segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

ção pública de internação involuntária ou compulsória de dependentes químicos

Ponto de vista

FONTE: Correio Braziliense - 21/01/2013

Você é a favor de uma ação pública de internação involuntária ou compulsória de dependentes químicos?

Sim
É louvável a ação do Estado de proteger a saúde dos dependentes químicos que moram na rua. Algumas pessoas acreditam que tem de haver desejo por parte de um usuário de drogas para que ele se trate. Essa ideia não é completamente errada, mas só se aplica aos usuários recreativos, que têm discernimento e visão crítica sobre a própria situação. Os dependentes de crack que são moradores de rua geralmente não têm esse entendimento, pois já estão escravos da droga. Então, considero uma excelente conduta do governo prestar assistência a essa população, com protocolos definidos e uma rede de atendimento adequada e baseada em achados científicos. O que não se pode fazer é experimentação ou eugenia social. Desrespeito aos direitos humanos, na minha opinião, é ver essas pessoas morrendo e não fazer nada em nome do direito à liberdade, quando um bem maior, que é a vida, está em risco.

Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria


Não
Uma política pública de internação involuntária e compulsória de dependentes químicos tem uma clara matiz higienista. É uma ação que tende a fazer com que o paciente seja apenas ocultado. Apenas tira da visão da sociedade aquilo com o que ela não quer lidar porque acha feio, reprovável. A lógica de tratamento que defendo passa pela criação de vínculos entre equipes de saúde vinculadas à atenção primária, dentro do serviço chamado de consultório de rua, e o paciente, trazendo-o dessa forma para o sistema de saúde. Não é abordagem truculenta, colocando a pessoa dentro de uma viatura e encaminhado-a para a internação contra a própria vontade. Mas sim uma abordagem baseada no vínculo criado com os profissionais de saúde ao longo de dias, se for preciso. As internações involuntárias e compulsórias sempre existiram e continuarão a existir, porque são necessárias em determinados casos, mas não como uma política pública.

Augusto César de Farias Costa, diretor de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do DF

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