quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Mal comum entre as mulheres

Mal comum entre mulheres
Viva!
No mundo moderno, com o avanço da medicina e da ciência, algumas doenças e problemas mentais ficam cada vez mais evidenciados. O medo, um dos sintomas apresentados por Adriana Damasceno, é um deles. 'As fobias são os males psiquiátricos mais comuns em mulheres', comenta o psiquiatra Rafael Boechat.
Os medos, segundo ele, pertencem a uma classe de problemas que, não são considerados tão graves, mas que contudo chegam a incapacitar o paciente. De acordo com o psiquiatra, as pessoas têm consciência da irracionalidade do medo, mas simplesmente não conseguem lutar contra ele.
Boechat não sabe precisar quantos medos foram catalogados pela medicina, mas eles sempre existiram: 'O pai da psicanálise, Sigmund Freud, há cem anos, já comentava casos de fobia'.
Segundo Antônio Geraldo, presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília, as fobias fazem parte do grupo de doenças mentais conhecidos como transtornos de ansiedade. Dentre elas, existem as fobias simples, como medo de aranha, de avião, de altura e aquelas mais sérias e que, dependendo do grau, podem afetar muito a vida de quem convive com elas.
Dentre os medos que podem incapacitar, a fobia social é o mais comum. 'Este tipo de doença gera o afastamento social. As pessoas com este tipo de mal casam-se menos, suicidam-se mais, têm menores rendimentos financeiros e menor escolaridade', alerta Antônio Geraldo.
focoO psiquiatra explica que a fobia social é 'uma doença que se caracteriza pelo medo excessivo de ser foco de atenção de outras pessoas e, nessa circunstância, fazer algo ridículo ou humilhante'.
Um dos medos mais comuns de quem tem a fobia social é se apresentar em público, mas também é comum este paciente temer falar em público, conversar com autoridades, usar banheiro público, conversar com o sexo oposto e assinar documentos na frente dos outros, como cheque. Estes podem ser sintomas de quem tem a doença.
E este é um problema difícil de diagnosticar, principalmente em função do desconhecimento. Segundo o psiquiatra Antônio Geraldo, a doença chega a ser confundido com timidez: 'Algumas pessoas e familiares acham que o que a pessoa tem é normal, que é timidez e que aquilo vai acabar. Mas, não é bem assim. A fobia social não é um 'piti', é uma doença'.
A fobia social pode ser restrita ou generalizada. A restrita é aquela em que o indivíduo teme apenas uma ou outra situação. E ele acaba se adaptando ao problema e vivendo tranqüilamente. 'A generalizada é a mais grave, porque os pacientes podem apresentar prejuízos bastante significativos para a sua vida.' A medicina ainda não descobriu a origem do problema. A fobia social é causada por vários fatores como ambientais (a vida em família ou na sociedade), psicológicos ou de aprendizado.
De acordo com Antônio Geraldo, o tratamento da fobia social é feito com antidepressivos e psicoterapia-cognitiva. Ele alerta que o tratamento básico desse mal deve ser feito por um psiquiatra. 'Tem que ser psiquiatra para diagnosticar. Não dá para quebrar galho, não pode ser outro', garante.

Fonte: Jornal de Brasília e site da Secretaria de Estado de Saúde

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Depressão X Desinformação


Pesquisa inglesa critica o uso de antidepressivos em casos “leves e moderados”, e agrava a confusão feita em torno do tema. Especialistas defendem os medicamentos e explicam como age a doença

Correio Braziliense





A depressão é um transtorno causado por alterações químicas no cérebro. Uma tristeza, aparentemente súbita, toma conta da mente e impede a realização de tudo o que estabelecemos como metas para o bom funcionamento da vida. Os sintomas, muitas vezes, são facilmente confundidos com frustrações banais, é verdade. Mas a falta de informação faz o mal ser alvo de preconceitos e interpretações equivocadas.

Enquanto erramos no diagnóstico, a doença não pára de crescer. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão afeta 120 milhões de pessoas no mundo e é a quarta enfermidade mais incapacitante, de acordo com estudos feitos em 1996. Pior: no ano de 2020 já será a segunda, perdendo apenas para doenças isquêmicas do coração.
Nesse mundo que ainda mistura avaliações apressadas e informações desencontradas, uma pesquisa publicada pela Universidade de Hull, na Inglaterra, pôs em questão o uso de antidepressivos no tratamento da doença. De acordo com o estudo, esses medicamentos não seriam eficazes em casos leves e moderados. Especialistas discordam. “A depressão é uma doença só, não três. Casos leves, moderados e graves se diferenciam apenas por alguns sintomas. Essa subclassificação é mesmo questionada por muitos pesquisadores”, explica o psiquiatra e professor da Universidade de Brasília (UnB) Raphael Boechat.

O psiquiatra Ricardo Moreno, que é pesquisador do grupo de doenças afetivas do Hospital das Clínicas, em São Paulo, também implode o estudo e ressalta: “A pesquisa apresenta muitas falhas metodológicas. A conclusão é um desserviço para pacientes que sofrem de casos mais brandos, já que, sem tratamento, eles têm grandes chances de passarem por crises mais graves”.

Autora do livro Eu tomo antidepressivo, graças a Deus!, a jornalista e escritora Cátia Moraes sofre do mal e juntou em sua obra várias experiências de quem passou pelo problema. “A depressão leve é chamada assim porque não paralisa totalmente a pessoa, mas a qualidade de vida dela se deteriora rapidamente”, conta.

Para Ricardo Moreno e Cátia Moraes, pesquisas como essa são aceitas por causa do receio e preconceito em torno do uso de antidepressivos. Para eles, essa falta de aceitação é um grande entrave no tratamento de quem sofre do mal. Segundo Moreno, uma em cada cinco pessoas terá pelo menos um episódio de depressão ao longo da vida. Dessas, apenas um terço procura um psiquiatra. Os outros dois terços vão atrás de tratamentos alternativos. O que é preocupante, já que 18% dos casos de depressão são crônicos e, sem o uso da medicação preventiva, voltarão a ocorrer ao longo da vida de maneira cada vez mais acentuada e incapacitante.

Os médicos ressaltam, no entanto, a necessidade de se diferenciar a tristeza profunda da patológica. Estar sofrendo não é o pré-requisito para o uso dos antidepressivos. Frustração faz parte da vida. Além disso, se não for depressão, os remédios não farão efeito. “A depressão é uma alteração de neurotransmissores. Não é questão ideológica”, explica o psiquiatra Ricardo Moreno. Apesar de o antidepressivo não causar dependência como os calmantes — por isso é um remédio considerado tarja vermelha, não preta —, os mais de 30 tipos têm efeitos colaterais e precisam ser controlados por um psiquiatra para que sejam realmente eficazes.


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Dúvidas freqüentes
• Tristeza não é depressão, como explica o psiquiatra Raphael Boechat: “A doença apresenta uma série de sintomas, a tristeza é um deles, mas estão presentes vários outros, como alterações do sono e do apetite, humor deprimido, diminuição do desejo sexual, alterações de concentração, idéias suicidas. Além disso, a duração é maior do que de uma tristeza causada por circunstâncias da vida”.
• O uso de antidepressivos para escapar das frustrações cotidianas é um risco para quem usa, além de não ser eficaz em quem não sofre da doença. Mas o medicamento não causa dependência. Há a possibilidade de efeitos colaterais graves, e a combinação com o uso de outros remédios pode alterar o funcionamento de ambos. A pílula anticoncepcional perde sua eficácia, por exemplo.
• A incidência de depressão é maior nas mulheres do que nos homens. “Isso pode ser em decorrência das alterações hormonais pelas quais a mulher passa ao longo da vida”, explica o psiquiatra Ricardo Moreno.
• O fator genético tem forte influência no aparecimento da depressão. Duas em cada cinco pessoas que sofrem com a doença têm outros casos na família.

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Medo e angústia extremos

Alvo de preconceito até por aqueles que sofrem do transtorno, a depressão causa polêmica por ser um mal afetivo, que mexe com os sentimentos e com a capacidade de relacionamento. A jornalista e escritora Cátia Moraes conta que, além de sofrer de depressão, teve o primeiro contato com o transtorno quando seu pai entrou em crise. “Ele era uma pessoa muito querida, gostava de declamar, era amoroso, um paizão. De repente, quando tinha 11 anos, perdi o meu pai, que passou a ficar o tempo todo deitado na cama. Ele perdeu o emprego, e acabou falecendo quatro anos mais tarde”, conta.

A falta de abertura para falar a respeito dificultou a compreensão sobre a doença. “Não dava para entender e ninguém comentava, o preconceito era maior ainda naquela época. Era muito ruim. Era uma família tão unida e saudável, que de repente foi tomada pelo medo”, diz Cátia Moraes. Ela se viu novamente confrontada com a depressão quando começou a sentir os sintomas aos 37 anos. “Era um medo e uma angústia extremos, foi horrível.”

Em depoimento no livro Eu tomo antidepressivo, graças a Deus!, a jornalista Ciça Guedes conta que, numa crise depressiva, teve um pavor súbito e arrebatador de comer e beber. Ela passou a sentir pânico de ingerir líquidos e engolir comida, acreditando que poderia se engasgar. Só depois de alguns dias de uso de medicamentos aliados à terapia, conseguiu voltar a tomar pequenos goles e comer. A depressão é assim. Pode minar relacionamentos e tomar conta de seu poder de decisão, seu raciocínio e mesmo da sua vontade de viver.

É em casos como esses — ou para evitá-los — que os remédios são indicados. E sempre aliados a outros tratamentos: normalmente a psicoterapia. Diferentemente dos médicos de algumas décadas atrás, os psiquiatras de hoje acreditam na necessidade de combinar a terapia com o uso de antidepressivos. “Sendo a depressão um problema multifatorial, ou seja, que tem várias causas, o tratamento também deve ser múltiplo”, compara o psiquiatra Ricardo Moreno.
LEVANDO A PÚBLICO

Cátia Moraes

A jornalista escreveu um artigo em resposta a uma reportagem que atacava o uso de antidepressivos. A repercussão foi tanta que ela revolveu escrever um livro sobre sua experiência pessoal, assim como a de seu pai, que morreu em decorrência da doença.

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Antônio Calloni

No livro Eu tomo antidepressivo, graças a Deus!, Calloni revelou que quando começou a sentir os sintomas da depressão, ele não entendeu o que estava acontecendo. Foi ao psiquiatra, fez terapia e tomou antidepressivo, mas parou três meses depois. Teve, então, uma recaída, e diz que, desde então, segue à risca as indicações de seu médico.

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Cássia Kiss

A atriz foi capa de revista e deu várias entrevistas sobre o fato de sofrer de transtorno bipolar — um tipo de depressão marcado por duas fases distintas, uma depressiva e outra de euforia ou mania —, além de bulimia. Ela disse que, como para muitos que admitem, falar a respeito de sua doença trouxe um grande alívio.

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Trecho do livro Eu tomo antidepressivo, graças a Deus!
A partir dos sete anos, um mundo de B. se reduziu a uma palavra asfixiante: medo, que muitas vezes se transformava em desespero e recaía sobre seus pais e irmão. Os pais tentaram a homeopatia e B. freqüentou semanalmente as sessões de terapia, mas não conversava com a psicóloga. Quando B. começou a engordar, a mãe a levou a um endocrinologista. Ele deu o diagnóstico: “Já passou da hora de vocês levarem a B. a um psiquiatra, ela não pode entrar assim na adolescência”. O médico alertou que eles tinham que rever o preconceito em relação aos antidepressivos. B. foi levada a um psiquiatra três anos depois do início dos sintomas. Pela primeira vez, falou o que sentia. O psiquiatra deu informações sobre a depressão, o tratamento e disse que ia lhe receitar um remédio. Ela perguntou se era para ‘tirar o medo’. Ele explicou que era para ajudá-la a enfrentar aquele medo. Ela concordou. Foi medicada e a mudança não tardou. Três meses depois, ela já falava de tudo com espontaneidade. “Teve um dia que contei tudo para as minhas amigas. Falei do tratamento, do remédio, dos meus medos, e elas me disseram que sentiam a mesma coisa. Aí falei para minha mãe que eu não sou tão diferente das outras garotas”, diz B.
Psicoterapia
É considerada fundamental na melhora do quadro depressivo. Mas sempre combinada com o uso de medicamentos. “Um erro comum é iniciar a psicoterapia e, se não melhorar, partir para o uso dos antidepressivos. Isso pode agravar o caso, além de demorar muito tempo para ajudar”, alerta o psiquiatra Raphael Boechat.

Medicamentos antidepressivos
Atuam diretamente nos neurotransmissores responsáveis pela sensação de felicidade e bom humor. Há mais de 30 substâncias diferentes. Todas têm efeitos colaterais em maior ou menor proporção, que vão de boca seca e insônia a crises convulsivas.

Terapia de luz
Sessões de exposição à luz artificial ou solar são usadas para diminuir a tristeza excessiva. Está comprovado que a falta de luz altera o humor. O uso dessa terapia, no entanto, não é unânime e alguns especialistas indicam que não há estudos suficientes sobre o assunto.

Eletroconvulsoterapia (ECT)
Também conhecido como eletrochoque, o polêmico tratamento consiste em usar choques de 90 a 110 volts para restabelecer o bom funcionamento do cérebro. Apesar do estigma, especialistas são a favor, e explicam que é a única saída para alguns transtornos e casos mais severos, com alto risco de suicídio.

Estimulação magnética transcraniana
Terapia que substitui o eletrochoque. Ela consiste no uso de um campo magnético aplicado por meio de uma bobina. É um processo indolor e que não causa desconforto nem convulsões, suas principais vantagens sobre a ECT.


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Fontes: Raphael Boechat e Ricardo Moreno, psiquiatras

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ESPERANÇA RENOVADA

Os psiquiatras trabalham com uma nova tese para tratar a depressão: alteração no ritmo circadiano ou relógio biológico. O médico João Romildo Bueno, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que parte dos pacientes com crise depressivas tem distúrbios do sono, como sonolência persistente, insônia ou dificuldades para dormir. O tema foi um dos destaque do 4º Congresso Brasileiro de Cérebro, Comportamento e Emoções, realizado há duas semanas, em Bento Gonçalves (RS).

O ciclo ou ritmo circadiano consiste no período sobre o qual se baseia a harmonia biológica do ser vivo. Para os seres humanos, esse tempo corresponde a aproximadamente 24 horas e é influenciado de forma marcante pela exposição à luz solar. Por meio desse ciclo, ocorre a regulação de todos os ritmos biológicos e psíquicos do corpo, como o processo de digestão, a sucessão sono–vigília e a regulação da temperatura orgânica.

O psiquiatra Antônio Geraldo, presidente da Associação de Psiquiatria de Brasília, ressalva que mais estudos devem ser efetuados a fim de consolidar os achados obtidos até agora. Entre as pesquisas está o primeiro antidepressivo melatoninérgico, específico para tratar as alterações do ritmo biológico. A substância ainda está em fase de licenciamento nas agências reguladoras de medicamentos na Europa e nos Estados Unidos e não há previsão para a sua chegada ao mercado farmacêutico. “É um passo importante. Os medicamentos existentes podem interferir ou mesmo piorar o padrão de sono dos pacientes deprimidos, pois interferem no ciclo circadiano”, avalia Antônio Geraldo.

________________________________________Colaborou Maria Vitória

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Curriculo

Antônio Geraldo Da Silva

Tel/Fax: (61)3443-9999
Email: antoniogeraldo@terra.com.br
Endereços Eletrônicos:
http://institutodepsiquiatria.blogspot.com
http://antoniogeraldo.spaceblog.com.br
http://lattes.cnpq.br/9471338065453170

Formação:

• Titulo de Especialista em Psiquiatria. AMB, 1999.
• Titulo de Especialista em Psiquiatria Forense. AMB, 1998.
• Residência Médica em Psiquiatria. FHDF, Conclusão Em 1989.
• Graduado em Medicina. UNIMONTES, Conclusão Em 1986.

Atuação Profissional:

• 2009. Membro e Professor do Núcleo de Pós Graduação da FASEH.
• 2008 – Atual. Professor do Centro de Pós Graduação da Universidade Estácio de Sá. Rio de Janeiro/RJ.
• 2007 – Atual. Professor de Psiquiatria do Instituto Ciências da Saúde da FUNORTE- SOEBRÁS. Montes Claros/MG.
• 2007 – Atual / 2004 – 2007 / 2001 – 2004 / 1998 – 2001. Presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília.
• Diretor de Relação com Sócios e Entidades Federadas da Associação Médica de Brasília.
• 2007 – Atual. Diretor Adjunto do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal/DF.
• Membro Honorário da Associação Psiquiátrica de Tocantins.
• 1989 – Atual. Médico – CIMED – Clinica Integrada Em Medicina. (20 Anos)
• 1989 – Atual. Concursado Pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal – SES. (20 Anos).
• 2005 – 2006. Coordenador de Saúde Mental do Distrito Federal. COSAM. (02 Anos).
• 2003 – 2005. Professor de Psiquiatria da União Educacional do Planalto Central – UNIPLAC.
• 2002 – 2005. Presidência da COREME – Universidade de Brasília e Hospital São Vicente Paulo, Brasília.
• Membro da Câmara Inter Setorial de Saúde Mental do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde-Suplente. MS-ABP.
• 2008 – Atual. Delegado Efetivo da Associação Médica de Brasília Junto A Associação Médica Brasileira.
• Associado da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria (PORTUGAL).
• Associado da ASMELP (PORTUGAL).
• Associado da APA (EUA).
• Associado da ABP – Associação Brasileira de Psiquiatria (BRASIL).
• 1998 – Atual. Médico e Diretor – IPAGE – Instituto de Psiquiatria Antônio Geraldo. (11anos)
• 2004. Membro Suplente do Conselho Nacional da Saúde, Representando A Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP.
• 2001 - 2004. Secretário Regional da ABP.
• 1993 - 1998. Tesoureiro da Associação Psiquiátrica de Brasília.
• 1992. Secretário Geral da Sociedade Brasileira de Psiquiatria Clínica – Região Centro Oeste.
• 1990 – 1992. Professor Visitante da Universidade de Brasília – UnB.
• 1989 – 2006. Preceptor de Ensino (Residência Médica Integrada Entre UnB e Secretaria de Estado de Saúde) da Fundação Hospitalar do Distrito Federal – FHDF.
• 1989 – 2004. Coordenador do Departamento de Residência Médica em Psiquiatria no Hospital São Vicente de Paulo. (15 Anos)
• 1988. Instrutor do Curso Para Médico Generalista da Fundação Hospitalar do Distrito Federal, na Área da Saúde Mental.
• 1988 - Coordenador do Projeto Formulação do Programa da Unidade de Internação Breve do Hospital São Vicente de Paulo.
• Palestrante, Coordenador de mesa, Coordenador da Sessão, Conferencista, Relator, Coordenador de Conferências Internacionais, Expositor, entre outras modalidades em mais de cem eventos no Brasil e no Exterior.

Formação Complementar:

• Curso em Casos Clínicos Difíceis. Faculdade de Medicina de Lisboa, FML, Portugal,
Ano de Obtenção: 2002.

• Cursos em Perturbações Psicóticas do Espectro da Doença Bipolar. Faculdade de Medicina
De Lisboa, FML, Portugal, Ano de Obtenção: 2002.

• Curso Sobre Terapia Cognitiva Comportamental. Associação dos Portadores da
Síndrome de Tourette Tiques e Transtornos Obsessivos, ASTOC, Brasil,
Ano de Obtenção: 1997

• Curso em Educação Continuada em Esquizofrenia. Word Psichiatric Association - Associação Brasileira de Psiquiatria, WPA – ABP, Brasil, Ano de Obtenção: 1996

• Curso de Depressão na Clínica Geral. Associação Mundial de Psiquiatria, AMB, Brasil, Ano de Obtenção: 1994.

• Curso de Psicofarmacoterapia. Sociedade Brasileira de Psiquiatria Biológica, SBPB, Brasil, Ano de Obtenção: 1991.


Editoriais E Participações Editoriais:

• JBP – Jornal Brasiliense de Psiquiatria. 2004 – Atual – Editor.
• Revista da AMBr – Revista da Associação Médica de Brasília. Conselho Editorial.
• Revista APERJ – Revista da Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro. Conselho Editorial.
• Revista Ella . 2006 – 2007. Colunista
• Blog – Correio Braziliense. Reportagens. 2007 – 2009. Colunista e colaborador.

Prêmios e Títulos:

• Obteve todos os pontos para o Mestrado em Saúde Mental pela Universidade Estadual de Campinas.
• Pontuação Excelente nas seguintes matérias: Disturbios Afetivos, Metodo Cientif. Em Pesquisa Psiquiátrica, Saúde Mental, Didática Especial, e Pontuação Boa nas demais: Tópico Especial Pesquisa em Saúde Mental, Tópico, Fund. Filosófico e Psicoterapia, Pedagogia em Saúde Mental, Didática Aplicada à Saúde Mental Estudo de Problemas Brasileiros.
• Prêmio Análise Medicina 2009, por ter seu nome apontado, por outros profissionais da área, como um dos Mais Admirados na Especialidade de PSIQUIATRIA.

• 1° Lugar no Concurso Público Realizada pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais na Categoria de Clínica Pediátrica.

• 5° Lugar no Concurso Público para Residência Médica na Especialidade de Psiquiatria.

• 8° Lugar no Concurso Público para Médico Psiquiatra pela Fundação Hospitalar do Distrito Federal.

• Professor Homenageado, Faculdade de Medicina do Planalto Central – FAMEPLAC.

• Pôster Premiado com o 3° Lugar na VI Jornada Cientifica do HUB, Hospital Universitário

• Titulo de Associado Honorário do Núcleo de Psiquiatria do Tocantins

Capítulos de Livros Publicados:

• Adesão ao Tratamento da Depressão In: DEPRESSÃO - Diagnóstico e Tratamento pelo Clínico. 1 Ed.São Paulo : Editora ROCA LTDA, 2005, P. 203-211. Referências Adicionais: Brasil/Português. Meio de Divulgação: Impresso

Trabalhos Publicados em Anais de Eventos, entre outros:

• MANEJO TERAPÊUTIDO DE UMA PACIENTE COM TRANSTORNO BIPOLAR DE HUMOR REFRATÁRIO In: XXI Congresso Brasileiro de Psiquiatria, 2003, Goiânia.

Organização e Coordenação de Eventos:

NACIONAIS:

• 2009 - Curso de Tratamento do Tabagismo. Referências Adicionais: Apbr - Brasil/Português
• 2009 - Curso de Terapia de Grupo. Referências Adicionais: Apbr - Brasil/Português.
• 2009 - Curso de Psiquiatria da Infância e Adolescência. Referèncias Adicionais: Presidente da Apbr.
• 2009 - Curso de Psicopatologia Forense. Referências Adicionais: Apbr - Brasil/Português.
• 2009 - Curso de A Psiconeuroimunoendocrinilogia das Doenças Psiquiátricas. Referências Adicionais: Apbr - Brasil/Português.
• 2008 - Curso de Esquizofrenia. Referências Adicionais: Apbr – Brasil/Português.
• 2008 - Curso de Atualização em Psicopatologia. Referências Adicionais: Apbr – Brasil/Português.
• 2007 - Fórum: Políticas e Psiquiatria, com O Tema: A Política de Saúde Mental e a Desassistência Psiquiátrica. Referências Adicionais: Brasil/Português.
• 2007 – 2008 - Curso de Terapia Cognitiva. Referências Adicionais: Apbr - Brasil/Português.
• 2005 - XII Jornada de Psiquiatria do Centro-Oeste. Referências Adicionais: Apbr – Brasil/Português.
• 2005 - Curso de Aconselhamento em Dependência Química. Referências Adicionais: Apbr – Brasil/Português.
• 2005 – 2007 - Curso de Aconselhamento em Dependência Química. Referências Adicionais: Apbr – Brasil/Português.
• 1992 - III Simpósio de Atualização Sobre Ansiedade, Depressão e Fobias Na Clínica. Referências Adicionais: Brasil/Português – Sociedade Brasileira de Psiquiatria Clínica – Região Centro Oeste.

INTERNACIONAIS:

• 2009 - Justiça e Doença Mental. Referências Adicionais: Brasil/Inglês. Meio de Divulgação: Vários
• 2009 - Simpósio Internacional Sobre Depressão e Transtorno de Humor Bipolar.
Referências Adicionais: Brasil/Português. Meio de Divulgação: Vários
• 2009 - II Simpósio Internacional e Multidisciplinar Sobre a Saúde da Mulher. Referências
• 2007 - III Simpósio Internacional Sobre Depressão e Transtorno de Humor Bipolar. Referências Adicionais: Brasil/Português.
• 2007 - Conferência Internacional. Referências Adicionais: Brasil/Português.
• 2006 - IV Simpósio Internacional Sobre Depressão e Transtorno Bipolar. Referências Adicionais: Brasil/Português
• 2004 - V Congresso Latino Americano de Psicoterapia. Referências Adicionais: Brasil/Português – Comitê Nacional (DF).

Bancas Examinadoras:

Médico – Psiquiatra, 2008
CESPE – Centro de Seleções e de Promoção de Eventos
Referências Adicionais: Brasil/Português.
Participou da Banca Examinadora para as Provas Escritas.

Médico – Psiquiatra, 2000.
Fundação Hospitalar do Distrito Federal
Referências Adicionais: Brasil/Português
Participou da Banca Examinadora para Provas Orais.

Médico – Psiquiatra, 1993.
Fundação Hospitalar do Distrito Federal
Referências Adicionais: Brasil/Português.
Participou da Banca Examinadora para Provas Escritas e Provas Orais

Aprovação em Concursos Públicos:

1° Lugar No Concurso Público –
Realizada pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais na Categoria de Clínica Pediátrica.

5° Lugar No Concurso Público –
Para Residência Médica na Especialidade de Psiquiatria. Hospital das Forças Armadas

8° Lugar No Concurso Público –
Para Médico Psiquiatra pela Fundação Hospitalar do Distrito Federal.

Eu venci a depressão

Eu venci a depressão

Com orientação médica, ajuda de amigos e força de vontade, é possível superar a tristeza profunda. Enquanto a cura não chega, pacientes reencontram o sentido da vida a partir de prazeres simples
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Juliana Cézar Nunes
Da equipe do correio Braziliense




Primeiro, chega o desânimo. Depois, as lágrimas. Em seguida, uma tristeza que parece nunca ter fim. Muitas vezes, as palavras não são suficientes para explicar por que a vida ficou tão sem graça. A comida perde o gosto. O sorriso, o sabor. Trabalhar vira martírio. Conviver com amigos, filhos e marido, sacrifício. Insuportável, o cansaço no corpo e na alma acaba levando ao consultório médico. É quando ‘‘ela’’ se revela com nome científico: depressão
O homem de jaleco branco conta que se trata de um conjunto de sintomas, quase sempre desencadeado por decepções e perdas, caracterizado pela falta de substâncias estimuladoras do cérebro. O primeiro passo para superar o problema é aceitar o diagnóstico. Depois disso, seguir à risca o tratamento. A cura, no entanto, não depende apenas de remédios.

Na maior parte das vezes, pequenos prazeres e acontecimentos são o pontapé necessário para a recuperação do corpo, mente, coração e alma. Cada pessoa encontra uma saída diferente. Para a copeira Elenice Marlene da Silva, 50 anos, as amizades feitas durante os passeios no zoológico fizeram as lágrimas derramadas durante dois anos cessar. O funcionário público João Alves da Costa, 50 anos, contou com a persistência de dois amigos que não o deixavam quieto no trabalho. Convidavam para caminhas no Parque da Cidade e banhos de piscina.

Tanto Elenice como João usaram as armas que tinham por perto para não pensar mais na morte como uma solução para a vida. Resolveram desistir de um milagre da ciência. Ainda assim, a cada momento, uma promessa é renovada no mundo dos laboratórios. Este mês, por exemplo, um grupo de cientistas de três países (Estados Unidos, Nova Zelândia e Inglaterra) anunciou ter identificado o gene responsável pelo transporte da serotonina, importante substância para o cérebro. Para quem tem o tal gene alterado, as chances de cair em depressão aumentam em quase três vezes.

A descoberta dos pesquisadores é importante, mas ainda vai demorar a produzir efeitos no tratamento da doença que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, em 2020 será a segunda maior causa de incapacitação no trabalho. O nó da questão está no desenvolvimento de um remédio capaz de ‘‘consertar’’ o gene. Os próprios cientistas admitem que essa é tarefa para, no mínimo, 10 anos. Enquanto a poção milagrosa não chega, 340 milhões de pessoas em todo o mundo buscam caminhos diferentes para se livrar de uma companheira pra lá de indesejada.

Especialistas no assunto são unânimes quanto ao primeiro passo do tratamento: a consulta com o psiquiatra. ‘‘É ele quem vai definir o nível da depressão, descobrir se é necessário tratá-la com medicamento que reative a produção de neurotransmissores, solicitar o apoio de um psicólogo, psicanalista ou outras terapias’’, explica o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília.

A rede pública de saúde do Distrito Federal conta com poucos psiquiatras, concentrados no Hospital de Base e Hospital São Vicente de Paula. Os centros de saúde desenvolvem um trabalho preventivo, principalmente para quem está na terceira idade, época em que outras doenças, como diabetes e Parkinson, podem desencadear a depressão. Para esse público, são oferecidas palestras, reuniões em grupo, terapia corporal e automassagem. Simples e baratas, essas ações podem evitar ou até mesmo reduzir os efeitos de uma depressão.

Terapias alternativas
A professora aposentada Ângela Villas, 57 anos, estava em paz com o marido, filhos e netos quando a depressão apareceu. Foram necessários três meses de acupuntura aliada a remédios para ela se livrar do problema que apareceu em uma época inusitada: as eleições. ‘‘Fiquei agoniada com os políticos mentirosos, prometendo um monte de coisas, e com aquela Regina Duarte, dizendo eu tenho medo’’, conta, bem-humorada, Ângela. Ela responsabiliza as ‘‘agulhinhas’’ por sua melhora e garante que nunca mais irá abandoná-las.

Acupunturista há 10 anos, Henrique Afonso, sempre tenta frear os clientes e mostrar que as agulhas ajudam muito, mas não resolvem todo o problema. ‘‘É preciso, sim, acompanhamento médico e muita força de vontade para melhorar’’, ressalta Afonso.

Psicóloga especializada em depressão na adolescência, Virgínia Nunes Turra também reconhece a importância dos remédios, desde que tomados com a supervisão do médico e nas dosagens certas. Até mesmo os adolescentes em depressão podem necessitar desse recurso artificial para equilibrar o corpo, sair da cama, ter tempo para repensar os problemas e aprender a lidar com eles.

A experiência no consultório ensinou à psicóloga que não há receita para a cura. O tratamento pode durar meses ou anos. Infelizmente, não há como garantir que ‘‘ela’’ não voltará jamais a perturbar. ‘‘Mas é sempre possível trazer de volta ao mundo quem pensa não ter mais o que fazer por aqui.’’
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Reconquistei a minha felicidade. E não desejo o que eu passei pra ninguém

Elenice Marlene da Silva, 50 anos, servidora pública


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DEPOIMENTO
Passeio no zoológico

‘‘Quando minha filha decidiu morar com o pai, achei que minha vida tinha acabado. Separei-me dele depois de muitos anos de desentendimento e ciúme. Cheguei a conseguir na Justiça a guarda dela. Mas quando ele foi embora, ela também fez as malas. Fiquei naquela casa imensa, sozinha. Passei a chorar o tempo todo. Só tinha vontade de dormir. Não queria ter conhecimento com gente. O povo falava que era frescura minha. Fiquei dois anos sofrendo. Emagreci 20 quilos. Passei de quase 60 para pesar 38 quilos. Chegava em casa do trabalho na sexta e só saía na segunda-feira. Ficava me perguntando por que aquilo tudo estava acontecendo comigo, com meu corpo, por que eu. Saía na rua e achava que as pessoas estavam olhando pra mim, me criticando. Já não agüentava mais viver. Foi quando meu pai de criação disse que eu precisava de um médico. Procurei um clínico no HUB (Hospital Universitário de Brasília). Lá mesmo fui atendida pelo psiquiatra e psicólogo. No consultório, relaxava ouvindo música. Eles me aconselharam a passear em locais cheios para perder o medo de gente. Nessa época — há dois anos — eu morava na Vila Planalto. Aos sábados e domingos, passei a pegar ônibus para a Rodoviária e de lá para o Zoológico. Eram 40 minutos de viagem. No início, só conseguia ficar cinco minutos no meio do povo. Logo saía correndo, chorando. Depois, fui passando mais tempo lá. Conversava com as pessoas, andava por todo canto, olhava os pássaros. Comecei a me recuperar de verdade. Voltei até a falar com a minha filha — há um ano não nos víamos. Mesmo assim, continuava me sentindo muito sozinha. Tinha medo da depressão voltar. Por causa disso, no dia do meu aniversário, liguei para um amigo do trabalho, que me convidou para tomar vinho e comer queijo na casa dele. Desde então, estamos juntos. Reconquistei a minha felicidade. E não desejo o que eu passei pra ninguém.’’
• Elenice Marlene da Silva, tem 50 anos e mora em Sobradinho. Faz e serve delicioso café em um órgão do governo federal.

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DEPOIMENTO
O renascimento da vida






‘‘Foram nove meses de muito sofrimento. O estranho é que ter um quarto filho era tranqüilo para mim. Não estava triste com isso. Mas fiquei tão agressiva na gravidez que acabei sendo demitida do trabalho. Não tinha paciência com os filhos da minha patroa. Estava grávida, mas só emagrecia. Em casa, queria ficar trancada no quarto. Quando um dos meus filhos entrava, eu tinha um ataque. O mais velho, de 11 anos, foi o que mais sofreu. Meu marido ia trabalhar e ele ficava em casa, tendo que cuidar de tudo. Fazia comida, dava banho e levava os menores na escola. A minha filha de cinco anos também ficou muito preocupada. Perguntava pra mim se a irmãzinha dela estava batendo com força dentro da minha barriga. Hoje, acho lindo a preocupação dela. Mas, naquela época, não tinha paciência para explicar nada. As minhas amigas tentavam me ajudar, conversavam comigo, mas eu só chorava. Fui ao médico e ele disse que era depressão. Explicou que não podia me dar remédio por causa da gravidez. Receitou um chá natural, que acabei nem comprando. Nesse momento, meu marido foi maravilhoso. Sempre muito paciente, conversava comigo, cheio de amor. Cheguei a pensar em separação, mas ele não aceitou. Percebi então que precisava reagir. Fui melhorando aos poucos. Poucos dias depois que a minha filha nasceu, senti que estava de volta. O sorriso e o olhar dela me ajudaram muito. Vi que precisava seguir em frente para cuidar muito bem dessa criança tão especial cheia de energia boa. Mas ainda tenho medo daquele sentimento ruim. Por isso, quero voltar logo a trabalhar. Vou até procurar minha antiga patroa. Converso muito com o médico e tento me sentir útil. Sempre que posso, levo meus meninos e os filhos das vizinhas para passear. Brinco, limpo e dou bronca quando é preciso. São crianças ótimas. Nem dão trabalho.’’
• Ivonete Francisca de Jesus, tem 32 anos e mora no Jardim Ingá. Cuida dos quatro filhos e pretende voltar ao trabalho em breve.

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DEPOIMENTO
Apoio de amigos






‘‘A minha depressão apareceu depois do divórcio. Estava há 23 anos casado, com três filhos e uma casa que construí com as minhas próprias mãos. Um belo dia, me vi em um quarto 4x4, sozinho. Aquilo me deu um vácuo na cabeça, que foi progredindo. Não dormia mais. Procurei médico, fiz todos os exames e não dava nada. Acabei parando no psiquiatra, que me receitou dois remédios fortes. Tomei durante um ano. Os meus amigos do trabalho me ajudaram muito. Sem eles, não teria conseguido melhorar. Todos os dias, bem cedinho, dois deles passavam na minha sala e já programavam o meu dia. Era caminhada no Parque da Cidade depois do almoço, o lanche no meio da tarde e às vezes até jantar. Nos finais de semana, me levavam para fazer exercício físico, principalmente natação. De tão preocupados comigo chegaram a chamar um pastor pra me ajudar. Ficavam no meu pé para eu não deixar de ir ao médico. Aos poucos, fui aprendendo com eles que rir é uma coisa gostosa. Antes, não sabia o que era sorrir, chorar, nada. Como estava sempre triste, algumas pessoas acham que tinha virado alcoólatra ou drogado. Eu mesmo sempre achei que depressão fosse coisa de mulher, de fresco. Demorei para admitir que tinha o problema. Passei dois anos com depressão. Mas melhorei, principalmente por causa do apoio dos amigos do trabalho e também de um grupo de colegas de Taguatinga que, assim como eu, gostam de escrever. A gente tinha uma espécie de academia, onde trocava textos e sonhava em publicar livros. Acabou não dando certo, mas valeu para o meu tratamento. Penso que o mais decisivo na minha recuperação foi conhecer a mulher com quem eu moro hoje. Novamente tenho uma casa. Aquela solidão dominante que eu sentia ficou pra trás.’’
• João Alves da Costa tem 50 anos e mora em Sobradinho. Trabalha com fotocópias em um órgão público e escreve poesias sobre a natureza.

O QUE É A DOENÇA

SINAIS DA DEPRESSÂO

TRISTEZA PROFUNDA NA MAIOR PARTE DO TEMPO
PERDA DE INTERESSE OU DE PRAZER NAS ATIVIDADES DO DIA-A-DIA
ALTERAÇÃO DO APETITE (PERDA OU GANHO DE PESO, MESMO SEM ESTAR EM DIETA)
INSÔNIA OU AUMENTO DO SONO
AGITAÇÃO
PERDA DA ENERGIA E CANSAÇO
SENTIMENTO DE CULPA
DIFICULDADE DE CONCENTRAÇÃO E INDECISÃO
PENSAMENTOS DE MORTE E ATÉ TENTATIVAS DE SUICÍDIO
* CASO VOCÊ APRESENTE ALGUNS DESSES SINTOMAS POR MAIS DE DUAS SEMANAS, É POSSÍVEL QUE TENHA DEPRESSÃO. PARA O DIAGNÓSTICO PRECISO, PROCURE UM ESPECIALISTA

PARA FUGIR DA DEPRESSÃO

SAÚDE
FAÇA EXERCÍCIO FÍSICO DIARIAMENTE. DE PREFERÊNCIA, AO ACORDAR, POR UMA HORA. ESCOLHA A ATIVIDADE FÍSICA QUE LHE DÁ MAIS PRAZER. A ATIVIDADE FÍSICA REGULAR AUMENTA A PRODUÇÃO DE BETAENDORFINAS, SUBSTÂNCIA QUE DÁ SENSAÇÃO DE BEM-ESTAR E DISPOSIÇÃO.

EVITE INGERIR SUBSTÂNCIAS ESTIMULANTES. ENTRE ELAS, CAFÉ, REFRIGERANTE, CHOCOLATES E DERIVADOS DO CACAU, CHÁ MATE E PRETO, GUARANÁ EM PÓ. A CAFEÍNA PROVOCA HIPERATIVIDADE CEREBRAL, ALTERA AS FASES DO SONO, CAUSA IRRITABILIDADE E ESTRESSE.

NÃO CONSUMA BEBIDA ALCOÓLICA QUANDO ESTIVER EM TRATAMENTO. EM OUTRAS OCASIÕES, BEBA NO MÁXIMO UMA VEZ POR SEMANA. DE PREFERÊNCIA BEBIDAS FERMENTADAS, COMO CERVEJA, VINHO E CHAMPANHE. O INTERVALO DE UMA SEMANA ENTRE O CONSUMO DE BEBIDAS PERMITE O REAJUSTE DAS FUNÇÕES DO CÉREBRO.

PROCURE NÃO FUMAR. ALÉM DOS PREJUÍZOS PARA O PULMÃO E CORAÇÃO, A NICOTINA MODIFICA O HUMOR.

ALIMENTAÇÃO
COMA FRUTAS E VERDURAS FRESCAS COM FREQÜÊNCIA. ALÉM DE FONTE DE VITAMINAS, ELAS CONTÊM O TRIPTOFANO, SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL PARA A PRODUÇÃO DE SEROTONINA. AS FIBRAS TAMBÉM MELHORAM O DESEMPENHO INTESTINAL, MUITAS VEZES PREJUDICADO PELOS REMÉDIOS E A DEPRESSÃO.

NÃO COMA ALIMENTOS PESADOS APÓS AS 18H. CARNES VERMELHAS E FRITURAS PODEM PREJUDICAR O SONO. À NOITE, PREFIRA LANCHES LEVES E SOPAS.

BEBA BASTANTE LÍQUIDOS, COMO ÁGUA E SUCO, QUE EVITAM A DESIDRATAÇÃO CELULAR E MELHORA O METABOLISMO.

SONO
TENTE DORMIR POR VOLTA DAS 22H30. O SONO MAIS PROFUNDO OCORRE ENTRE AS 23H E AS 3H DAS MANHÃ.

ACORDE ATÉ AS 6H. APÓS ESSE HORÁRIO, AUMENTA A FASE DO SONO CONHECIDA COMO REM: MOMENTO EM QUE O SONO SE TORNA CONSTANTE, DESVITALIZADOR E DEPRESSIVO.

EVITE, ATÉ MESMO NOS FINAIS DE SEMANA, DORMIR HORAS DURANTE O DIA. ESSE SONO NÃO DESCANSA. QUEM TEM O HÁBITO DE REPOUSAR DEPOIS DO ALMOÇO, DEVE FAZER ISSO POR NO MÁXIMO 40 MINUTOS. É O TEMPO SUFICIENTE PARA QUEBRAR O CICLO SONO/VIGÍLIA.

RELAXAMENTO
PROCURE TOMAR BANHO PELA MANHÃ. DE PREFERÊNCIA, MORNO OU FRIO. O CHOQUE TÉRMICO É UMA ÓTIMA FORMA DE DESPERTAR. ANTES DE DORMIR, O BANHO QUENTE PODE SER UMA BOA OPÇÃO. ELE PROVOCA VASODILATAÇÃO, O QUE AJUDA A RELAXAR E FACILITA O SONO.

FUJA DO EXCESSO DE INFORMAÇÃO. O ESTÍMULO AUDITIVO E VISUAL É EXCITANTE E CAUSA ESTRESSE CEREBRAL. EM CASA, DÊ PREFERÊNCIA PARA RELACIONAMENTOS FAMILIARES E SOCIAIS.

INVISTA EM LAZER NOS FINAIS DE SEMANA. SAIA DA ROTINA CASA/TRABALHO E TENTE RESGATAR A TRANQÜILIDADE E O BEM-ESTAR.

VIVA COM PRAZER. BUSQUE ATIVIDADES PROFISSIONAIS, ESPORTIVAS E RELIGIOSAS QUE LHE PROPORCIONEM MOMENTOS PRAZEROSOS.

VISITE O MÉDICO REGULARMENTE. INCLUSIVE O PSIQUIATRA. A TAREFA DELE É QUE EVITAR QUE AS PESSOAS ADOEÇAM GRAVEMENTE SEM NECESSIDADE.

• FONTE: MÉDICO PSIQUIATRA ANTÔNIO GERALDO DA SILVA, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA DE BRASÍLIA

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

‘‘O estresse adiciona sabor, desafio e oportunidade à vida’’

CAPA
Estado de nervos

Todos estão expostos a situações de tensão e angústia que podem levar a um quadro de estresse. o segredo é saber conviver com elas e superá-las
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Flávia Duarte e Maria Clarice Dias // texto e produção
Ricardo Borba // Fotos

‘‘O estresse adiciona sabor, desafio e oportunidade à vida’’, afirma Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília. Visto por um ângulo assim tão otimista, o estresse — adaptação para o português da palavra inglesa stress — deve ser encarado como uma questão de sobrevivência. O estado de nervos, traduzido como uma violência a uma situação de equilíbrio, prepara o organismo para lidar com a novidade, seja ela boa ou má. O corpo, nesses momentos, se esforça para escapar do aperto da melhor forma possível e até mesmo ensaia os melhores passos para controlar a euforia. O coração bate mais rápido, o raciocínio torna-se acelerado e os hormônios que interferem no estado de alerta também são ativados.

O problema é quando a provocação ao cotidiano torna-se repetitiva. Com tanta aporrinhação, o corpo sucumbe. E, diante do caos do trânsito, de um assalto, do medo de sair à rua, da falta de dinheiro, do desemprego, de um assassinato, fica difícil aproveitar o lado bom desse estado. ‘‘Estamos sendo massacrados pela realidade’’, diz a psiquiatra Flávia Batistuta Pires, médico do Hospital São Vicente de Paula e do Hospital das Forças Armadas.

Segundo Flávia, o cérebro está sendo preparado para viver o perigo e terá que se adaptar da melhor forma a isso. ‘‘O bombardeio dos fatos estressantes levará a uma seleção natural, e tudo indica que só os mais fortes sobreviverão’’, analisa a médica.

O Dicionário Inglês-Português editado por Antonio Houaiss traduz stress como pressão, esforço, tensão, carga, estafa... Na verdade, é meio que uma combinação de tudo isso e seus efeitos sobre cada pessoa.

A receita para se livrar da ameaça do estresse e do risco de adoecer por causa dele exige uma forte disposição de mudança pessoal. ‘‘Quem conseguir analisar as próprias reações diante de agentes estressores e criar mecanismos de compensação para lidar com eles passará pelo estresse de maneira mais saudável’’, avalia Eliane Corrêa Chaves, professora-doutora do Instituto de Enfermagem da Universidade de São Paulo e especialista no tema.

Uma mudança de personalidade pode tornar cada um mais forte diante da ameaça do estresse. Com todos mais durões, a chance de sobrevivermos à realidade aumenta. Na guerra de nervos, características sociais, emocionais e físicas do sujeito definem aqueles que se machucarão menos. ‘‘A pessoa mais madura emocionalmente consegue reagir às situações novas de forma mais equilibrada’’, explica a psicóloga Maria Adélia Mac Fadden, especialista em medicina psicossomática da Universidade de Campinas (Unicamp).
E não adianta fugir do estresse, ele aparece nas situações rotineiras e é preciso estar preparado quando os nervos começarem a ter uma crise. Pedir ajuda aos amigos e familiares, planejar estratégias de solução dos problemas são formas bem eficazes para lidar com as situações de desgaste. De nada adianta cruzar os braços e deixar que o problema corroa ainda mais o físico e o emocional. Nessa hora, fazer atividades físicas, participar de grupos de arte, oração, sair com os amigos e desenvolver técnicas de relaxamento podem ajudar. E muito.
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Passo de nove a dez horas por dia dentro de um ônibus. Motorista te fecha, não respeita seta, não respeita sinal. Pedestre também acha que a faixa é lugar para desfilar. A verdade é que esse dia-a-dia estressa. Os engarrafamentos aumentaram muito na cidade. Chego em casa tão cansado e irritado que infelizmente desconto em outras pessoas. É um ciclo vicioso. Muitas vezes até me vejo agredindo as pessoas verbalmente no trânsito. É o que nos resta e um acaba jogando a culpa no outro. Sem falar que todos os dias você vê dois, três atropelamentos e muitas mortes. Infelizmente, é muito triste.

Luciano Lopes,
30 anos, cobrador de ônibus


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CAPA
O estresse do brasiliense

Violência urbana, trânsito complicado, medo do desemprego, a seca e a solidão são os principais fatores de estresse da população brasiliense



Cláudia Maria Silva: desemprego aos 18 anos e sem dinheiro para pagar as contas


O paulistano sofre com os engarrafamentos quilométricos. No Rio de Janeiro, a violência atinge dimensões assustadoras. E qual é o principal responsável pelas dores-de-cabeça contínuas, cansaço exagerado, perda de produtividade e irritabilidade do brasiliense?
Apesar de o Plano Piloto ainda viver num frágil mundo da fantasia, a violência urbana que marca várias regiões do Distrito Federal também já começa a alterar a rotina da população que vive na cidade planejada. Medo de assalto, da violência no trânsito, de morrer. Os dias que seguem a um ato de violência são marcados por puro estresse.

Foi o que aconteceu com o médico Rodrigo (nome fictício) há três anos. Na volta de uma festa, às onze da noite, ele foi abordado por rapazes armados num semáforo na W3 Sul. Ficou como refém até a manhã seguinte, quando finalmente os caixas eletrônicos voltaram a funcionar e os bandidos sacaram R$ 2 mil da sua conta. ‘‘Passei uma semana sem ir trabalhar e não conseguia falar com ninguém. Quando pegava o carro vinha toda aquela sensação novamente’’, conta. Até hoje, ele vive a tensão de sair à noite.

Além da violência das ruas, a ameaça de perder o emprego também está no ranking dos importantes agentes estressantes tanto no Plano como nas demais cidades, onde mora mais gente com pouca qualificação profissional. Segundo a Secretaria de Estado de Trabalho do Governo do Distrito Federal, até fevereiro deste ano 21,7% da população economicamente ativa do DF estavam à procura de emprego. ‘‘O temor da demissão começa a se transformar num dos mais virulentos causadores de estresse no DF’’, avalia Brasilmar Ferreira Nunes, sociólogo da Universidade de Brasília.

O medo de ficar desempregada já virou realidade para Cláudia Maria Silva. Há três meses, ela foi demitida da loja em que trabalhava, em Planaltina. Aos 18 anos, Cláudia sente a angústia de não ter como pagar as contas. ‘‘Choro muito porque moro com a minha prima, e ela e o marido também estão sem trabalho’’, conta, com a voz embargada, a jovem que não tem o 2º grau completo. ‘‘Sem estudo não consigo um bom emprego.’’

Já entre os funcionários públicos mais qualificados, o estresse vem com o temor de perder um cargo de confiança e ver cair os salários e a qualidade de vida nas trocas de governos ou autoridades.

Até a seca que maltrata a região de Cerrado pode representar tensão para o brasiliense. ‘‘Qualquer alteração no ambiente que interfira na rotina é um fator de estresse’’, alerta Elis Eleutherio, coordenadora do Laboratório de Investigação de Fatores de Estresse (Life), do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Os traços de Lucio Costa e Oscar Niemeyer também desequilibram a harmonia do corpo que vive sob formas tão diferenciadas. ‘‘As pessoas que chegam de fora têm dificuldade de se adaptar à arquitetura e até mesmo à organização geográfica da cidade’’, analisa a psicóloga Sheila Giardini Murta, doutoranda em Psicologia Social e do Trabalho da UnB. Ela estuda estresse há cinco anos e acredita que Brasília é mesmo uma cidade fria. Para Sheila, a origem diversificada do povo da cidade, a multiplicidade cultural e a ausência de laços com a nova terra contribuem para relações interpessoais mais distantes e pouco íntimas. O que pode gerar solidão e mais estresse.

Segundo a especialista Marilda Lipp, a proximidade com o poder também estressa o morador de Brasília. ‘‘O brasiliense acompanha de forma intensa os rumos da política e tem informações que, muitas vezes, nem se fica sabendo em outros lugares do país’’, avalia a psicóloga. Ela foi a primeira pesquisadora no Brasil a estudar o assunto. A definição do problema, ela trouxe da formação em universidades norte-americanas, em 1980. Até então, os brasileiros andavam tensos, mas não conheciam as causas nem os tratamentos para aliviar o que sentiam. Preferiam chamar de ‘‘piripaque’’, como diz Marilda, que tem mais de dez livros publicados sobre o assunto e é responsável pelo Centro Psicológico de Controle do Stress, em Campinas.

Vinte e três anos depois, Marilda avalia que as razões de angústia também mudaram. ‘‘Aumentaram o nível de violência e o índice de seqüestros no país. A tecnologia também está muito mais avançada, além da globalização. Mudanças que exigem um grande esforço de adaptação.’’

Motorista brasiliense também anda bem irritado. ‘‘Ao contrário do trânsito de São Paulo, em Brasília o problema é a falta de programação das pessoas que dirigem ansiosas para não chegarem atrasadas no trabalho’’, diz o psicólogo Danilo Pereira, do Instituto de Psicofisiologia do Uniceub, referindo-se aos apressadinhos que circulam pelas largas avenidas da cidade. Pressa que mata. Só nos dois primeiros meses deste ano, morreram 62 brasilienses vítimas do trânsito. Pedestres também morrem pelo descumprimento da lei da faixa de pedestre. Brasiliense anda estressado na hora de atravessar a rua. Em janeiro e fevereiro deste ano, foram 17 as mortes por atropelamento no DF.
Principais causas da angústia no trabalho
• Falta de equipamentos adequados
• Carga inadequada de trabalho
• Pouco tempo para o desempenho de tarefas
• Problemas de relação com o superior
Fonte: Instituto de Psicofisiologia do Uniceub

NÚMEROS

45% dos funcionários públicos do DF se consideravam estressados em 2002. Desses, 55% relacionaram o mal-estar ao trabalho, segundo estudo dos professores Danilo Pereira e Gilberto Godoy, do Instituto de Psicofisiologia do Uniceub

Dez dicas para ficar bem

Exercício físico diário
Aumenta a produção das betaendorfinas, que dão sensação de bem-estar e disposição. O ideal é praticar por uma hora.

Nada de cafeína
Café, refrigerante, chocolates e derivados do cacau, chá-mate ou preto, guaraná em pó etc. A cafeína provoca hiperatividade cerebral, altera as fases do sono, causa irritabilidade e estresse.

Banho
De morno a frio pela manhã, pois promove melhoria no despertar pelo choque térmico; quente ao deitar, pois ajuda a relaxar e facilita a conciliação do sono.

Curta a família e os amigos
Muito estímulo visual ou auditivo é excitante e causa estresse cerebral. Estando em casa, tenha maior disponibilidade de tempo para relacionamentos familiares e sociais.

Lazer nos finais de semana
Tire férias, saia da rotina casa/trabalho como meio de resgatar a tranqüilidade.

Água
Beber no mínimo 3 a 5 litros de água por dia. Evita a desidratação celular que provoca estresse a nível cerebral.

Largue o cigarro
Além dos prejuízos pulmonares e cardiovasculares, a nicotina está ligada a modificações no humor, tais como ansiedade e depressão.

Viva com prazer
Busque atividades profissionais, esportivas, religiosas, cinema, teatro, encontros e reuniões sociais que constituam momentos de prazer.

Folhas verdes
Coma couve, alface e outras verdura, pois elas contêm tryptofano, substância fundamental para a produção de um neurotransmissor cerebral, a serotonina, que regula humor, pensamento e ação.

Sol
Promove aumento da produção de melatonina, substância reguladora do sono, da vigília e do humor.

Fonte: Antônio Geraldo, psiquiatra e presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília
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Trabalhava na Secretaria Especial de Políticas Públicas desde o início do governo Fernando Henrique. Por ter muito tempo de casa e ser funcionária pública, não imaginei que fosse exonerada. Mas com a mudança de governo, a gente começou a ficar em estado de alerta. Eu quis nesse período de instabilidade mostrar mais eficiência, mostrar que era competente e capaz. Não tirava nem a hora de almoço. Mas não adiantou nada, e perdi a minha gratificação de 903 reais. Minha maior preocupação era faltar as coisas dentro de casa. Meu marido está desempregado e tenho a prestação da escola dos meus dois filhos para pagar. O mais estressante é a indefinição se você vai ou não perder o cargo. Tive crise de alergia. Não dormia direito e comia o que via pela frente. Tinha vez que entrava debaixo do chuveiro e não queria mais desligar. Ali era onde podia chorar tranqüila. Nessa época, comecei a fazer acupuntura para aliviar o estresse. Não tive com quem desabafar. Hoje trabalho no Ministério da Justiça e estou bem melhor. Quando me avisaram que ia perder o cargo, aí fiquei aliviada. Depois que passa tudo, você tira um peso da sua vida.

Maria Elizabeth Maia,
44 anos, funcionária pública

Fico com dor de cabeça só de ver um bêbado passar na rua. Sinto muito medo. A porta da minha casa está sempre trancada. Moro no Setor O desde 1977 e há nove anos um bandido entrou em casa quando eu estava sozinha com a minha filha, que ainda era bebê. Ele me deu um remédio para beber e me amarrou. O que ele não conseguiu levar, ele destruiu. Roubou a caixa das roupas que eu vendia e rasgou todo meu sofá. Até hoje não superei o trauma. Há um ano, me assaltaram na rua e me levaram R$ 400,00. Fiquei toda tremendo. Nesse dia não fiz nada, chorei o dia todo. Ainda não me acostumei com essa violência. Vejo as pessoas sendo assaltadas na rua e quero ir até lá ajudá-las. Meses atrás, um garoto foi assassinado na minha rua. Passei o dia estressada e tive que tomar calmantes.

Adolfina Linhares Lima,
50 anos, dona-de-casa

Já fui office-boy, eletricista, auxiliar de vendedor e fiz serviços gerais. Estou desempregado há seis meses porque a loja em que eu trabalhava faliu. Ainda não recebi o seguro-desemprego e meu nome está sujo na praça. Minha filha ficou doente há três anos, quando eu também estava desempregado. Não dei conta de pagar as dívidas até hoje. A cabeça fica cheia de preocupações. É muito estressante chegar em casa e ver minhas filhas, uma de 12 anos e outra de 3 anos e 5 meses, pedirem leite e eu não ter dinheiro. A minha esposa ganha um salário mínimo, mas o dinheiro não dá para pagar todas as contas. Ela também fica estressada. Reclama que faltam as coisas e diz que sempre procuro emprego e não consigo nada. Nossas discussões aumentaram depois que fiquei desempregado. Todos os dias saio de casa cedo e bato de porta em porta procurando trabalho. Sei que vai ser difícil conseguir um bom trabalho porque só estudei até a 5ª série. Até para trabalho em limpeza, eles exigem 2º grau. Quando chego em casa, tento não demonstrar para minhas filhas que estou triste, calado e cansado.

Francisco Rodrigues,
33 anos, desempregado
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Efeitos no dia-a-dia

No adulto
• confusão mental
• apatia
• dificuldade de concentração
• sensação de desgaste ao acordar
• irritabilidade acima do justificável
• tensão muscular
• resfriados
• sentir-se desnorteado em lugares conhecidos
• esbarrar em paredes ou objetos
• perder objetos

No trabalho
• redução na produtividade
• redução na qualidade do trabalho
• ausências repetidas
• aumento do número de acidentes ou erros
• sinais de indecisão por parte dos chefes de departamentos
• discussões ou demonstrações de irritabilidade
• comentários maliciosos sobre os outros funcionários
• desconfiança manifesta
• alcoolismo
• atrasos constantes

Na criança
• tique nervoso
• fazer xixi na cama
• gagueira
• ranger de dentes
• falta de apetite
• mãos frias e suadas
• terror noturno
• introversão súbita
• medo ou choro excessivo
• agressividade

Atenção!
Nenhum desses sintomas isolados representa quadro de estresse

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Conseqüências para a saúde

Passar noites em claro é uma das primeiras reações dos estressados. Mas a lista de enfermidades que acompanham tal estado de nervos é extensa. ‘‘O órgão que mais sofre com o problema é o estômago. Normalmente, a doença que primeiro ataca é a gastrite’’, explica o dermatologista do Hospital Universitário de Brasília Roberto Azambuja. Quem está com os nervos à flor da pele costuma também apresentar problemas na tireóide, na pele, sofre de hipertensão, insuficiência cardíaca, cólicas, distúrbios do sono... É comum várias doenças surgirem juntas.

Conseqüências desastrosas e gradativas. A psicóloga Sheila Giardini Murta, doutoranda em Psicologia Social e do Trabalho da UnB, explica que o estresse se apresenta em três fases. ‘‘No primeiro momento temos a fase de alerta, quando o organismo cria mecanismos para superar o problema’’, explica. É quando a mão sua, o coração bate mais rápido e a respiração está mais curta. A segunda fase vem acompanhada de esquecimento, cansaço, dor de cabeça. Até que chega a fase da exaustão, quando o estresse assume formas de patologias. Os sintomas podem ser de depressão, ansiedade, irritabilidade. ‘‘Nesse estágio, se a pessoa não consegue resolver o problema sozinha, é indicada uma intervenção profissional’’, diz Sheila Murta.
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Meu raciocínio não está 100%. Já aconteceu de eu passar a noite inteira sem dormir, estressado, com muita raiva. Às vezes, saio com a família, mas não consigo descansar. O descanso de que preciso não é físico, mas mental. Sinto tonteira. Um desânimo grande com as pessoas. Meu normal é estar irritado, mas não posso discutir porque meu trabalho exige o bom relacionamento com as pessoas. Sou dono de uma empresa que faz manutenção de máquinas pesadas, tratores, empilhadeiras, esteiras... Meu maior estresse é lidar com a falta de caráter das pessoas. Os clientes nunca querem pagar pelo serviço. Acham que não vale o que se cobra. Já peguei muito cheque com insuficiência de fundo e quando vou cobrar, a pessoa vai empurrando o problema com a barriga. Morava em Goiânia e lá as pessoas não eram assim. Aqui, o grau de desonestidade é muito grande.

Evandro da Costa,
44 anos, empresário


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Teste

E você, é vulnerável ao estresse?

Dê valores de 1 a 5 a cada uma das sentenças abaixo, de acordo com a seguinte tabela:

1 = quase sempre
2 = de vez em quando
3 = em 50% das vezes
4 = quase nunca
5 = nunca mesmo

1. Faço uma refeição quente e completa pelo menos uma vez ao dia
2. Consigo dormir de 7 a 8 horas pelo menos quatro noites por semana
3. Mostro e recebo afeição
4. Tenho pelo menos um parente num raio de 80km em quem posso confiar
5. Faço exercício até suar bastante pelo menos duas vezes por semana
6. Fumo menos de meio maço de cigarros por dia
7. Bebo menos de cinco doses de bebidas alcoólicas por semana
8. O meu peso é o adequado para minha altura e idade
9. Tenho um salário/renda adequado às minhas necessidade básicas
10. Minha religião me dá forças
11. Freqüento clubes ou atividades sociais
12. Tenho um grande número de amigos e conhecidos
13. Tenho um ou mais amigos para me ‘‘abrir’’
14 . Tenho boa saúde (inclusive dentes, visão e ouvidos)
15. Sou capaz de falar abertamente sobre meus sentimentos quando estou zangado ou preocupado
16. Converso regularmente com as pessoas com quem vivo sobre problemas da casa (por exemplo, dinheiro, tarefas de casa) e problemas da vida cotidiana
17. Faço algo para me divertir pelo menos uma vez por semana
18 . Sou capaz de organizar o meu tempo eficientemente
19. Tomo menos de cinco cafezinhos
(chá ou refresco ‘‘cola’’) por dia
20. Estou contente com meu trabalho

Resultado
Subtraia 20 pontos do total e submeta seu teste às seguintes avaliações:

Menos de 35 pontos — não vulnerável
Entre 35 e 80 pontos — vulnerável
Mais de 80 pontos — muito vulnerável

Fonte: Livro Ninguém Morre de Trabalhar,
de Osmar Santos

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Politicas Públicas

Saúde mental: repercussão sobre reportagem publicado em O Globo, do Rio
Conselho Nacional de Saúde - Site: http://www.fehospar.com.br/news_det.php?cod=2932
Finalmente, na reportagem de domingo (9/12), uma versão não-politizada da psiquiatria. Manicômio é coisa do passado. Não há psiquiatra que seja a favor de manicômios! Porém, esse é, na verdade, um movimento antipsiquiatria e de briga por mercado de trabalho. Essas disputas terminam por aumentar o preconceito contra o tratamento da doença mental e mantêm o público mal informado sobre recursos terapêuticos. Com o progresso das neurociências, temos mais conhecimento sobre o funcionamento do cérebro, e a abordagem moderna não é mais cartesiana, que separava corpo e mente. Hoje a visão é integrada, em que cérebro e mente são uma mesma unidade.
Vera Lemgruber, chefe do Setor de Psicoterapia do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa da Misericórdia do RJ (por e-mail, 10/12), Rio

Como mãe de um portador de transtornos mentais graves, que sofreu inúmeras internações em hospitais psiquiátricos durante mais de 20 anos, e que hoje se trata num Centro de Atenção Psicossocial (Caps) com maior qualidade de atendimento, deixo registrada minha indignação, pois, se não conseguimos avançar além do que já fizemos, foi, sem dúvida, graças aos contra-reformistas que, se aderissem ao novo modelo implantado pela Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde, diminuiriam, em muito, sua razão para as críticas. As constantes queixas de falta de psiquiatras seriam corrigidas, caso os que criticam pudessem voltar seu olhar para o crescente número de pacientes que hoje vivem em liberdade, dentro de seu ambiente. Hoje, essa crítica se avoluma, pois começam a perceber o sucesso que vimos obtendo, até servindo de modelo para outros países.
Dulce Edie Pedro dos Santos (por e-mail, 9/12), São Vicente, SP

A Associação de Familiares e Amigos de Doentes Mentais do Brasil (AFDM-BR ), que convive e luta contra o abandono e descaso aos portadores de transtornos mentais por parte dos responsáveis pela saúde mental no Brasil, desde 1991, presta congratulações pela brilhante e corajosa reportagem de Soraya Agegge. Ressaltamos e enfatizamos a total omissão de socorro para com os doentes mentais e seus familiares. Informamos também, como ilustração, o processo ditatorial que vem sendo implantado em portarias do Ministério da Saúde, em total desrespeito à lei 10.216, que rege o processo de saúde mental no Brasil. Em nome de milhares de pacientes e de seus familiares em todo o país, nosso muito obrigado.
Marival Severino da Costa, presidente da AFDM-BR (por e-mail, 10/12), Rio

A afirmação que "sem hospícios, morrem mais doentes mentais" é absurda por não ter sustentação hígida nem na premissa, nem na conclusão. Em verdade, não se trata de dizer que os doentes mentais estejam morrendo mais - para o que se exigiria um estudo específico e inexistente -, mas sim que houve aumento no registro de mortes atribuídas aos transtornos mentais. Tal aumento é perfeitamente explicável pela melhoria na qualidade dos dados sobre mortalidade no Brasil.
A redução na indefinição de causas de morte foi mais de dez vezes maior do que o afirmado incremento de mortes por transtorno mental. Além disso, o registro de mortes por causas neurológicas e geniturinárias cresceu em proporções semelhantes ao das causas mentais, sem que tenha havido redução de leitos nessas áreas.
Luís Fernando Tófoli, professor adjunto de psiquiatria da Universidade Federal do Ceará (por e-mail, 9/12), Fortaleza, CE

Parabéns pela matéria
"Sem hospícios, morrem mais doentes mentais". Digna de premiação dos homens já que, tenho certeza, será premiada pelos céus, pois os doentes mentais foram largados pela Previdência, mas não pela providência divina. Sugiro fazerem uma série sobre esse tema e mais, aprofundar as investigações sobre as instituições denunciadas na matéria, além de verificar se existem instituições que se beneficiam com o tal projeto em vigor.
Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília (por e-mail, 9/12), Brasília, DF

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Os sete segredos da depressão

Os sete segredos da depressão

A depressão é (1) comum, (2) freqüentemente desconsiderada, (3) fácil de diagnosticar quando se procura por ela, (4) freqüentemente severa, (5) recorrente, (6) onerosa e (7) tratável. Estes fatos são “segredos” no sentido de que não são bem entendidos pelo público e por muitos médicos.
A depressão encontra-se entre os cinco transtornos mais comuns observados no consultório de um clínico geral. A depressão não-identificada e não-tratada teve reconhecimento como um importante problema de saúde pública nos Estados Unidos nos últimos 15 anos. As razões para tal negligência incluem estigma, desconhecimento em relação á gravidade e capacidade de tratamento e atenção preferencial do paciente e do médico a queixas somáticas.


O custo dos transtornos depressivos em termos de tratamento e faltas no trabalho e aproximam-se a US$ 16 bilhões anuais nos Estados Unidos. A depressão está associada à terapia com antidepressivos, psicoterapia ou ambos, quando tratada por profissionais qualificados. O custo do diagnóstico e do tratamento é pequeno em relação a outros transtornos médicos severos comuns, enquanto que o custo de não tratar um transtorno depressivo é alto.


Os diagnósticos do DSM-IV listados abaixo estão incluídos no termo transtornos depressivos:


Transtorno depressivo maior, episódio único

Transtorno depressivo maior, recorrente

Variação de humor

Transtorno depressivo sem outra especificação

Transtorno de ajustamento com humor deprimido

Transtorno do humor devido à condição médica geral

Transtorno do humor induzido por substância


Embora o transtorno depressivo maior, sobretudo quando recorrente, seja o mais severo destes subtipos de transtorno depressivo, o transtorno distímico ou a distimia podem ser mais comuns em cenários de atendimento primário: a distimia está também associada a uma morbidade significativa e merece tratamento.


Pessoas com depressão podem trabalhar normalmente?


A possibilidade de trabalhar varia de acordo com a pessoa, o subtipo de depressão, o tipo de trabalho e o tratamento. Acima vemos vários subtipos de depressão que também tem relação com o grau de gravidade da doença. Em relação à pessoa, vai depender da capacidade mesma de adaptação e de apresentar resultados no próprio trabalho.


O uso de antidepressivos não altera a rotina produtiva delas?


Todos os antidepressivos precisam de um tempo de latência desde o início do tratamento até a resposta plena, que é em média quatro semanas. A rotina produtiva estará intimamente relacionada ao aparecimento de efeitos colaterais ou não da medicação. Via de regra, quando bem tratada, a resposta é benigna e a presença do antidepressivo é benéfica e a pessoa tende a voltar à produção anterior. O uso de antidepressivo de forma racional só beneficia o paciente.


Não há perda de concentração ou confusão mental?


Os antidepressivos devem melhorar a memória, a concentração, o raciocínio, sendo que, alguns deles, provocam neurogênese, ajudam na neuroproteção. Portanto, se estiverem sendo usados de forma adequada, não afetará negativamente as funções cognitivas.


Como uma empresa e chefe imediato devem se comportar diante de um funcionário com depressão?


O chefe, familiares, amigos, professores etc., devem sempre ter uma postura pró-ativa, de ajuda, observando a pessoa e auxiliando nas ações que podem colaborar para um retorno breve as funções. O terrorismo no trabalho acaba sendo fator gerador de doenças, pois o ambiente hostil tira a capacidade de trabalhar com prazer. A regra no deprimido após ser tratado de forma adequada é a melhora plena.


Antônio Geraldo da Silva, psiquiatra e presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília
Enviar sugestões e informações pelo e-mail maria.vitoria@correioweb.com.br

Depois da violência e da tragédia, o estresse.

Depois da violência e da tragédia, o estresse
Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)
O risco de exposição a trauma faz parte da condição humana desde a evolução como espécie, seja por ataques de tigres de dentes de sabre ou de terroristas do século XIX. Violência urbana, física, psicológica, emocional e/ou sexual, provavelmente produziu seqüelas psicológicas semelhantes nos sobreviventes desses atos violentos.
Estima-se que a prevalência do TEPT na população é aproximadamente de 1 a 4% (Elder, 1987 - Kessler, 1995). Sem escolha de classe social, é entendido como uma perturbação psíquica decorrente e relacionada a um evento fortemente ameaçador ao paciente. Uma testemunha de tragédia também pode sofrer do mesmo distúrbio. Atualmente é o quinto transtorno mental mais comum.

Como reconhecer

O primeiro aspecto a ser definido é a existência de um evento traumatizante, como os seqüestros, assaltos violentos, estupros, acidentes automobilísticos e da aviação. Há, contudo certos eventos que podem não ser considerados graves como um acidente de carro sem vítimas.
Com certeza, um evento marcante, fora da rotina, que de alguma forma represente uma ameaça, tem que ter acontecido: sem isso não será possível fazer o diagnóstico, pois a definição dele envolve o evento externo. Os sintomas têm que estar diretamente relacionados ao evento estressante, as imagens, as recordações e as lembranças têm que ser a respeito do ocorrido e não sobre outros fatos quaisquer ainda que ameaçadores.

É possível que o paciente tenha flashbacks ou alucinações com as imagens do evento traumático. As situações que lembram o evento causam intenso sofrimento e são evitadas. Ter de expor-se novamente ao local pode ser insuportável para o paciente. Por isso ele passa a evitar os assuntos que lembrem o evento, como também as conversas, pessoas, objetos e sensações, tudo que se relacione ao trauma.

A recordação dos aspectos essenciais do trauma pode também ser apagada da memória. A pessoa pode afastar-se do convívio social e outras atividades mesmo que não relacionadas ao evento. Pode passar a sentir-se diferente das outras pessoas. Pode passar a ter dificuldade de sentir determinadas emoções, como se houvesse um embotamento geral dos afetos. Pode passar a encarar as coisas com uma perspectiva de futuro mais restrita, passando a viver como se fosse morrer dentro de poucos anos, sem que exista nenhum motivo para isso.
Em crianças o transtorno pode manifestar-se por meio de agitação, comportamento desorganizado, sonhos amedrontadores e "teatralização" do trauma. Outros sintomas são insônia, irritabilidade, dificuldade de concentração, respostas exageradas a estímulos normais ou banais.

Para se fazer o diagnóstico é preciso que esses sintomas estejam presentes por no mínimo um mês. Caso o tempo seja inferior a isso não significa que a pessoa não teve nada, só não se pode dar o parecer final. Certos sinais não compõem o diagnóstico, mas podem ser encontrados nos paciente com estresse pós-traumático como dor de cabeça, problemas digestivos, baixa imunidade, tonteiras, dores no peito e desconfortos.
Importante saber

O transtorno de estresse pós-traumático é muito comum, porém pouco conhecido, como nas décadas passadas foram desconhecidos, porém freqüentes os transtornos de pânico, fobia social, obsessivo compulsivo.
O TEPT se diferencia dos demais distúrbios de ansiedade e da maioria dos transtornos mentais por ser causado a partir de um fator externo. O aparato mental do homem é capaz de lidar com situações estressantes sem que isso deixe cicatrizes, da mesma forma que os vasos sanguíneos são capazes de suportar elevações da pressão arterial durante o exercício físico normalmente.
Há, contudo limites a partir dos quais o funcionamento mental fica perturbado. Provavelmente isso ocorre quando os mecanismos de enfrentamento e suporte contra estresse são fracos ou quando os estímulos são fortes demais. Quando surgirá o transtorno não podemos saber: o fato de uma pessoa ter passado por um trauma não significa necessariamente que ela terá o TEPT. Observa-se que num mesmo evento, algumas pessoas podem apresentar esse transtorno e outras não.
Quem tem chances de ter tal quadro?
Qualquer pessoa pode desenvolver TEPT, desde uma criança até um idoso. Acredita-se que pelo menos 60% dos homens e 50% das mulheres experimentam pelo menos um evento traumático durante a vida. Os sintomas não surgem necessariamente logo depois da tragédia, podem levar meses. O intervalo mais comum entre evento traumatizante e o início dos sintomas são três meses. Muitas pessoas se recuperam dos sintomas em seis meses aproximadamente; outras podem ficar com os sintomas durante anos.
Como fazer para tratar
O TEPT é uma doença complexa, e o seu tratamento inclui abordagem psicoterapêutica e tratamento medicamentoso. A pessoa deve procurar um psiquiatra e relatar tudo o acontecimento e a relação dela com a tragédia. O paciente deve contar também a relação do trauma no meio familiar, pois algumas vezes é necessário cuidar também dos familiares. Os estudos mais recentes mostram uma grande relação do TEPT com depressão.
* Antônio Geraldo da Silva é médico psiquiatra e presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília
Enviar sugestões e informações pelo e-mail maria.vitoria@correioweb.com.br

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