domingo, 30 de abril de 2017

“Os transtornos mentais são como qualquer outra doença”, diz psiquiatra sobre combate ao estigma

“Os transtornos mentais são como qualquer outra doença”, diz psiquiatra sobre combate ao estigma

Publicado por Cinthya Leite em Blog 

Temos um grave problema: a saúde pública brasileira sofreu um desmantelo. Foi com essa frase que o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente eleito da Associação Psiquiátrica da América Latina, começou a opinar sobre a política nacional de saúde mental, em entrevista ontem à TV JC.
Para ele, o acesso a um atendimento psiquiátrico de qualidade praticamente não existe em alguns lugares do País. E lamentavelmente o preconceito contra as pessoas que convivem com transtorno mental, como depressão e esquizofrenia, ainda perdura, inclusive na rede pública de assistência à saúde.
“Precisamos acompanhar as pessoas sem quebrar a rede social da qual elas fazem parte. É preciso atendê-las no bairro onde vivem. O que é mais simples para isso? Colocar uma equipe de saúde mental (psicólogo, psiquiatra e assistente social) nos postos de saúde. Por que alimentar a psicofobia (atitudes discriminatórias contra pessoas com transtornos mentais) ao criar um serviço específico, que são os Caps (Centros de Atenção Psicossocial), para esse paciente?”, questiona Antônio Geraldo.

Fonte: http://blogs.ne10.uol.com.br/casasaudavel/2017/03/04/os-transtornos-mentais-sao-como-qualquer-outra-doenca-diz-psiquiatra-sobre-combate-ao-estigma/

quinta-feira, 27 de abril de 2017

As muitas batalhas contra a depressão

“O mais difícil é achar alguém para conversar. Eu só queria conversar. Mas é muito difícil encontrar uma pessoa que entenda o que estou passando, que não é uma questão de querer sair desse estado, de ir viver a vida. É uma questão de querer, mas não conseguir fazer isso.” O desabafo é da gaúcha Andressa Silva Montenegro, moradora de Porto Alegre. Nos últimos dezenove anos, Andressa, que tem apenas 27 anos, vive diariamente sob o peso da depressão. O que ela diz no relato acima é o que todos os pacientes falam ou desejam falar, mas quase ninguém escuta. Depressão é doença, e não falta de vontade, caráter ou fraqueza. E, infelizmente, trata-se de uma enfermidade que cresce no Brasil. Um relatório recente da Organização Mundial de Saúde revelou que o País é o primeiro em número de casos na América Latina e o quinto no ranking mundial. Cerca de 11,5 milhões de pessoas por aqui são depressivas.

TRAGÉDIA Em um surto depressivo, Fábio matou a esposa, Thaise, e o filho Pedro. Em seguida, se suicidou na casa onde moravam, na zona leste de São Paulo
TRAGÉDIA Em um surto depressivo, Fábio matou a esposa, Thaise, e o filho Pedro. Em seguida, se suicidou na casa onde moravam, na zona leste de São Paulo

São várias as razões que situam o País entre os primeiros colocados nas taxas de incidência. Primeiro, a única que pode ser considerada positiva: o diagnóstico hoje é mais fácil do que anos atrás. Todos os outros motivos têm raiz em boa parte no ambiente estressante que os brasileiros vivem há décadas. “O estresse é um dos gatilhos para o desencadeamento da depressão”, afirma o psiquiatra Ricardo Alberto Moreno, diretor do Programa de Transtornos Afetivos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. O problema recrudesceu nos últimos anos com o agravamento das crises política e econômica, fazendo aumentar a procura por ajuda. “Logo no início de seu relatório, a OMS pontua que o sofrimento com perdas é um dos fatores que levam à depressão”, explica o psiquiatra Antonio Geraldo da Silva, presidente eleito da Associação dos Psiquiatras da América Latina e diretor da Associação Brasileira de Psiquiatria. “Tivemos muitas perdas, decepções com líderes nos quais muito acreditavam, queda na renda financeira. Tudo isso contribuiu para o aumento no total de casos no Brasil.”
“Tivemos muitas perdas, como a queda na renda financeira. Isso contribuiu para o aumento no total de casos no Brasil” Antonio Geraldo da Silva, psiquiatra, presidente eleito da Associação dos Psiquiatras da América Latina
Como a maioria das doenças, depressão tem tratamento. O grande problema, evidenciado nas palavras de Andressa, é o entendimento equivocado de que ela não passa de um estado de ânimo derivado de uma personalidade fraca ou preguiçosa. Esse erro seminal faz com que a luta do paciente seja ainda mais dura do que ela já é. Em vez de uma batalha, ele enfrenta várias. A primeira começa dentro dele mesmo, que também não entende ou não aceita sentir uma tristeza que não tem fim, uma apatia e uma falta de prazer na vida que em muitas casos tiram dele até a vontade de viver. “Tinha muita dificuldade de aceitar. E não achava coragem de falar no assunto com ninguém”, conta a arquiteta Isabela Soares, 42 anos, de São Paulo, ao lembrar-se de quando começou a perceber os primeiros sintomas, há pouco mais de um ano.
GENÉTICA E AMBIENTE

RISCO O estresse pode ser um gatilho para o surgimento da doença, segundo o psiquiatra Moreno

A resistência fica maior ainda quando a doença se instala em vidas assentadas como a de Isabela, com filho, marido, amigos. O questionamento sobre o por quê de tanta tristeza ganha um tamanho enorme. É preciso ficar claro que os sintomas são derivados de um desequilíbrio concreto entre substâncias cerebrais que mediam o humor e as emoções. Ele ocorre por uma combinação entre predisposição genética e ambiente. Os antidepressivos corrigem as diferenças fisiológicas e a psicoterapia atua nas questões psicológicas envolvidas.
O cenário em todo o mundo, no entanto, é o da desinformação. Não é à toa que grupos como o de Apoio às Pessoas com Depressão, de Niterói, ainda acolhem tanta gente em busca de explicações para o que sentem. “Muitas pessoas chegam sem ter ideia do que está acontecendo”, diz o psicanalista Lenilson Ferreira, fundador da iniciativa.
Depois de lidar com a própria angústia, o paciente tem que se ver com o preconceito de quem está do lado. Pode ser o marido, a esposa, o amigo. Desde que resolveu falar abertamente que tinha depressão, Isabela vem recebendo os relatos de gente que enfrenta o mesmo problema, mas sem a solidariedade dos mais próximos. “Ouço muita gente dizer que não tem o apoio dos familiares, por exemplo.”
A ARQUITETURA CEREBRAL DA DEPRESSÃO
Uma pesquisa divulgada na semana passada mostrou pela primeira vez que a depressão modifica a arquitetura cerebral, mas os antidepressivos revertem as alterações. A região atingida é o córtex cerebral, a matéria cinza na superfície do cérebro na qual está contida a maior parte das células nervosas do corpo e onde ocorre o maior número de conexões entre os neurônios.
O trabalho foi feito no Hospital da Criança de Los Angeles, nos EUA. Análises de imagens cerebrais obtidas de 80 voluntários (41 depressivos) mostraram que a doença aumenta a espessura da área. E quanto mais espessa, maior a severidade dos sintomas. Os remédios retardam esse processo, o que revela que atuam em outros mecanismos além dos conhecidos (sobre substâncias cerebrais associadas ao humor).
Os novos elementos no conhecimento sobre a enfermidade servirão de base para tratamentos diferentes dos atuais. “A capacidade de o cérebro se readaptar a partir dos remédios será mais um alvo a ser trabalhado”, disse à ISTOÉ Bradley Peterson, um dos autores do estudo. “Podemos pensar em outros medicamentos, estimulação eletrofisiológica ou intervenções comportamentais e psicológicas capazes de agir sobre isso.”
A gaúcha Andressa viveu tudo isso e ainda enfrentou outro obstáculo muito comum na vida dos pacientes: a mistura de pouca informação e preconceito por parte de profissionais de saúde que, por dever de ofício, deveriam, primeiro, saber identificar uma doença. Segundo, respeitar a pessoa que estão atendendo. Na primeira crise mais grave, sem ânimo para coisas básicas como tomar banho ou levantar-se da cama, ela ouviu da médica que a atendeu que deveria fazer exercício físico, tomar umas vitaminas e se esforçar. A médica simplesmente não tinha ideia do que estava falando. Em depressão, não se trata de “se esforçar”. O doente não faz porque não consegue.
Sem diagnóstico, Andressa não obteve atestado médico. Sem o documento, não justificou as faltas no trabalho. Terminou despedida por justa causa. À primeira experiência sucederam-se outras, igualmente traumáticas e humilhantes. Envolveram psiquiatras, gastroenterologistas (ela teve muita dor de estômago), peritos escalados para analisar seu caso em seus pedidos de licença remunerada. O que mais ouviu foi que tinha que ter força de vontade e ir trabalhar. Andressa só conseguiu o pagamento depois de entrar na Justiça.

“É muito difícil encontrar alguém que entenda o que estou passando. Não é uma questão de ir viver a vida. É uma questão de querer, mas não conseguir ” Andressa Montenegro, de Porto Alegre, 27 anos, diagnosticada aos oito anos
“É muito difícil encontrar alguém que entenda o que estou passando. Não é uma questão de ir viver a vida. É uma questão de querer, mas não conseguir ” Andressa Montenegro,de Porto Alegre, 27 anos, diagnosticada aos oito anos

Uma rede de atendimento pouco acolhedora deixa sem tratamento uma imensidão de pacientes. Segundo dados da OMS, em muitos países menos de 10% das pessoas recebem medicação e orientação psicoterápica. A maioria restante sofre em silêncio, tem suas vidas suspensas e luta praticamente sozinha para não ceder aos pensamentos suicidas que vêm e vão. “No Brasil acontece um suicídio a cada 45 minutos”, informa o psiquiatra Antonio Geraldo da Silva. “Cerca de 38% deles têm por trás a depressão.”
O cenário mostra que há muito o que fazer para acabar com esse enredo, deixando no passado tragédias como a que vitimou a família do pequeno Pedro Luiz Ramos Nunes recentemente. O garoto morava com os pais, Fábio, 36 anos, e Thaise, 33 anos, em São Paulo. Aos cinco anos, ele foi morto pelo pai, em surto depressivo. Sem tratamento, Fábio matou o filho e a mulher e depois se matou.
A MENTE SOFRE
Segundo a OMS
• 322 milhões de pessoas no mundo têm depressão, a maioria mulheres
• No Brasil, são 11,5 milhões de indivíduos, o que equivale a 5,8% da população
• Entre 2005 e 2015, houve um aumento de 18% no total de casos no planeta
• A doença hoje é a principal causa de incapacidade
• Pode levar ao suicídio
• Menos de 10% dos pacientes recebem tratamento
Alguns sinais
• Cansaço que não passa
• Apatia
• Falta de prazer em atividades antes prazerosas
• distúrbios de sono (dormir muito ou pouco)
• dificuldade de concentração
• ideias suicidas
Há três graus:
1. Leve
A pessoa apresenta alguma dificuldade para atividades cotidianas, mas sem prejuízo na vida profissional e social
2. Moderado
Há maior impedimento para a execução de ações rotineiras, como trabalho ou convívio social
3. Grave
O paciente não consegue mais desempenhar suas ações sociais, profissionais ou domésticas
Fonte: http://istoe.com.br/muitas-batalhas-contra-depressao/ e http://www.paraiba.com.br/2017/03/12/59815-as-muitas-batalhas-contra-a-depressao

terça-feira, 25 de abril de 2017

Burnout - A síndrome do esgotamento profissional

A Síndrome de Burnout, também conhecida como a síndrome do esgotamento profissional, um distúrbio psíquico, foi descoberta no Brasil, em 1974, pelo médico psicanalista, Herbert Freudenberger, que descreveu o fenômeno como um sentimento de fracasso e exaustão causado pelo acúmulo de estresse no trabalho. O próprio termo “burnout” demonstra que esse desgaste danifica aspectos físicos e psicológicos da pessoa. Traduzindo do inglês, “burn” quer dizer queima e “out” significa exterior.
 
A doença é muito comum em profissionais que trabalham diariamente sob pressão e com responsabilidade constante, como os médicos, enfermeiros, policiais, jornalistas, dentre outros. 
 
Um relatório feito pelo Medscape Physician Lifestyle Report 2015, contou com 20 mil entrevistas e concluiu que 46% dos médicos dos Estados Unidos têm a Síndrome.  Os médicos mais jovens são os que apresentam maiores níveis de exaustão emocional e perda de realização profissional. Carga horária muito elevada é uma das justificativas. 
 
Um estudo do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade Federal de Sergipe (SE) indicou altos níveis de estresse emocional em profissionais da Saúde que atuam  em Unidades de Terapias Intensivas (UTI) .

Cerca de 46% dos médicos dos Estados Unidos têm a Síndrome Burnout
 
Sintomas
 
Há vários sintomas, que, em fase inicial, até se confundem com a depressão. Por isso, é importante e necessário um diagnóstico detalhado. A principal característica é o esgotamento físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, como ausências no trabalho, falta de sono, pensamentos ruminantes que não permitem conciliar o sono, acordar com a sensação de cansaço de como se o sono não tivesse sido reparador, como se não tivesse dormido. 
 
Diagnóstico
 
Dr Antônio Geraldo da Silva é diretor da Associação Brasileira de Psiquiatria e secretário da Federação Nacional dos Médicos (FENAM), e alerta que o ideal, em casos de Burnout, é que a pessoa seja afastada do trabalho e passe por um tratamento multidisciplinar, com psiquiatra e psicólogo. “Medicamentos que atuam com a serotonina costumam ter boa eficácia nesse tipo de tratamento”, reforça. 
 
De acordo com a psicóloga, Mayara Paiva Palazzo, ‘‘A síndrome de Burnout tem sido cada vez mais notada com o tempo. Os sintomas estão cada vez mais aparentes. Além de uma constante terapia e medicamentos (caso tenha sintomas depressivos), a atividade física diária tem possibilitado uma melhor qualidade de vida a essas pessoas. Em alguns casos em que a pessoa, de forma alguma, muda seu estilo de vida profissional, ela cria uma rotina pesada, que acaba refletindo no seu corpo, com dores corporais intensas e pesares diários, como estresse, insônia, ansiedade e muitos outros. A ajuda psicológica é indispensável,” alertou. 
 
Hábitos 
 
Além do acompanhamento médico com terapia e medicamentos, é necessária ainda uma mudança no estilo de vida. A atividade física regular e os exercícios de relaxamento devem fazer parte da rotina, pois ajudam a controlar os sintomas. 
 
Lei
 
Portaria nº 1.339 de 18 de novembro de 1999, do Ministério da Saúde, que instituiu a lista de doenças relacionadas ao Trabalho, incluiu a Síndrome de Burnout, nos transtornos mentais e do comportamento relacionados com o trabalho, com isso o trabalhador tem seus benefícios previdenciários. 
 

Fonte: FENAM, Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade Federal de Sergipe, revista superinteressante, Drauzio Varela, Canção nova : http://fenam.org.br/noticia/6707

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Estresse


sábado, 15 de abril de 2017

I COngresso Brasileiro de Impulsividade e Patologia Dual


quinta-feira, 6 de abril de 2017

Transtorno de Estresse Agudo - TEA


domingo, 2 de abril de 2017

Dia Mundial de Conscientização do Autismo


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