ter compromisso pode ser sintoma de doença

Medo de casar e ter compromisso pode ser sintoma de doença


Gamofobia tem sintomas parecidos com ataque de pânico, segundo ABP.

Tratamento pode ser feito através de medicação e psicoterapia.

Palpitação, sensação de sufocamento e mal estar são alguns dos sintomas da gamofobia, que significa o medo crônico do casamento. Parecida com a sensação de pânico, a doença já foi identificada pela psiquiatria e tem tratamento.

De acordo com especialistas, é natural que a ideia de subir ao altar venha acompanhada de um pouco de nervosismo, afinal é uma mudança grande na vida. No entanto, há pessoas que não podem ouvir falar em compromisso, que logo começam a passar mal. “É um medo irracional, sem sentido, muito maior do que o medo comum que a pessoa tem de casar”, disse o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio da Silva.

Ainda segundo Silva, os sintomas da doença são parecidos com os de um ataque de pânico. “Palpitação, sensação de sufocamento, mal estar, sensação de quem pode morrer, as mãos ficam geladas, suadas, só de tratar desse assunto”, explicou.

Em alguns casos, a pessoa que sofre de gamofobia não consegue ir ao casamento, nem mesmo dos outros. “Você vai identificar os sintomas do transtorno em várias situações que lembrem o fenômeno, seja com fotos, com os amigos falando, seja convites de casamento”, destacou a Maria de Jesus, psicóloga da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Muitas vezes, a doença pode ter início a partir de algum trauma como a separação dos pais ou uma relação conjugal anterior marcada por problemas.

A psicóloga explica que a doença pode ser controlada com remédios e psicoterapia. “Pode ser tratado e a pessoa com certeza pode vir a casar com aliança, com todas as variações possíveis”, disse.

Fonte: G1
http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2012/03/medo-de-casar-e-ter-compromisso-pode-ser-sintoma-de-doenca-gamofobia.html

sábado, 24 de março de 2012

CT de Psiquiatria propõe resolução que adota princípios de proteção do doente mental e define requisitos para assistência

A Câmara Técnica de Psiquiatria trabalha em resolução que adota princípios universais de proteção do doente mental. As normas trarão os critérios mínimos de segurança para estabelecimentos hospitalares ou de assistência psiquiátrica de qualquer natureza.


Em reunião em Brasília na quarta-feira, dia 14 de março, a CT de Psiquiatria debateu os princípios que deverão conter a norma. Assim que finalizada a minuta de resolução será apresentada para aprovação do plenário do Conselho Federal de Medicina. A data ainda não foi definida.

“Todo paciente deve receber assistência em ambiente adequado as suas necessidades de saúde e segurança de forma que sua integridade física a de terceiros e o patrimônio sejam protegidos”, justificou o coordenador da CT e 3º vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes.

Também participaram da reunião: Alberto Carvalho de Almeida, Antonio Geraldo da Silva, Carlos Alberto Salgado, Carlos Eduardo Zacharias, José Geraldo Taborda (Associação Brasileira de Psiquiatria), Juberty de Souza (Conselho Regional de Medicina do Mato Grosso do Sul), Paulo César Geraldes (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro) e Salomão Rodrigues Filho (Conselho Regional de Medicina do Goiás) e Rogério Aguiar (Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul).
 
Fonte: http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=22751:ct-de-psiquiatria-propoe-resolucao&catid=3

sábado, 10 de março de 2012

ABP e a Campanha da Fraternidade

ABP e a Campanha da Fraternidade


O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, se encontrou na  segunda-feira (13/02) com o cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis, presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), para apresentação de dois projetos importantes que estão sendo desenvolvidos pela ABP - A Sociedade Contra o Preconceito e Craque que é craque, não usa crack.

Durante o encontro, o presidente da ABP detalhou a Dom Damasceno os projetos e ressaltou que, dada a importância da CNBB na sociedade brasileira era fundamental uma parceria. Antônio Geraldo também solicitou que o projeto A Sociedade contra o Preconceito se tornasse tema da Campanha da Fraternidade, desenvolvida pela CNBB durante a Quaresma (período entre o Carnaval e a Semana Santa).

A Sociedade Contra o Preconceito visa diminuir o estigma em relação à doença mental e ao Psiquiatra. Para a ABP, a falta de informação é uma das razões para o preconceito. E o preconceito atrapalha o acesso a tratamentos corretos e, com isso, nem todo mundo que precisa recebe ajuda médica. Dados apresentados por Antônio Geraldo à CNBB mostram que o descaso com a doença e com os pacientes psiquiátricos é incoerente com a frequência com que as doenças se manifestam na população.

Quanto ao projeto Craque que é craque, não usa crack, Antônio Geraldo esclareceu que ele foi criado com a intenção de fortalecer o combate e a prevenção ao uso de drogas. A ABP pretende, com esse projeto, envolver jovens esportistas, artistas, comunicadores e outras personalidades de referência no País para luta contra o crack. Dados e estatísticas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística) mostram que o Brasil possui um milhão e duzentos mil usuários de crack. O número alarmante levou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a afirmar que o Brasil está vivendo uma epidemia do crack. Ainda segundo esses dados, um terço dos usuários de crack morre nos primeiros cinco anos de uso da droga. Por esse motivo, a ABP reconhece a necessidade de parcerias que visem a diminuição desses números.

Além dos programas apresentados, o presidente da ABP fez uma denúncia sobre a assistência ao paciente psiquiátrico. Segundo Antônio Geraldo, apesar dos avanços obtidos com a instalação de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), ainda estamos longe do ideal. A ABP acredita que o modelo de atendimento atual não atende a demanda e a assistência ao paciente com transtornos mentais deixa a desejar. “Existem poucos leitos e os que existem estão sucateados. O governo não tem foco na qualidade do serviço oferecido a esses pacientes. Outros instrumentos de assistência deveriam ser implantados, mas não foram”, afirmou.

Dom Damasceno reconheceu a importância dos projetos da ABP e disse que serão analisados para apresentação na Campanha da Fraternidade de 2014, pois as campanhas de 2012 e 2013 já estão fechadas. O cardeal recebeu ainda o DVD de entrevista feita com Chico Anysio pelo presidente da ABP, em que o humorista fala de sua depressão e da importância do psiquiatra em sua vida. O vídeo foi apresentado no XXIX Congresso Brasileiro de Psiquiatria, realizado no Rio de Janeiro em 2012.

http://abp.org.br/2011/medicos/archive/5262

sexta-feira, 9 de março de 2012

Internação compulsória e direito à vida

O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, escreveu um artigo para o jornal Correio Braziliense comparando a internação compulsória ao direito à vida. A discussão surge a partir de um Projeto de Lei que vem sendo avaliado pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) que propõe a internação para tratar dependentes químicos.


No quinto artigo, a Constituição Federal traz o direito à vida e à liberdade como garantias invioláveis do povo brasileiro. Por vezes, dois direitos tão fundamentais são confrontados. E aí surge a dúvida: entre a liberdade e a vida, com qual você fica? A capciosa dúvida, claro, não precisa ser levada ao extremo, mas o fato é que, sem vida, não há como reivindicar liberdade.

Ou seja, a liberdade possui limites. O que não tem limites e é inquestionável é o direito à vida. Nem que, para exercer esse direito em plenitude, o cidadão precise abrir mão da liberdade por algum período. O direito à vida deve ser compreendido ainda de acordo com uma visão global, incluindo na interpretação outros valores, entre os quais se destaca a dignidade humana, presente na curta relação de fundamentos da democracia brasileira.

E exatamente apoiada nos fundamentos da democracia, a Comissão de Assuntos Sociais do Senado está analisando o PLS 111/10, de autoria do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que altera o artigo 28, da Lei 11.343, a chamada Lei de Drogas, para estabelecer pena de detenção de seis meses a um ano para o usuário de drogas, bem como a possibilidade da substituição da pena privativa de liberdade por tratamento especializado.

Parlamentares já introduziram alterações ao texto original. Uma delas é a troca da prisão pela “internação compulsória”. Para a senadora Ana Amélia (PP-RS), relatora do PLS, a dependência química é questão de saúde e não de segurança já que 98% dos municípios brasileiros relatam problemas decorrentes do uso de álcool e drogas.

A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) cerra fileiras com a senadora e com os parlamentares que têm o mesmo posicionamento. Para a ABP, o dependente químico não é criminoso que precise de cadeia, é doente que necessita de atenção e atendimento especializado porque já está sentenciado à prisão sem grades determinada pelo uso das drogas.

Para o dependente químico e sua família, a internação compulsória, muitas vezes, se torna a única garantia de vida ou qualidade de vida. A ABP deixa claro, no entanto, que a internação compulsória deve ser acompanhada e indicada por psiquiatra.

Os críticos à medida argumentam que a internação compulsória expõe o caráter repressivo do recolhimento, afinal, a aversão a qualquer período de internação psiquiátrica é forte ainda nos dias atuais e baseia-se, principalmente, na legislação do direito à liberdade.

Acontece que a ação humana não é absolutamente livre, já diziam os filósofos. Todo agir está condicionado a escolhas e só está em condições de fazer escolhas e agir com liberdade quem melhor compreende as alternativas que lhe são oferecidas.

Sim, o direito à liberdade é muito importante, mas não é possível ser livre se se está preso a doenças mentais ou dependência química que, em última instância, levam o cidadão a ter comportamentos obsessivos, repetitivos, compulsivos, impulsivos, disfuncionais, autolesivos, suicidas de tal modo avassalador que ele perde a capacidade de amar e de trabalhar. Está preso a um automatismo mental que ele próprio reconhece ser tirânico e do qual não consegue se libertar.

Como afirma o filósofo-psiquiatra Henri Ey, o indivíduo perde a liberdade de decidir o que é bom e mau para si mesmo, perde até a liberdade de “pecar” por conta própria, dado o determinismo biológico e psíquico doentio a que está submetido. Espero nunca ser necessário fazer uma escolha que coloque em oposição o direito à vida e o direito à liberdade, mas se, para ter vida em plenitude, precisar abdicar de algum período de liberdade em local adequado, que assim seja.

Por Antônio Geraldo da Silva – Presidente da ABP para o Correio Braziliense.

Publicado também:

http://ctviva.com.br/blog/internacao-compulsoria-e-o-direito-a-vida/

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/3/6/internacao-compulsoria-e-direito-a-vida

http://reporteralagoas.com.br/novo/?p=6912

quinta-feira, 8 de março de 2012

A hora de pagar Promessas

A hora de pagar promessas


como cracolândia, em São Paulo, suscitou uma discussão sobre os limites da atuação do governo e da força policial no tratamento dos dependentes químicos. A operação é apoiada por 82% dos paulistanos, segundo o instituto de pesquisas Datafolha.

Mas quanto tempo dura esse efeito midiático de uma cracolândia limpa?

Qual estratégia deve ser usada pelos órgãos públicos para controlar a epidemia do crack e garantir o tratamento dos dependentes que estão sendo internados compulsoriamente?

Tirar o dependente químico das ruas - de forma compulsória ou involuntária, como vem acontecendo - e oferecer tratamento adequado é, com certeza, a estratégia fundamental para vencer o jogo contra a droga.

A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) apoia a internação compulsória ou involuntária - desde que seja acompanhada e indicada por um psiquiatra - porque entende que é a forma ideal de garantir a saúde e a vida do usuário, mas também defende que é preciso mais do que ações policiais para que o usuário se afaste das drogas e tenha qualidade de vida.

E é exatamente no pós-ação policial - no tratamento - que está o calcanhar de aquiles da operação da cracolândia paulista e de outras que se desenvolvem em todo o Brasil. Para onde enviar os dependentes e como tratá-los? Os hospitais, clínicas e Centros de Atendimento Psicosociais (CAPS-AD) estão preparados?

A sociedade e a ABP esperam há vários anos que o governo saia da inércia e passe a atuar de forma mais efetiva. Uma luz mais forte surgiu no final de 2011, quando o governo lançou um conjunto de ações para operacionalizar o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, criado em maio de 2010.

A ideia dos comandados da presidente Dilma Rousseff, mais especificamente os Ministérios da Saúde e da Justiça, é concentrar as ações em três eixos: o cuidado, que prioriza o atendimento ao dependente químico e a seus familiares; autoridade, com foco no combate ao tráfico de drogas; e a prevenção. Também está prevista a criação de enfermarias especializadas nos hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde). Até 2014, o Ministério da Saúde prevê o repasse de recursos para a criação de 2.462 leitos, que serão usados para atendimentos e internações de curta duração durante crises de abstinência e em casos de intoxicação graves.

Contudo, se faz necessário a implantação de vagas hospitalares para internações de longa duração, preferencialmente em unidades de psiquiatria. E na impossibilidade de vagas públicas, que as clínicas conveniadas sejam usadas para internação, como se faz em relação a outras patologias que recebem atenção integral do SUS e tratamento igual. Este parâmetro, inclusive, faz parte Rede de Atenção Psicossocial, criada pelo governo no final de 2011 e ainda não operacionalizada.

Finalmente o governo entendeu que a questão do crack - que se instalou no Brasil há mais de duas décadas - é um problema de Saúde Pública. O ministro Alexandre Padilha admitiu a "epidemia" e foi mais além. Disse que o crack avançou na sociedade mais do que as ações governamentais de combate à droga e que a rede pública de saúde não está preparada para o atendimento.

Entramos em 2012 e a luz está diminuindo porque até agora nenhuma das medidas foi implementada. O que continuamos a ver é um modelo de atendimento que não supre a demanda, não tem eficiência e resolutividade e, principalmente, não atende a Lei 10.216/2001 que estabeleceu as diretrizes da saúde mental no país, emoldurando uma nova estratégia, fundada na humanização do tratamento e na formação de uma rede, sem nenhum serviço com características asilares, o núcleo deixou de ser o hospital, mas passou a ser outro serviço, o CAPS. Ainda estamos longe de uma rede.

O fundamento mais importante é o fortalecimento da proteção e promoção da saúde, prevenção da doença e da atenção. E isso só se dá com uma rede de saúde eficiente e preparada.

É preciso colocar o foco no usuário de drogas no dia a dia e não apenas no momento isolado, quando a imprensa destaca nos noticiários e nas primeiras páginas de jornais.

A ABP está pronta para ajudar e já se dispôs para tal. Agora só falta o governo pedir.

Antônio Geraldo da Silva

pres. Assoc. Bras. Psiquiatria

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1102186

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