terça-feira, 24 de setembro de 2013

Droga usada por concurseiros traz riscos à saúde

Droga usada por concurseiros traz riscos à saúde, diz presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria
Foto: Reprodução
Uma droga tem ganhado espaço entre os chamados concurseiros (aqueles que realizam regularmente concursos públicos). Estimulada no mercado financeiro americano, não demorou a chegar ao Brasil uma droga estimulante (cloridrato de metilfenidato), mais conhecida como ritalina. O fármaco é usado para diminuir o cansaço, como também para melhorar a desempenho e aumentar a produtividade. Recomendado para pessoas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), o medicamento apresenta risco de sobrecarga de rim, de coração, e o corpo pode entrar em estresse, além da possibilidade de surgimento de transtornos psicóticos e de ansiedade, alerta o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva. O remédio, apesar de ser de tarja preta (vendido com receita amarela), chega fácil a quem não necessita dele. “As pessoas compram pela internet, no mercado negro das farmácias, em classificados. Mas esse não é um medicamento que pode ser usado por qualquer um", aconselha o médico. Segundo a consultoria IM Health do Brasil, de julho de 2012 a julho de 2013 foram vendidos no Brasil 2,75 bilhões de caixas com metilfenidato, o equivalente a R$ 54,2 bilhões. Entre os efeitos colaterais da ritalina estão insônia, euforia, taquicardia, ressecamento de mucosa, hipertensão, angina de peito e dependência química. De acordo com a psiquiatra Analice Gigliotti, diretora do Espaço Clif, o principal problema das chamadas “smart drugs” é desenvolver dependência, mesmo risco que existe com álcool e maconha, por exemplo. Informações de O Globo.


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Doenças mentais são as que mais afetam a qualidade de vida

SAÚDE

Doenças mentais são as que mais afetam a qualidade de vida

Estudo mundial conclui que pacientes com males psiquiátricos convivem com mais restrições nas atividades diárias

  • 15/09/2013, 00:04
  • DIEGO ANTONELLI
A qualidade de vida da população mundial é profundamente prejudicada pelas doenças mentais. Estudo publicado no final de agosto pela revista científica The Lancet revela que quase 23% dos anos vividos com algum tipo de incapacidade se devem a transtornos como ansiedade e depressão, e ao uso de drogas. Esses distúrbios superam doenças como aids, tuberculose, diabetes ou lesões provocados por acidentes.
Baseado em estatísticas de 187 países levantadas pelo relatório “Carga Global de Doenças”, divulgado em janeiro deste ano, o estudo chama a atenção para a necessidade de políticas públicas para se lidar com os problemas que atingem a mente – o mais comum deles é a depressão (veja infográfico ao lado).
Os autores apontam que há uma lacuna entre o número de pessoas que sofrem com esses transtornos e a reduzida oferta de serviços de saúde. A pesquisa ainda relata que historicamente os transtornos psiquiátricos não têm sido uma prioridade de saúde global.
No Brasil, a situação não é diferente. Segundo o Mi­­nistério da Saúde, a estrutura atual tem capacidade de realizar 40 milhões de procedimentos por ano. Porém, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) estima que 46 milhões de pessoas sofram de algum distúrbio mental no país. Como o tratamento exige mais de uma consulta por ano, é possível afirmar que existem milhões de pessoas que não conseguem atendimento na rede pública de saúde.
O presidente da ABP, An­­tônio Geraldo da Silva, diz que o país convive com a ausência de um tratamento adequado aos portadores de transtornos mentais. “Faltam políticas públicas corretas. Onde eu levo uma pessoa que tentou suicídio? Não sei, pois não temos estrutura”, ressalta. Segundo ele, os Centros de Atenção Psicossociais (Caps) não são suficientes para tratar os pacientes. “Neles, os pacientes nem sempre têm condições de dar continuidade ao tratamento. As unidades básicas também não dão conta disso, já que não têm psiquiatras. Precisamos de ambulatórios específicos para atender pacientes com distúrbio mental. Não temos estrutura para internamento”, afirma Silva.
Rede de apoio
Hoje, o Brasil possui 33.454 leitos de internação psiquiátrica via SUS. Em 2005, segundo o banco de dados do Ministério da Saúde (Datasus), eram 46,5 mil. Foi naquele momento que teve início a política de evitar internações.
O presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria (SPP), André Rotta, acredita que a melhor forma de organizar o atendimento em saúde mental é formar uma rede de apoio sem que uma estrutura, como hoje é o Caps, se sobressaia. “Faltam trabalhos bem estruturados que possam determinar a incidência das doenças psiquiátricas na população. Sem estes dados fica muito difícil organizar uma política de atendimento adequada para esses pacientes”, revela.
Terapia no Caps é contraponto às internações
Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são considerados pelo poder público como a melhor alternativa para atender pessoas com transtornos mentais. Ao lado das unidades básicas de saúde, os Caps deveriam funcionar como centros de acompanhamento para as pessoas que sofrem de doenças, como depressão e distimia, e transtornos provocados por uso de drogas e álcool.
Esse formato de tratamento foi incorporado no Brasil com a Lei da Reforma Psiquiátrica, sancionada em 2001. Segundo a legislação, a internação deixou de ser a única via de atendimento ao paciente psiquiátrico para ser uma alternativa em casos de surto. “Existem doentes mentais graves que precisam de internação. Por isso não poderiam fechar leitos psiquiátricos. Será que resolveria o problema da ortopedia se os leitos ortopédicos fossem fechados?”, questiona o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva.
O Ministério da Saúde informa que atualmente o acesso para o tratamento é igual para todos. Basta que o paciente compareça a uma unidade de saúde mais próxima para dar início ao tratamento. Atualmente, o Brasil conta com 2.004 Caps.
“Caso seja necessário, os Caps 24 horas possuem estrutura para curtas internações. Isso porque estudos comprovam que 90% dos pacientes em crise saem desse estado em aproximadamente cinco dias”, informa a assessoria de imprensa do Ministério. O órgão informa que o intervalo das consultas varia de acordo com a resposta ao tratamento de cada paciente.
Apoio
A rede de saúde mental, conforme o Ministério, pode ser constituída por vários dispositivos assistenciais. Essa rede conta com ações de saúde mental na atenção básica, os Caps, serviços residenciais terapêuticos, leitos em hospitais gerais e ambulatórios e deve funcionar de forma articulada.

INVESTIMENTO
Paraná amplia rede para suprir lacuna no atendimento
A psiquiatra Maristela da Costa Sousa, da Divisão de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do Paraná, afirma que o estado já reconhece que há uma lacuna no atendimento à saúde mental. “Por isso, há uma ampliação no número de Caps e a capacitação constante dos profissionais que atendem essa área, especialmente nas unidades básicas”, salienta. No primeiro semestre de 2012, o estado possuía 94 Caps e hoje já são 105. “Implantamos uma rede de atendimento na saúde mental, incluindo a atenção básica, que é o local de atendimento mais próximo da comunidade. Nela, as pessoas fazem o acompanhamento da doença”, afirma. Maristela explica que, em caso de um portador de distúrbio ter algum surto psicótico, a recomendação é acionar as unidades de emergência, como o Samu, que, por sua vez, necessita encaminhar o paciente para ser avaliado e, caso seja necessário, internado em hospital apropriado.
2.374 leitos de internação psiquiátrica são disponibilizados hoje pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Paraná. O número, segundo o banco de dados do Ministério da Saúde, é 33% menor que a quantidade existente em 2005. De acordo com a OMS, para uma assistência psiquiátrica adequada é necessário um leito psiquiátrico para cada mil habitantes. No Paraná, o índice é 0,22 leito por mil moradores.
2.004 Centros de Atenção Psicossocial (Caps)estão em funcionamento em todo o país hoje. Esse número vem aumentando gradativamente. No primeiro semestre de 2012, o Paraná possuía 94 Caps. Hoje são 105. Segundo o Ministério da Saúde, os centros são a principal alternativa de tratamento aos doentes de transtornos mentais. A internação é indicada apenas em casos de surto.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Psicofobia chega à televisão

Tv Canal 20 - Conversa Fiada - Dr. Antônio Geraldo Silva - Bloco 002

Programa Sem Censura - TDAH

Tv Canal 20 - Conversa Fiada - Dr. Antônio Geraldo Silva - Bloco 003

Tv Canal 20 - Conversa Fiada - Dr. Antônio Geraldo Silva - Bloco 001

terça-feira, 3 de setembro de 2013

'Tráfico é uma questão de política e dependentes, de saúde pública'

 

'Tráfico é uma questão de política e dependentes, de saúde pública'

Helvécio Magalhães, da Secretaria de Atenção à Saúde, e Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, debatem o problema do crack no Brasil com Alexandre Garcia.

Sem muito progresso, há um ano o governo tenta tirar do Centro de São Paulo viciados em crack e agora anunciou a internação de usuários. No Rio de Janeiro, a internação começou a sete meses, abrigando 123 crianças e adolescentes.

Segundo Helvécio Magalhães, secretário de Atenção à Saude, do Ministério da Saude, “em situações em que a pessoa não tem o controle, típico em dependência química, é possível a internação involuntária”.
O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antonio Geraldo da Silva, rebate: “Vemos a internação involuntária com desconfiança. Há um distância muito grande entre o que se discursa e o que se implementa. Precisamos fazer políticas públicas diretamente para a resolução do problema”.

Uma comissão especial da Câmara Federal sobre política de drogas aprovou em dezembro um parecer que altera a Lei Nacional Anti-Drogas O projeto de lei, que pode ser votado em fevereiro, estabelece as responsabilidades dos governos federal, estadual e municipal e aumenta a pena para traficantes, prevendo a internação por até seis meses. O Ministerio da Saude está criando 10 mil vagas para comunidades terapêuticas a fim de acolher dependentes de drogas.
“Tráfico é uma questão de política de segurança e dependentes são questão de saúde pública”, explica Magalhães.
Confira no vídeo o debate comandado por Alexandre Garcia.

Fonte: http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2013/01/trafico-e-uma-questao-de-politica-e-dependentes-de-saude-publica.html

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A psicofobia e o peso das palavras

A psicofobia e o peso das palavras

O preconceito contra quem sofre de transtornos mentais pode virar crime

CRISTIANE SEGATTO
Pouco antes de morrer, em março do ano passado, o humorista Chico Anysio decidiu entrar na luta contra o preconceito que cerca as doenças mentais. Ele sofria de depressão e, num sábado à tarde, recebeu em casa o médico Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), para gravar um depoimento.

Durante a conversa, Chico fez um comentário e uma sugestão:
– Antigamente existiam carros usados. Agora chamam de “seminovos”. As coisas hoje têm esses nomes. Crie um nome para o preconceito.

O conselho do comunicador não foi esquecido. Muitas reuniões depois, a ABP lançou o termo “psicofobia”. Atualmente ele é adotado para designar atitudes preconceituosas e discriminatórias contra as deficiências e os transtornos mentais. O uso da palavra se disseminou. Uma busca rápida no Google aponta 16 mil textos em que ela é citada.

A psicofobia pode virar crime. O senador Paulo Davim (PV-RN) propôs uma emenda para incluir esse tipo de preconceito no projeto de lei de reforma do Código Penal Brasileiro. Vários senadores, entre eles Aécio Neves (PSDB-MG), apoiam a proposta.

Cerca de 23 milhões de pessoas (12% da população) necessitam de algum atendimento em saúde mental no Brasil, segundo uma estimativa conservadora da Organização Mundial da Saúde. Quem sofre de depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtorno obsessivo-compulsivo, entre outras doenças, sabe que o preconceito se manifesta de formas variadas e perversas.

Com medo de ofender os pacientes, médicos deixam de encaminhá-los ao psiquiatra. Os pacientes que recebem encaminhamento desistem de procurar o especialista por medo do diagnóstico e da discriminação que ele e a família passarão a sofrer.

O estigma destrói a autoestima dos doentes. Eles deixam de procurar emprego ou de lutar por assistência adequada. Estima-se que no Brasil 58% dos casos de esquizofrenia não recebem tratamento.

Muita gente acredita que os doentes mentais são violentos. As notícias sobre crimes ajudam a perpetuar essa crença. “93% das pessoas com doença mental não são violentas, mas isso nunca é notícia”, diz o professor Wagner Gattaz, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Pouco depois do chamado Massacre do Realengo, quando um ex-aluno entrou numa escola no Rio de Janeiro, matou 12 adolescentes, feriu outros 12 e se matou, os pacientes de Gattaz passaram a relatar ainda mais dificuldades.

“Eles diziam que a família estava com medo, que os amigos passaram a evitá-los e que deixaram de conseguir emprego porque as pessoas achavam que eles poderiam passar fogo em todo mundo a qualquer momento”, diz Gattaz.

Não nos damos conta, mas uma das formas mais eficientes de perpetuar o preconceito contra os doentes mentais é aplicar termos da psiquiatria fora do contexto. Quem nunca fez isso?
A imprensa é mestre na arte do uso metafórico da palavra esquizofrenia. Os portadores dessa doença apresentam períodos em que têm dificuldade para distinguir o real do imaginado. Podem ocorrer mudanças na forma de pensar e sentir, com prejuízo das relações afetivas e do desempenho profissional e social.

Esquizofrenia é isso, mas na linguagem corrente passou a designar todas as mazelas da política, da economia e as esquisitices da cultura pop. Faltou palavra? Tascamos um esquizofrênico e todo mundo entende o que queremos dizer.

Uma amostra dessa prática foi reunida num interessante estudo sobre o estigma da esquizofrenia na mídia, assinado por Francisco Bevilacqua Guarniero, Ruth Helena Bellinghini e Wagner Gattaz.
O uso metafórico da palavra “esquizofrenia” e, principalmente, “esquizofrênico (a)”, nos sentidos de “absurdo”, “incoerente” e “contraditório” é recorrente.

Nas colunas de política, são esquizofrênicos: o governo, o Judiciário, as relações Brasil-Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a Comunidade Europeia.
Nas colunas de economia, esquizofrênicas são a política cambial e a política econômica.
Nas editorias de artes e espetáculos, quase tudo é classificado como esquizofrênico(a):
• O Festival de Cinema de Gramado
• O show da cantora Cyndi Lauper (que passa de “clássicos a platitudes pop”)
• O ritmo do musical Evita
Batman
• O ator (que se despe de si mesmo para vestir um personagem, segundo a atriz Bruna Lombardi)
• A infelicidade de hoje (segundo o cineasta e colunista Arnaldo Jabor)
• Rose, a vizinha do personagem Charlie Harper na série Two and a Half Man
• A cantora Madonna (que na adolescência não se decidia entre ser freira e popstar, segundo ela mesma)
• O jornal The New York Times (por cobrar pelo acesso online, mas distribuir conteúdo gratuitamente nas redes sociais)
Seria divertido se não fosse trágico. A assistência à saúde mental no Brasil vive uma crise profunda. ÉPOCA contou isso aqui. Há uma luta ideológica entre os psiquiatras e parte dos psicólogos. As famílias estão desesperadas. Falta acesso a medicamentos, ambulatórios e leitos psiquiátricos para internar os pacientes nos momentos de crise. Apenas 2% dos gastos do SUS são destinados à saúde mental.

Mudar isso tudo depende de mobilização, dinheiro e disposição para a luta política. Combater o estigma não custa nada e depende da vontade individual. Um bom começo é pensar nas palavras que escolhemos e repetimos. Elas têm peso e consequência.

(Fonte: Cristiane Segatto escreve às sextas-feiras - http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/cristiane-segatto/noticia/2013/08/psicofobia-e-o-peso-das-palavras.html)

 

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